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Crítica | Aventuras do 8º Doutor – 2X08: The Vengeance of Morbius

por Luiz Santiago
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Equipe: 8º Doutor, Lucie Miller
Espaço-tempo: Gallifrey, Karn, 3520 / 3530

Apesar da primeira parte dessa aventura ser muito boa, esta continuação, que marca o fim da 2ª temporada da série de novas aventuras do 8º Doutor, não acompanha o mesmo nível. Temos em cena uma personagem de peso (Morbius), a resolução do primeiro conflito junto à Irmandade de Karn, alguns desenlaces consideráveis entre os Trells, Lucie e os Time Lords, mas alguns aspectos dessas ligações são dramaticamente baratos, atrapalhando, inclusive o andamento de outras partes da história.

Uma coisa de que gostei bastante no arco foi a complicada relação entre o Doutor e a Irmandade de Karn. É evidente que Nicholas Briggs brincou com o roteiro de The Brain of Morbius no que diz respeito a essa relação, mas não apressou as coisas e deixou rolar as dificuldades, tanto que o arco termina sem uma posição das irmãs frente os apuros e pedidos mentais do Doutor, uma covarde recusa de ajuda considerando o que o Time Lord fez por elas no passado.

No entanto, o miolo da história (ironicamente, toda a parte envolvendo Morbius) é uma conjunção de coisas sem muito sentido ou de concepção bem fraca. Primeiro, vamos reunir as informações que temos, considerando os eventos de Sisters of the Flame e dessa presente história para construirmos um quadro mais apurado:

  • 1) Zarodnix, o Rei do Camarote da galáxia ostenta dinheiro comprando planetas e escravizando os coitados dos Trells. Obcecado por Morbius, ele compra Karn “para fins comerciais” e faz a Irmandade de Karn sair do planeta. Estando livre da vigilância delas (ou assim ele pensava), empreendeu uma jornada para conseguir reaver o cérebro de Morbius (exato, o cérebro do corpo que caiu naquele abismo em The Brain of Morbius – vai vendo!)
  • 2) Com medinho da ressurreição de Morbius (suspeita sem noção, mas que Briggs consegue colocar no roteiro de todo jeito) os Time Lords usam o Time Scoop para atrair todas as TARDISes para Gallifrey a fim de que nenhum nativo do planeta ficasse dando sopa pelo Universo e servisse de casca para Zarodnix colocar o que ele conseguiu salvar do cérebro de Morbius (só eu acho isso uma medida desesperada para algo que é uma – ensandecida – suspeita?).
  • 3) A Irmandade consegue infiltrar uma de suas representantes (isso sim é uma boa ideia!) na corporação de Zarodnix em Karn para descobrir o que está acontecendo. Elas passam a suspeitar cada vez mais que Zarodnix é o líder do Culto de Morbius e ao perceberem a proximidade do Doutor (via uma confusa relação com o Olho da Harmonia da nave), elas o capturam e o colocam na câmara de desintegração, como comentamos na crítica do outro áudio.
  • 4) O Doutor e Lucie escapam da câmara utilizando um Time Ring e tentam ajeitar as coisas com as irmãs. Paralelamente, vemos Morbius ressuscitar através do DNA do Time Lord Straxus. Mais adiante ele encontra o Doutor, os dois trocam farpas e daí Nicholas Briggs pira de vez, porque manda o Doutor e Lucie 10 anos pro futuro, onde Morbius agora é Imperador Galáctico!!! Qual é a necessidade disso??? Como assim??? WTF!!!

Perceba que a linha de raciocínio de Briggs foi fazer de Morbius uma ameaça de qualquer jeito, porque, convenhamos, ele não era. Até o medo dos Time Lords para a ação do renegado era um exagero, não fazia muito sentido. A Irmandade de Karn, por questões espirituais (o Elixir da Vida, a Chama Sagrada/Fogo Sagrado) é quem deveria temer o infeliz, assim como deveria temer sair de Karn. Nesse ponto, vemos um desenvolvimento coerente e cheio de boas ideias do autor, mas de resto, nada funciona completamente bem. Sorte que o elenco vale a pena os 50 minutos da aventura, especialmente Sheridan Smith (Lucie) e o 8º Doutor de McGann, ambos em fantásticas representações. E só para citar algo técnico, vale dizer que o uso da trilha sonora, especialmente na parte fina da história, é realmente incrível.

Eu até gostei do final dessa história, mas confesso que é um prazer culpado, porque a queda do Doutor e Morbius da plataforma e sua aparência dramática à la Holmes-Moriarty foi algo bastante conveniente e usado como isca para um final potente (de fato foi), porém fácil. Resta-nos agora saber se a continuação da história vai continuar nesse mar de nonsense ou se vai seguir o exemplo da ótima primeira parte. De qualquer forma, depois do cliffhanger aqui apresentado, não tem como não correr para o próximo capítulo e ver logo o que aconteceu com o Doutor.

The Vengeance of Morbius (Reino Unido, ago, 2008)
Roteiro: Nicholas Briggs
Direção: Nicholas Briggs
Elenco: Paul McGann, Sheridan Smith, Samuel West, Kenneth Colley, Alexander Siddig, Nickolas Grace, Barry McCarthy, Nicola Weeks, Katarina Olsson
Duração: 50 min. (1 episódio)
Distribuidora: Big Finish Productions

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