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Crítica | Batman: Terror Sagrado

por Erik Blaz
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Este é um mundo onde o maior crime é ser diferente… Onde a respeitabilidade esconde terríveis segredos… Onde a vingança é a única escolha que um homem pode fazer.

Assim como Batman: A Guerra da Secessão ou Batman: Pulp Fiction, este conto de Alan Brennert também se passa numa época e situação muito diferente da qual estamos acostumados a ver o Homem-Morcego.

Brennert já havia trabalhado tanto com Batman quanto com o Demolidor, da Marvel Comics, e nesta história, de uma realidade alternativa na linha elseworld (aliás, a primeira a ostentar o logo do Túnel do Tempo), vemos aquele mesmo Bruce Wayne numa Gotham Towne (isso mesmo, até o nome da cidade “muda”), vivenciando a dor da perda de seus pais, porém, num mundo onde a igreja católica domina quase toda a América e boa parte da Europa.

A trama se sustenta na descoberta de que, o casal de médicos Wayne não foram vítimas de um simples latrocínio, mas sim de algo arquitetado por traz da corrupção clerical na qual todo o país esta tomado. No decorrer do conto, há várias referências e comparações. Personagens como Charles McNider (Doutor Meia-Noite), Barry Allen (Flash) e o alienígena mais famoso do mundo, Superman tem presença garantida.

Ainda que seja um pouco controverso ver um Batman ser ordenado, tornando-se reverendo, a história segue por um bom caminho e é interessante como Brennert joga os personagens e a situação na qual estão. Um mundo quase que inteiramente caído no preconceito da igreja, tomado pelo medo que ela impõe mostrando na revista, assuntos como tentativas de alteração na orientação sexual, como exemplo.

Devo ressaltar que além da óbvia presença da igreja, que esta fundida ao estado, há também certa comparação de Cristo com Superman, algo que somente no final é possível notar e bem, devo dizer que é um bom final, já que de certa forma, encaminha este Batman para o caminho no qual ele deve ir, dando um propósito maior do que somente vingar a morte de seus pais.

Porém, um certo “equívoco”, permeia o enredo todo, se não for isso, é algo que incomoda muito. É quase que impossível ou pelo menos muito difícil, assemelhar a igreja à prosperidade tecnológica ou à evolução do próprio homem. Observamos que, mesmo sendo a igreja, um órgão que supostamente deixa de lado a ciência, ao mesmo tempo, utiliza dela para seus fins maquiavélicos. Digo, há televisão e há inquisidores (como no caso de Jim Gordon antes de tornar-se comissário). Em nossa história é possível ver como a presença da igreja (católica) atrasou em muito o processo de evolução tecnológica e científica, contudo, no conto, é mostrado o contrário. E é isso que torna um pouco mais difícil de engolir a situação.

Sem mais, é um conto neutro, mostrando um ponto de vista bem utópico (como se nenhuma história de super-herói não fosse). Penso que se tivesse sido melhor pensada, seu argumento provavelmente traria melhor aceitação.

A arte fica por conta de Norm Breyfogle, que já trabalhou em diversas histórias do morcegão. Não tem muitas surpresas na arte, mas ela consegue transpassar bem as emoções dos personagens, o foco neles, em determinadas cenas são excelentes e quando Norm desenha Batman, parece que a coisa melhora muito mais.

Batman: Terror Sagrado
(Batman: Holy Terror, EUA, 1991 )
Roteiro: Alan Brennert
Arte: Norm Breyfogle
Editora: DC Comics
Editora no Brasil: Abril Jovem
Páginas: 46

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