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Crítica | Hal Jordan e a Tropa dos Lanternas Verdes: A Lei de Sinestro (Renascimento)

por Guilherme Coral
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estrelas 4,5

  • Leiam aqui as nossas críticas de Renascimento.

Certamente não é tarefa fácil escrever uma história protagonizada por Hal Jordan nos dias atuais. Dentro da mitologia do Lanterna Verde ele já é considerado o maior da Tropa, tendo lutado contra e vencido entidades cósmicas mais de uma vez. O roteirista Robert Venditti, contudo, não se deixa abater pelo desafio e nos entrega uma das melhores histórias do herói desde há um bom tempo, se apoiando em icônicas revistas como Lanterna Verde: Rebirth e Guerra dos Anéis, ambas de Geoff Johns, que redefiniu o herói completamente. O que ganhamos aqui em A Lei de Sinestro, primeiro arco de Hal Jordan e a Tropa dos Lanternas Verdes é uma verdadeira odisséia cósmica.

A Tropa dos Lanternas Verdes acabou – seus membros estão mortos ou desaparecidos e Hal Jordan acredita ser o último da tropa. Enquanto isso, Sinestro e os Lanternas Amarelos dominam todos os setores conhecidos do universo através do Medo, tendo transformado o planeta OA no Warworld. Pouco espera o arqui-inimigo de Jordan que seu nêmesis retornaria e que, ao mesmo tempo, o remanescente da Tropa dos Lanternas Verdes, com John e Guy dentre eles, retornaria do espaço profundo, buscando reestabelecer sua missão de patrulhar o universo. Mais uma vez a guerra entre o verde e o amarelo está prestes a eclodir.

Venditti sabe que, na atual condição, Hal está poderoso demais e que uma história comum, com um vilão qualquer não conseguiria trazer a sensação de urgência necessária para que nós, leitores, sejamos envolvidos pela trama. Não é a toa que ele começa essa revista de maneira grandiosa, já nos joga no meio de uma guerra, colocando um dos maiores vilões dessa mitologia como o principal antagonista. Não somente isso, o texto sabiamente deixa Jordan sozinho a maior parte do tempo, para que seja forçado a lutar, sem ajuda, contra hordas dos Lanternas Amarelos, equilibrando, portanto, o campo de batalha, já que o protagonista está, verdadeiramente, com um poder descomunal.

Esse fator possibilita que vejamos utilizações realmente grandiosas do anel, que fora forjado pelo próprio Hal e a arte de Rafa Sandoval, aliada das cores de Tomeu Morey nos entregam algo de se fazer os olhos brilharem, com páginas preenchidas por cores vivas, explorando o máximo da alma do Lanterna Verde. Não há como seguir a leitura sem parar, ao menos uma vez, para analisar as belas composições de cada quadro, especialmente grandes painéis que, apesar de trazerem inúmeras informações visuais, não nos deixam confusos. Trata-se de uma história fluida, mas que optamos por parar somente para contemplar cada página.

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O traço de Sandoval ainda respeita as eras anteriores do herói, não abandonando suas marcantes características. Muitas vezes sentimos como se estivéssemos diante daquele mesmo Hal Jordan de Rebirth ou até mesmo antes disso, com seu rosto representando o típico padrão de beleza dos anos 1950/60. O artista, portanto, sabe renovar o personagem, mas sem trazer mudanças desnecessárias, se apoiando na simplicidade – o próprio uniforme é uma marca disso, com poucas diferenças, dispensando as linhas na roupa dos Novos 52. Ouso dizer, porém, que o mais divertido dessa obra são as construções realizadas pelos anéis, que, como sempre, refletem a história e personalidade de cada personagem, mas que também dialogam com o que está acontecendo na trama. Robert Venditti não segura a acidez e usa Sinestro para nos trazer uma certa dose de metalinguagem através do diálogo: “você pode conjurar qualquer coisa com o anel e constrói um caminhão?”.

Outro ponto a favor dessa história é como ela não se preocupa em ser didática para nos apresentar a mitologia dos Lanternas. Venditti sabe que será possível aproveitar sua trama sem que tudo seja explicado nos mais minuciosos detalhes e em momento algum há o risco de ficarmos perdidos dentro do texto, mesmo aqueles que não liam histórias do Lanterna há muito tempo. Muitas das explicações nos são oferecidas através dos balões de descrição, não comprometendo o andamento da história. O roteiro também sabe inserir o juramento dos Verdes de forma orgânica dentro da narrativa e o faz evocando um teor bastante épico ao arco.

Toda essa grandiosidade almejada pelo roteirista, contudo, acaba tropeçando na edição final, que resolve tudo de forma rápida demais. Os eventos seguem uma linha narrativa bastante coesa e não poderíamos imaginar um destino diferente, mas tudo soa apressado demais, não fazendo jus a toda a construção realizada até aqui. A própria Tropa soa como mera coadjuvante dentro do conflito. Mas nem tudo são trevas, já que Venditti encontra uma boa maneira de, possivelmente (descobriremos nos próximos arcos), “reiniciar” os poderes de Hal, abrindo espaço para o futuro da revista seguir sem muitos deus ex machina.

A Lei de Sinestro representa um ótimo começo para Hal Jordan e a Tropa dos Lanternas Verdes, oferecendo inúmeras possibilidades para a continuidade da história. Estamos falando de um arco que inicia a revista já com proporções épicas, explorando o máximo da mitologia do herói de forma orgânica, respeitando tudo o que veio antes, mas olhando para o futuro. Com um belo cliffhanger somos deixados ansiosos pelo que vem à frente, torcendo para que a qualidade desse primeiro volume se mantenha nos posteriores.

Hal Jordan e a Tropa dos Lanternas Verdes – Vol. 1: A Lei de Sinestro (Sinestro’s Law) — EUA, 2016
Roteiro: Robert Venditti
Arte: Rafa Sandoval
Arte-final: Jordi Tarragona
Cores: Tomeu Morey
Letras: Dave Sharpe
Editora original: DC Comics
Datas originais de publicação: 2016
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: ainda não publicado
Páginas: 183

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