Home QuadrinhosArco Crítica | A Teia do Homem-Aranha #1 a 6 (1985)

Crítica | A Teia do Homem-Aranha #1 a 6 (1985)

por Kevin Rick
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Não sei se estas seis edições sequer podem ser consideradas um arco. Existe a temática da vida pessoal do Homem-Aranha em ação, mas sem a existência de um desenvolvimento contínuo para o personagem. A dupla de roteiristas, Louise Simonson e Danny Fingeroth, tentam criar algo novo na mitologia do aracnídeo ao focar no privado de Peter, sem uma ameaça direta, algo que já merece louvor, mas falham na montagem da obra.

Por já existir outras séries na época, bem mais famosas, que lidavam com as aventuras do cabeça-de-teia, A Teia do Homem-Aranha aparenta ser uma espécie de estepe para os lançamentos das histórias do herói. Provavelmente outro cash-in para a editora, considerando a popularidade da propriedade. Isso fica evidenciado nas caixas constantes de tie-in, praticamente obrigando o leitor a comprar outras histórias para entender o background desta. Esta já é uma prática comum das duas gigantes do mundo dos quadrinhos, DC e Marvel, mas aqui é feita descaradamente. Quase todas as edições contém informações de outras histórias, e a sexta edição é completamente fora do fluxo da hq, sendo ligada à Guerras Secretas II.

Dessa forma, infelizmente, o status inferior do quadrinho significa que muitos dos conflitos significativos que movem o herói são resolvidos em outros livros. Mas exatamente por este motivo, outra oportunidade é exposta aos roteiristas. A de contar uma história dessemelhante das mais conhecidas. Ao mesmo tempo que lhes falta liberdade para modificar o principal curso do Homem-Aranha, sobra espaço para navegar no particular do personagem. Um conto mais pessoal, que não altera o grande escopo do aracnídeo na Marvel.

Não é novidade que obras relacionadas ao teioso sejam focadas em sua vida pessoal. Os problemas privados misturados com a vida de herói são a base do que tornou o personagem popular. Todavia, na grande maioria das vezes, esses elementos funcionam em detrimento do intento geral, da ameaça principal. Mas nesse quadrinho específico, esses dramas de Peter são o enfoque da narrativa. Sua tentativa frustrada de levar um presente para a tia May, sua carreira em exposição, por causa de seu abandono da faculdade, os já famosos problemas de relacionamento com MJ, assim como sua atribulada associação com J. Jonah Jameson, são o cerne da história, e não apenas elementos complementares, com os vilões funcionando como estopim para suas dificuldades, porém, sem apresentar urgência.

Parece tudo perfeito, certo? Nem tanto. Retorno ao problema da obra que citei anteriormente, a montagem. A primeira edição, que utiliza a conhecida história do simbionte tomando posse do Aranha, funciona como um filler. A ameaça é proposta, com a temática dos dramas pessoais de Peter como foco, e ao final da edição é resolvida. Esta é minha edição favorita dentre as seis, pois engloba tudo o que o roteiro quer evocar, e não necessita de um longo arco para fazê-lo. Mas a partir da segunda edição, os roteiristas decidem criar uma história contínua. Entretanto, por não existir senso de perigo, ou qualquer costura narrativa dos vilões, o arco basicamente não existe.

Por causa disso, a montagem da obra se torna quebrada. Não se tem um desenvolvimento de uma única história ao longo das seis edições, mas elas também não funcionam como edições de arcos fechados, como a primeira. A temática pessoal de Peter ainda permeia a trama, mas fica espalhada na péssima e confusa narrativa geral. Essa estranha escolha de composição, somado ao diálogo completamente expositivo e à arte obsoleta, tornam A Teia do Homem-Aranha uma leitura árdua e cansativa. O que é uma pena, considerando o interessante aprofundamento nos dramas pessoais de Peter.

A Teia do Homem-Aranha #1 a 6 (The Web of Spider-Man #1-6) — EUA, 1985
Roteiro: Louise Simonson, Danny Fingeroth
Arte: Greg LaRocque, Mike Zeck
Arte-final: Vince Colletta, Greg LaRocque, Mike Zeck, Bob Layton, Dave Simons, Jim Mooney
Cores:
 Julianna Ferriter, Bob Sharen, George Roussos, D. R. Martin
Letras: Phil Felix, Rick Parker, Janice Chiang
Editora original: Marvel Comics
Data de publicação original: abril a setembro de 1985
Editora no Brasil: Editora Abril
Data de publicação no Brasil: março a julho de 1990
Páginas: 138

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