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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 3X14: Watchdogs

por Ritter Fan
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estrelas 3

Aviso: Há SPOILERS do episódio e da série. Leia as críticas dos outros episódios, aqui e de todo o Universo Cinematográfico Marvel, aqui.

Depois de dedicar dois episódios à saída de Bobbi e Hunter da série para que os personagens pudessem ser co-optados para Most Wanted, nova série spin-off, era de se esperar que Agents of S.H.I.E.L.D. voltasse à normalidade, por assim dizer. Mas Watchdogs não é exatamente um episódio de volta ao status quo anterior e isso é ao mesmo tempo bom e ruim.

Do lado positivo, somos apresentados à versão UCM do grupo de extrema direita Watchdogs que deu as caras originalmente nos quadrinhos em Capitão América #335, de novembro de 1985. Na série, o grupo é anti-inumanos e, como as cenas do epílogo revelam, tem a Hidra por trás, mesmo que seus objetivos finais não estejam exatamente alinhados, já que a Hidra quer mais e não menos inumanos. De toda forma, a presença de uma milícia radical intolerante a qualquer pessoa que não seja 100% humana funciona como comentário sócio-político e crítica ao preconceito, algo sempre muito presente na mitologia dos X-Men, papel que os Inumanos ocupam no Universo Cinematográfico Marvel.

E, liderando os Watchdogs, temos Felix Blake (Titus Welliver) voltando à série e ao UCM, depois de surgir no curta Artigo 47, de 2012 e de participar de FZZT e End of the Beginning, ainda na primeira temporada de Agents of S.H.I.E.L.D. Atingido por Deathlok, ele foi mencionado como em estado crítico por May em Turn, Turn, Turn e nunca mais apareceu na série até agora, quando volta na figura de vilão, mas de maneira muito bem integrada à narrativa, ao mesmo tempo nos relembrando sobre quem ele foi e o que acontecera com ele. Usando a tecnologia de Howard Stark que vimos no começo da primeira temporada de Agent Carter, o grupo é rapidamente estabelecido como uma ameaça crível dentro do contexto geral, ainda que, em um primeiro momento, pareça desconectado dos acontecimentos dessa temporada, algo que se dissipa no já citado epílogo. Além disso, a animosidade criada em relação a seres super-poderosos parece funcionar como uma espécie de prelúdio para Capitão América: Guerra Civil, especialmente quando notamos que os Vingadores são citados duas vezes no mesmo episódio, uma diretamente e outra indiretamente quando o nome de Ultron é vociferado por Blake, algo cada vez mais raro na série.

Outro ponto positivo é o lado humano que o roteiro tenta trazer à tona ao focar em Mack (ou seria Alfie agora?) e seu irmão Ruben (Gaius Charles). É raro ver isso acontecer em AoS e, particularmente, sempre acho interessante quando os personagens são desenvolvidos com histórias pregressas ou lanços familiares ou amorosos, desde que sem exagero e de forma orgânica. Em Watchdogs, Mack está em um breve licença e reconecta com seu irmão, que acha que ele trabalha em uma seguradora. Sem perder muito tempo, o roteiro derrama uma enorme quantidade de clichês em relação aos dois, com Ruben com problemas financeiros, a favor do radicalismo dos Watchdogs, com saudades do irmão e Mack tentando conciliar seu verdadeiro trabalho com o pouco tempo que tem para a família. Vê-se claramente os esforços de Drew Z. Greenberg no roteiro, ainda que nem sempre esse passado familiar funcione de verdade. No entanto, tempo empregado em Henry Simmons – e com o também ótimo Gaius Charles – não é tempo desperdiçado definitivamente.

Acontece que o episódio não chega a empolgar e parece preso à aparente necessidade de abordar muitos aspectos rapidamente demais, como se ainda não faltassem oito(!!!) episódios para a temporada acabar. Mais calma teria surtido mais efeito aqui, já que a narrativa dos irmãos precisava de mais tempo – toda a progressão “admiro os Watchdogs/você mentiu para mim/você é demais” soa forçada demais pela velocidade com que acontece -, além dos acontecimentos paralelos com Jemma e May montando uma estratégia para caçar Lash e Coulson e Lincoln tentando se acertar e investigando Blake.

Com muitos pontos focais, nenhum acaba ganhando a atenção devida, ainda que Elizabeth Henstridge e Ming-Na Wein, cada um de seu jeito particular, tenham conseguido transmitir o peso da culpa que sentem nos poucos minutos de câmera que têm. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer de Luke Mitchell (Lincoln) que, aqui, parece ter virado até piada interna, já que sua jornada é para se achar na S.H.I.E.L.D. como agente, exatamente o que ele e seu personagem não conseguem fazer de jeito nenhum em termos dramáticos. Seu personagem destoa tanto dos demais que já começa a incomodar.

A maldição dos 22 episódios foi sentida um pouco em Watchdogs. A temporada vinha se esquivando bem do problema até agora, mas ele parece ter colocado as mangas de fora agora, ainda que seja perfeitamente compreensível a necessidade de se ampliar a lista de vilões, considerando que tudo estava concentrado especificamente na Hidra, com Malick à frente e um Ward/Hive ainda sem utilidade clara. Agora que os Watchdogs já foram estabelecidos como ameaça e agora que a Hidra tem uma bomba (atômica? terrígena? alguma outra coisa?) em seu poder, além de Lash ter sido “relembrado”, ainda que in absentia, resta esperar que a história realmente ande para frente.

Watchdogs tem seus momentos, mas não empolga e mostra um pouco de cansaço. Agents of S.H.I.E.L.D. precisa de um conflito mais claro, de uma ameaça que coloque a equipe toda – e aí incluo Joey e Yo-Yo! – unida e de prontidão, com um senso de propósito mais específico. Em suma, a série precisa voltar à sua normalidade rápido antes que perca o passo e tropece.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 3X14: Watchdogs (EUA, 29 de março de 2016)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen
Direção:  Jesse Bochco
Roteiro: Drew Z. Greenberg
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Nick Blood, Adrianne Palicki, Henry Simmons, Luke Mitchell, Matthew Willig, Andrew Howard, Juan Pablo Raba, William Sadler, Scott Heindl, Dillon Casey, Powers Boothe, Mark Dacascos, Brett Dalton, Natalia Cordova-Buckley,  Gaius Charles, Titus Welliver
Duração: 42 min.

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