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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 4X05: Lockup

por Ritter Fan
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estrelas 4

Aviso: Há SPOILERS do episódio e da série. Leia as críticas dos outros episódios aqui e de todo o Universo Cinematográfico Marvel aqui.

Por alguns momentos, no início de Lockup, tive a impressão que teríamos o primeiro episódio fraco da temporada. A promessa da volta à prisão onde Eli Morrow estava (pela terceira vez!) e principalmente o debate televisivo entre o Diretor Jeffrey Mace e a Senadora anti-inumanos Ellen Nadeer me deram aquela predisposição de bocejar, sabem? Do tipo: ai, lá vem enrolação…

Mas é que talvez por um momento meu cérebro tenha se esquecido que estava assistindo Agents of S.H.I.E.L.D., uma série cujos showrunners já mais do que provaram estar acima de trivialidades que são a perdição de muitas séries por aí. Afinal, quando a ação realmente engrena no episódio, ela surpreende e prende a atenção talvez até mais do que quando a presença do Motorista Fantasma era uma novidade.

Dividindo as linhas narrativas entre uma versão (bem)encurtada de Prison Break e um debate intensamente revelador, somente para fazer tudo convergir ao final, o roteiro de Nora e Lilla Zuckerman (novatas na série) é dinâmico, redondo, compassado e com peças que perfeitamente se encaixam e avançam a história em todos os pontos. Afinal – e começo pelo final – apesar de termos a história de Lucy e seus fantasmas atrás do Darkhold e de uma senadora amarga e preconceituosa que parece estar recebendo ordens superiores, não conhecemos ainda a grande ameaça da temporada. Não existe ainda uma Hydra ou um Colméia para que apontemos o dedo e digamos que é o final boss a ser eventualmente derrotado. Tudo ainda encontra-se enevoado e incerto e Lockup, ao fazer Mace revelar-se ao mundo como Inumano somente para Simmons mostrar a ele que sabe que isso não é verdade (novidade para nós) em uma precisa leitura de rosto e personalidade que ela já mostrou ser capaz quando a identidade robótica de Aida foi descoberta por ela em alguns segundos no episódio anterior, deixa ás escâncaras que há “algo de podre no Reino da Dinamarca”.

Quem realmente é Mace? E será que ele tem sua própria agenda atrás do sorriso e rosto fotogênicos? Se ele não é Inumano, mas demonstrou superforça, será que ele poderia ser o que ele é nos quadrinhos, uma versão (a terceira) do Capitão América em talvez uma experiência para se recriar o soro do supersoldado? Ou é algo mais sinistro? As perguntas ficam no ar em uma reviravolta interessante que, juntamente com esse jogo duplo – ou não – com a Senadora Nadeer, pode tornar-se o grande mistério da temporada.

E vejam como o roteiro é preciso ao coordenar as duas histórias paralelas. A ação na prisão, que deveria ser simples, acaba ficando extremamente perigosa com os fantasmas também atrás de Morrow de forma que Lucy possa ler o Darkhold (aliás, que design horroroso da capa do livro, não?) que agora tem em mãos. Com isso, Robbie Reyes auxilia o grupo e, em outro interessante momento do episódio, que mostra que ele não tem total controle sobre a entidade que o possui, mata o último membro da gangue aparentemente responsável por seu irmão estar em uma cadeira de rodas e provavelmente por ele se transformar no que se transformou. Essa morte, que vem com o brinde da revelação de que o ataque da gangue foi uma encomenda, o que abre outra linha narrativa, serve de impulso para a chantagem de Nadeer em cima de Mace, fechando o círculo da história perfeitamente.

Mas, mais do que isso, a sequência na prisão contém talvez a melhor coreografia de luta de toda a série até agora. E isso é dizer muito, pois uma das mais impressionantes características de Agents of S.H.I.E.L.D. é o esmero em suas pancadarias, com movimentos que invejariam muito filme de grande orçamento por aí. Claro que o momento em questão é o “sacrifício” de Daisy por Coulson e May no refeitório da prisão contra dezenas de detentos que permitem uma variedade inédita de golpes e um grau de violência maior, sem perdoar a personagem autodestrutiva e sem que ela use seu poder uma vez sequer. E a direção de Kate Woods (que já havia mostrado a que veio no sensacional Closure, da temporada anterior) chega ao ápice aqui, com um trabalho que começa com uma direção de atores (ou, no caso, atriz) muito preciso, fazendo com que Chloe Bennett realmente pareça investida emocionalmente naquela entrega completa à morte para salvar seus compatriotas Inumanos. Mas Woods vai além e entrega tomadas que combinam planos gerais com americanos e até close-ups sem em nenhum momento confundir o espectador e, mais do que isso, funcionando bem para “narrar” a progressão do combate de maneira crível e, diria, humana.

No entanto, o episódio não é sem problemas. Ainda não consegui aceitar completamente o investimento de tempo na pegada depressiva de Daisy. Ainda que tenha sido isso que explique perfeitamente a pancadaria que abordei acima, creio que o roteiro poderia ter sido econômico nas sequências em que a mostram de cabeça baixa, com cara de triste, resmungando pelos cantos. Notem que entendo perfeitamente o porquê de ela estar assim. O que ela passou na mão de Ward/Colméia foi uma experiência absolutamente traumática e destruidora, algo que dificilmente alguém se recuperaria completamente. Sua vontade de acima de tudo salvar Inumanos como ela é uma consequência crível justamente pelo conjunto da obra, mas, em termos narrativos, Daisy parece deslocada e perdida na história. Alguns dirão que a luta que tanto aplaudi seria a prova de que ela funciona ainda e, mesmo que isso seja verdade, o ponto nevrálgico é que sua auto-imolação está repetitiva, cansativa mesmo. Toda a evolução que a personagem teve desde que era apenas uma hacker – ou melhor, a forma encontrada pela produção de nos fazer identificar com aquele mundo estranho – parece ter parado e ela, aos poucos, vem se perdendo e, no processo, tendo sua relevância reduzida no contexto geral. Espero fortemente que os showrunners deem um jeito nisso e a integre novamente à série, o que não necessariamente significa integrá-la completamente à equipe.

Em cinco episódios que não deixaram a peteca cair por um segundo sequer, Agents of S.H.I.E.L.D. adiciona duas novas camadas narrativas (a identidade/agenda de Mace e o passado de Robbie) e, de quebra, ainda nos presenteia com uma sequência de ação de tirar o fôlego e que definitivamente me fez engolir o bocejo imaginário que estava preparado a fazer. Nada mal para uma série que é vista por muitos como o patinho feio das séries de super-heróis, não é mesmo?

Obs: O escudo de energia de Coulson voltou! Uhuuuuuul!!! Agora o que eu quero é ver o Capitão América usando um em Vingadores 3, já que ele aposentou o de vibranium…

Obs 2: Bacanas os easter-eggs de Johnny Blaze, o Motoqueiro Fantasma mais famoso, não? Não pegaram? Então vamos lá. Lembram-se da sequência inicial em flashback? Na parede atrás de Lucy, vemos um pôster do Quentin Carnival, a feira onde o Blaze dos quadrinhos trabalhava como acrobata de moto antes de se tornar o Motoqueiro Fantasma. Blaze, em sua moto, está no pôster também. E, logo abaixo, tem um pedaço de sua moto e seu casaco de couro. Sim, estão lá. Voltem para ver!

Obs 3: Excelente maneira de inserir retroativamente Jeffrey Mace no Universo Cinematográfico Marvel, não? No debate de que ele participa, é revelado que ele foi um herói durante o ataque à ONU por Zemo em Viena em Capitão América: Guerra Civil.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 4X05: Lockup (EUA, 25 de outubro de 2016)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Kate Woods
Roteiro: Nora Zuckerman, Lilla Zuckerman
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, John Hannah, Gabriel Luna, Lorenzo James Henrie, Mallory Jansen, Lilli Birdsell, Briana Venskus, Maximilian Osinski, Ricardo Walker, Wilson Ramirez, Jen Sung, Jason O’Mara, Parminder Nagra, Lorenzo James Henrie
Duração: 44 min.

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