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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 4X18: No Regrets

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

Aviso: Há SPOILERS do episódio e da série. Leia as críticas dos outros episódios aqui e de todo o Universo Cinematográfico Marvel aqui.

No Regrets é o episódio de “virada” do arco Agents of HYDRA, aquele que, de uma maneira ou de outra, já nos dá o caminho para o encerramento da temporada. Afinal, com os acontecimentos aqui, qualquer um já pode pelo menos imaginar em linhas gerais o que acontecerá mais para o final, ainda que os detalhes estejam ainda enevoados, especialmente as consequências para os personagens no mundo real de seus atos no mundo digital algo que, suspeito, somente será desenvolvido na próxima temporada, caso a série seja renovada.

No entanto, o episódio tem um problema razoavelmente grande que abordarei logo de início para já mergulhar em seu lado negativo, livrando-me do “elefante na sala” para, então, abordar os vários aspectos positivos. Trata-se da morte de Jeffrey Mace que, nesta realidade do Framework, é líder da S.H.I.E.L.D., inumano e efetivamente o Patriota.

Qual é o problema? São dois, na verdade. O primeiro deles é a falta de desenvolvimento de Mace nos últimos episódios da série e não falo apenas no arco corrente, mas, também, em L.M.D. Pensem aqui comigo: qual foi o último episódio em que o personagem realmente ganhou destaque? E nem adianta falar em sua aparição no brilhante capítulo anterior, pois lá ele tem uma entrada triunfal, mas não muito mais do que isso. Com isso, ele quase que desapareceu da série, mantendo-se no fundo da mente dos espectadores apenas. Ao ser trazido para os holofotes em No Regrets, o roteiro de Paul Zbyszewski, já veterano na série, tem poucos minutos trabalhá-lo e o que ele consegue fazer é muito escravo de seu destino para realmente funcionar como deveria. Basta notar como a luta dele contra May bombada dura pouquíssimos segundos enquanto essa sequência simplesmente tinha obrigação de ser espetacular, tudo para abrir espaço para a destruição do prédio de quarentena que leva a seu sacrifício, espelhando a jogada de marketing do mundo real, constante motivo de vergonha e arrependimento de Mace.

E, nesse ponto, vem o segundo problema da morte de Mace: ela não parece ser inevitável. Para acreditarmos nela, temos que acreditar que ele tem o poder de manter um prédio daqueles em pé segurando, sozinho, apenas uma coluna ou laje, mas não tem o poder para sobreviver ao esmagamento subsequente. Temos que acreditar que ele realmente não poderia sair dali junto com May ou Coulson, depois do garoto ser salvo, largando o que estava segurando e simplesmente correndo. Temos que acreditar que a alternativa mencionada de se apoiar os escombros com uma armário ou algo assim era realmente infactível. Não teria sido muito mais interessante, muito mais urgente, muito mais sombrio se May tivesse debilitado gravemente o Patriota na luta – ela pode ser mais fraca, mas notoriamente tem mais técnica – de forma que ele já entrasse no prédio sem forças para nada? Se o salvamento do garoto não parece mais real, mais inevitável de verdade, com escombros ao redor dos personagens e não apenas convenientemente em um canto, de forma que o rapaz pudesse ser puxado para a segurança? A combinação de falta de desenvolvimento de Mace com uma direção equivocada, tirou completamente o impacto do sacrifício do herói, o que é uma pena já que ele merecia uma despedida mais à altura.

Mas o episódio não é só a “morte de Mace”. Felizmente, ele vai além e nos entrega alguns ótimos momentos. O mais relevante deles, claro, é a “volta” de Antoine “Trip” Triplett (B.J. Britt) que, mais do que qualquer outra coisa, nos dá a dimensão das perdas ao longo dos anos. Se Ward morreu como vilão e torcemos por isso (bem, menos eu…), a morte de Trip realmente nos pegou de surpresa e seu retorno também nos faz lembrar de Izzy, Eric Koenig, Andrew, Lincoln, Victoria Hand, Gordon, Will e tantos outros e também dos agentes que não morreram, mas foram limados da série, como Hunter e Bobbi. Sim, pode não parecer, mas Agents of S.H.I.E.L.D. é responsável por uma pequena carnificina de personagens, mostrando que a série não veio para brincar apenas. A adição de Trip ao time digital certamente é bem vinda, mas tornará o final do arco ainda mais problemático em termos sentimentais, pois, pelo menos na teoria, ele não poderá passar para a “realidade real”.

Aliás, a discussão sobre o que é realidade toma conta do episódio, particularmente no confronto entre Jemma e Mace, cujo momento ressonou bem melhor que a morte do personagem e nas sequências em que vemos Mack como um retrato da felicidade com sua filhinha Hope. Portanto, apesar do Framework ser uma realidade digital (talvez com pitadas de magia, considerando o Darkhold) dominada pela Hidra, há situações que não a tornam de todo má, do tipo que nos levaria a dizer que tudo deve ser apagado. Afinal, se assim fosse, estaríamos apagando Hope, Trip, Ward (do bem) e também Radcliffe um preço talvez bem alto para se pagar.

Com isso, ao mesmo tempo que caminhamos para uma resolução – que realmente já começa a delinear-se no horizonte -, ficamos na dúvida sobre as escolhas que serão feitas por alguns personagens, retirando o maniqueísmo do “certo ou errado” da equação e tornando tudo mais complicado e incerto. E o mesmo vale para as consequências do atos de cada versão digital dos personagens que aprendemos a amar. Como Fitz e May poderão voltar ao que eram antes, considerando os terríveis atos que cometeram esses “anos” todos no Framework? Seria inocente demais imaginar que os showrunners simplesmente apagarão suas respectivas memórias do tempo na realidade digital quando tudo acabar, pois, eles já mostraram alguma coisa, é que sabem trabalhar causa e consequência muito bem ao longo de várias temporadas.

Outro momento muito bom no episódio foi quando aprendemos que o arrependimento de Fitz consertado por Aida/Madame Hidra foi jamais ter se distanciado do pai e que isso o levou a ser alguém desprovido de sentimentos. Ainda que a presença do pai fosse inevitável como a de Hope, dois personagens convenientemente citados na quarta temporada somente para seus respectivos usos nesse arco – algo que ainda me incomoda – confesso que sua introdução foi interessante e serviu para nos dar outra rasteira, já que provavelmente todo mundo achava que o grande trauma que o teria levado para o Lado Negro foi a morte de Jemma no mundo digital.

O despertar de May muito provavelmente fez com que muitos balançassem a cabeça em reprovação pela velocidade com que acontece. De assassina cruel que faz de tudo por uma chance para espancar Mace, ela sem hesitação transforma Daisy em Tremor com a terrigênese. No entanto, tenho para mim que essa velocidade foi justificada dentro do roteiro. Claro, foi tudo apressado, mas sabemos que o maior trauma de May foi não ter conseguido salvar a menina no Bahrein e que é a reversão desse passado que mudou toda a linha temporal do mundo digital. Portanto, crianças são seu ponto fraco e a ameaça a elas na instalação Laranja Mecânica da Hidra foi mais do que o suficiente para arrancá-la do torpor e, com a mesma medida de raiva com que agia a favor da organização, agora age contra.

Agora que Daisy voltará a ser tremor e que ela sabe o ponto fraco do Framework (outra conveniência do roteiro foi colocar Radcliffe na cela ao lado dela, mas vamos fingir que não percebemos isso…), o arco está pronto para caminhar para seu fim. Afinal, como ela mesmo disse, seus poderes são suficientes para derrubar o Triskelion inteiro e, convenhamos, é isso que queremos ver. No Regrets teve seus defeitos, mas há que se reconhecer seu mérito de continuar impulsionando vigorosamente o arco final da temporada.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 4X18: No Regrets (EUA, 18 de abril de 2017)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Eric Laneuville
Roteiro: Paul Zbyszewski
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, John Hannah, Mallory Jansen, Natalia Cordova-Buckley, Jason O’Mara, Parminder Nagra, Patton Oswalt, Artemis Pebdani, John Pyper-Ferguson, Zach McGowan, Brett Dalton, Manish Dayal, B.J. Britt
Duração: 44 min.

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