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Crítica | Além da Morte

por Guilherme Coral
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Remake do longa-metragem de Joel SchumacherLinha Mortal, de 1990, Além da Morte contempla as experiências que temos instantes após a nossa morte, sob o ponto de vista de alguns jovens estudantes de medicina que visam explorar esse território desconhecido. Dirigido por Niels Arden Oplev, a obra poderia muito bem seguir por caminhos diferenciados, trazendo questionamentos não abordados pelo original – afinal, ainda se trata de um filme relativamente recente. O roteiro de Ben Ripley, contudo, prefere seguir pelo caminho mais seguro, chegando a herdar alguns dos problemas daquele no qual fora baseado.

A trama acompanha Courtney (Elliot Page), uma jovem estudante de medicina, que, desde a morte da irmã mais nova, ficara obcecada com o que há após a morte. Na intenção de gravar a atividade cerebral após uma pessoa morrer e experimentar tal sensação, ela realiza um experimento que a deixará morta, por parada cardíaca, por um minuto, apenas para ser ressuscitada após esse período. Para isso, ela consegue a ajuda de outros estudantes, Ray (Diego Luna), Marlo (Nina Dobrev), Jamie (James Norton) e Sophia (Kiersey Clemons), todos relutantes de início, mas que são convencidos após os relatos de Courtney após a primeira experiência. O que não esperavam é que, após testemunhar esse além-vida, eles passariam a ser assolados por estranhas visões.

O aspecto que mais diferencia Além da Morte de seu antecessor é o tom que a obra assume a partir do momento que as visões dos personagens começam a ser apresentadas. Enquanto que Linha Mortal seguia pelas vias do suspense, com pitadas de surrealismo, seu remake opta pela abordagem do terror, com tudo o que o gênero costuma demonstrar nos dias atuais: jump scares, longas sequências com os personagens aterrorizados e pouca profundidade dos indivíduos retratados. Assim como o original, é visível como o texto de Ben Ripley se esquiva das perguntas existenciais inerentes à vida após a morte, seguindo por caminhos focados nas experiências pessoais dos personagens centrais.

Com tamanho potencial de seu argumento, chega a ser desmotivador como o filme segue pelo terror barato, nos cansando com longas sequências repetitivas, que mostram os personagens por lugares escuros, abandonando completamente o toque mais contemplativo da primeira experiência de cada um após terem o coração parado. Esse ponto acaba cansando o espectador, falhando em construir o necessário suspense e, por fim, demonstrando o quão rasa permanece a trama, ainda que sua premissa possibilitasse inúmeras abordagens mais engajantes.

O que efetivamente sustenta o longa-metragem são os esforços tanto de Ellen Page, quanto de Diego Luna, ambos verdadeiramente se entregam aos seus papéis, demonstrando complexidade ausente no texto em si. Por outro lado, o restante do elenco meramente cumpre sua função, demonstrando serem, em sua maioria, dispensáveis para a progressão da narrativa, funcionando apenas como possibilitadores de tal experimento e provedores de mais cenas sobre as visões de cada um, aspecto que, no fim, acaba dilatando a duração da obra por mais tempo que deveria.

No fim, esse remake de Linha Mortal falha quase que completamente em nos envolver, configurando-se como um thriller bastante raso e ausente de suspense que efetivamente crie a tensão necessária para nossa imersão. Com ótima premissa, mas péssimo desenvolvimento, Além da Morte não oferece nada de novo ao espectador, assemelhando-se às diversas produções do gênero, que buscam causar sustos, mas que, no máximo, conseguem algumas risadas da audiência.

Além da Morte (Flatliners) — EUA, 2017
Direção:
 Niels Arden Oplev
Roteiro: Ben Ripley (baseado no roteiro de Peter Filardi)
Elenco: Elliot Page, Diego Luna, Nina Dobrev, James Norton, Kiersey Clemons, Kiefer Sutherland, Madison Brydges, Jacob Soley
Duração: 110 min.

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