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Crítica | Alien: Covenant – Os Prólogos do Filme

por Guilherme Coral
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Quando Ridley Scott criou Prometheus, ele iniciou aquilo que seria sua maior jornada cinematográfica até então. A ideia era fazer uma espécie de prelúdio de Alien: O Oitavo Passageiro, ao menos a obra fora vendida dessa forma. Ao terminar de assistir o longa, contudo, fomos deixados com ainda mais dúvidas, aspecto que, junto dos inúmeros problemas no roteiro do filme, fizeram com que nos decepcionássemos com esse prequel da obra-prima de Scott (dividindo o espaço com Blade Runner, claro).

Neste anos, à beira do lançamento de Alien: Covenant, que se passa entre o primeiro AlienPrometheus, a Fox liberou dois curtas que servem como prólogo do filme. O intuito das críticas, aqui, não é só analisar as obras, como demonstrar qual a sua relevância tanto para o lançamento quanto para seu antecessor. Ambos não são parte do filme em si e atuam como tie-ins e chegam a tirar algumas dúvidas que serão criadas por Alien: Covenant.

A Última Ceia

estrelas 3,5

O primeiro prólogo, A Última Ceia, tem toda a cara de uma cena deletada. Nos vemos diante dos momentos finais antes da tripulação, encarregada de uma missão de colonização, entrar em criossono. A atmosfera criada aqui nos remete imediatamente a Alien: O Oitavo Passageiro, não só pela nave, cujo interior nos lembra a Nostromo, como pela interação entre os tripulantes.

O que vimos em Prometheus fora uma equipe que não se conhecia, escolhidos por Weyland a fim de entrar em contato com os criadores. Era formada por cientistas de lugares diferentes que, à exceção da protagonista e seu marido, nunca haviam trabalhado antes. Não existia a cumplicidade, a amizade que vemos tanto aqui, nesse curta, quanto no longa-metragem que nos introduziu a esse universo há tantos anos atrás. A intenção da obra, portanto, não é nos apresentar a cada um deles e sim mostrar o quão unidos eles são.

Isso, porém, gera o imediato questionamento: não deveríamos ver isso no filme? Se, de fato, essa for uma cena deletada é possível que vejamos algo muito similar em Alien: Covenant, mas, se esse não for o caso, podemos dizer que terá sido um erro tirar essa sequência do filme, afinal, separadamente, ela não nos diz muita coisa. Não é uma história com início, meio e fim e de informação em si somente nos revela o objetivo desse grupo que está prestes a entrar no criossono.

Em relação às conexões entre Prometheus e Alien existem alguns outros detalhes que precisamos apontar. O primeiro é que se trata, também, de uma missão que fará história, por serem os primeiros colonizadores a irem tão longe. Vale lembrar que o terraformamento já existia em Prometheus, estando presente em alguns diálogos, o que dá a entender que a raça humana já terraformara alguns planetas anteriormente. A grande questão levantada é: qual o planeta eles irão? Será o mesmo do filme anterior? Afinal, não é tão fácil encontrar corpos celestes que sirvam para a vida humana. Nesse sentido, esse prólogo instiga o espectador e nos deixa ansiosos para o longa em si, cumprindo, portanto, o seu papel.

Outra conexão, dessa vez com Alien, ocorre no momento que uma das tripulantes engasga, referenciando, claro, a primeira vez que um dos xenomorfos saiu da barriga de uma pessoa, no filme de 1979. A tensão é imediata para aqueles que já assistiram as outras obras da franquia e o roteiro de Scott brinca com isso, criando em nós a expectativa de vermos algo mais do que a comida entrando pelo buraco errado. Mais que isso, porém, é importante ver a diferença entre esse androide e David, de Prometheus. Walter nos remete a Bishop, é diferente mas não tão frio e calculista quanto o outro do mesmo modelo. Mas isso é antes de seus anos de solidão, os quais claramente impactaram David.

A Última Ceia pode ser visto, sim, como uma cena deletada, que muito nos diz sobre o vindouro filme e que possivelmente deveria estar presente nele. Criando questões sobre a missão dessa nave e sua tripulação, além da dúvida sobre a natureza de Walter, o curta cumpre sua função de nos deixar instigados em relação a Alien: Covenant, por mais que, separadamente, não tenha qualquer valor cinematográfico.

Prólogo: A Última Ceia (Prologue: The Last Supper) — EUA, 2017
Direção:
 Luke Scott
Roteiro: Ridley Scott
Elenco: Demián Bichir, Billy Crudup, Nathaniel Dean, Carmen Ejogo, Alexander England, Michael Fassbender, James Franco,  Callie Hernandez,  Danny McBride, Katherine Waterston
Duração: 4:45 min.

O Cruzamento

estrelas 3

Se tínhamos dúvidas se A Última Ceia deveria estar presente em Alien: Covenant, isso não existe com O Cruzamento, pois temos a certeza de que esse trecho deveria fazer parte de Prometheus. Com apenas dois minutos e quarenta e cinco segundos de duração, esse curta funciona perfeitamente como epílogo do filme de 2012, mostrando-nos o desfecho da viagem de Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e de David (Michael Fassbender). Trata-se do encerramento de um arco e a conclusão daquilo que foi deixado em aberto na obra e nos preocupa o fato disso não estar presente em Covenant, que deveria ser a continuação.

Não há como assistir O Cruzamento sem ter visto Prometheus, afinal, sua função é justamente resolver a bagunça deixada pelo longa-metragem. Vemos Shaw consertando David, que passa a gostar dela como jamais realmente gostara de alguém. Ela é colocada em criossono enquanto ele espera o fim da viagem para acordá-la. Ao chegarem no planeta dos Engenheiros, porém, ele é mostrado prestes a soltar a arma biológica que está na nave sobre a cidade dessa raça. Seria apenas vingança? Ele está fazendo isso por si mesmo ou por Elizabeth? Sabemos que David passou a se considerar superior aos humanos, ele é uma inteligência artificial que se rebelara basicamente, seguindo sua própria agenda e não daqueles que o criaram. Ao seu ver, destruir os seus criadores e aqueles acima deles é se colocar no topo dessa pirâmide.

Contemplem minha obra, ó poderosos e se desesperem, trecho do soneto Ozymandias, de Percy Bysshe Shelley, falado por David ao final do curta, revela toda a sua arrogância, enquanto ele próprio acaba com aquele poder acima dele próprio, dialogando com a frase dita pelo personagem em Prometheus: não é da vontade de todo filho, matar o seu pai?

Temos aqui, portanto, o final dessa jornada, o desfecho de um filme que, claro, deveria estar presente nele e não elaborado como um curta-metragem à parte. Isso serve apenas para mostrar como Prometheus é uma obra incompleta, repleta de furos os quais, possivelmente, jamais serão preenchidos. O Cruzamento conta com uma força evidente em sua narrativa, mas não é mais que um epílogo, podendo até servir para lembrar aqueles que já se esqueceram de Prometheus.

Prólogo: O Cruzamento (Prologue: The Crossing) — EUA, 2017
Direção:
Ridley Scott
Roteiro: Ridley Scott
Elenco: Noomi Rapace, Michael Fassbender
Duração: 2:45 min.

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