Home TVEpisódio Crítica | American Horror Story 6X02: Chapter 2

Crítica | American Horror Story 6X02: Chapter 2

por Guilherme Coral
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estrelas 5,0

Obs.: contém possíveis spoilers do episódio.
Obs. 2: clique aqui para ler as críticas das demais temporadas.

My Roanoke Nightmare está realmente provando ser uma temporada bastante interessante de American Horror Story. Mantendo o estilo de falso documentário, Chapter 2 consegue progredir com a trama consideravelmente e, surpreendentemente, Ryan Murphy e Brad Falchuk estão demonstrando um controle maior, oferecendo respostas ao mesmo tempo que adentram nos mistérios apresentados no capítulo anterior – estamos falando, afinal, de um ano com apenas dez episódios e um ritmo mais acelerado se vê necessário para que a história seja concluída de maneira satisfatória e, felizmente, pelo que vimos até então, os showrunners parecem estar no caminho certo.

Começamos a narrativa exatamente de onde fomos deixados na semana anterior. Shelby (Sarah Paulson) se depara com uma espécie de ritual na floresta, na qual a personagem de Kathy Bates está punindo um dito desertor de seu bando, que está reunido ao redor dela – já brevemente apresentando Lady Gaga e Wes Bentley, que já aparecera de relance no capítulo anterior. O roteiro de Tim Minear, já experiente dentro da série, contudo, não para por aí e faz um interessante vínculo entre o que está na casa, seu passado e o que está fora dela, além de unir a subtrama pessoal de Lee (Angela Bassett) aos eventos principais da temporada.

O que mais nos chama a atenção é como Chapter 2 parece não parar a qualquer momento. Praticamente todas as cenas dramáticas estão vinculadas com o terror, não deixando que nossos olhos desviem a qualquer momento da tela. Os depoimentos fora da reconstrução do passado amplificam nossa tensão, oferecendo um olhar sobre a mente dos personagens, enquanto funcionam como um constante aviso de perigo. De fato me peguei pensando em alguns pontos que parte da força dos eventos transcorridos aqui podem perder um pouco da força em virtude dessa aparição dos personagens no presente, afinal, sabemos que eles estão vivos – mas estão mesmo? Ou será apenas um truque dos showrunners para quebrarem nossas expectativas? Além disso, excelentes terrores, como Invocação do Mal, não apresentam a morte de qualquer personagem – My Roanoke Nightmare, portanto, está longe de perder sua força em virtude de seu estilo de falso documentário.

Minha maior preocupação é a inserção da subtrama envolvendo as duas irmãs enfermeiras. Não seria novidade ver Murphy e Falchuk se perdendo dentro das inúmeras histórias paralelas que inserem ao longo da temporada. Felizmente, aqui, esse fato está diretamente conectado ao que ocorre com a família – um mistério foi apresentado e praticamente resolvido de imediato. Sabemos que há uma forma de espírito dentro da casa, mas a história regressa deles já nos foi mostrada, abrindo a possibilidade de um desenvolvimento melhor ritmado, ao invés dos clássicos mistérios que vão surgindo sem qualquer resposta.

E por falar nisso, a presença, ainda que em vídeo, do Dr. Elias Cunningham (interpretado pelo talentoso Denis O’Hare) é essencial para definir a união entre Shelby e Matt (Cuba Gooding Jr.). Sabiamente o roteiro resolve toda a questão das alucinações que um acreditava que o outro estivesse tendo, descartando a possibilidade de uma enfadonha narrativa que seria constantemente segurada em virtude desse fator. Murphy e Falchuk ainda brincam com o gênero do documentário, colocando um dentro do outro, como uma experiência metalinguística e inserem aspectos do found-footage, o que perfeitamente se encaixa com o cenário de casa antiga e floresta, como se a série acenasse para A Bruxa de Blair com um sorriso.

O curioso é como os relances de respostas oferecidos não tiram toda a atmosfera de terror e suspense da temporada. Por mais que tenhamos uma ideia, por exemplo, de como surgiu o homem com a cabeça de porco, suas aparições não deixam de ser perturbadoras. Um bom caso de quando a simplicidade funciona plenamente dentro do gênero, evidente que sustentado por uma direção, de Michael Goi, que sabe perfeitamente ocultar o necessário, deixando os planos quase sempre focados no rosto dos personagens, sem mostrar o que está a cada esquina. Não posso deixar de exaltar, portanto, o trabalho de atuação de todo o elenco principal – seja dentro da reconstrução do passado, ou fora dela – Paulson, porém, já mais que provara seu talento nas temporadas anteriores. Enquanto isso, Kathy Bates mostra que, mesmo aparecendo brevemente, consegue roubar toda nossa atenção.

Chapter 2, portanto, se aprofunda no mistério envolvendo a família Miller e sua casa, que só de olhar já não transmite boas vibrações (quem em sã consciência compraria um lugar daqueles?). Com respostas e enigmas colocados na dose certa, essa temporada de American Horror Story continua não nos decepcionando, muito pelo contrário, oferece-nos uma interessante história que nos faz ansiar pela próxima semana e, na espera, não há como não desenvolver inúmeras teorias sobre o que acontece ali e o que My Roanoke Nightmare realmente significa.

American Horror Story 6X02: Chapter 2 — EUA, 21 de setembro de 2016
Showrunners:
Brad Falchuk e Ryan Murphy
Direção:
Michael Goi
Roteiro: Tim Minear
Elenco: Kathy Bates,  Angela Bassett, Wes Bentley, Sarah Paulson, Cuba Gooding Jr., Lily Rabe, Adina Porter, André Holland, Lady Gaga
Duração: 41 min.

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