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Crítica | Atividade Paranormal 4

por Rafael W. Oliveira
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O destino de toda e qualquer franquia que, em tentativas desesperadas de se manter viva, recicle a si mesma a cada novo filme é, inevitavelmente, o desgaste e a perda do impacto que tais obras poderiam alcançar. O gênero terror, em especial, sempre sofreu desse mal devido ao apelo que o mesmo possui sobre o público que, consequentemente, sempre se mostra cada vez mais voraz por produções que tragam banhos de sangue, atores juvenis seminus e um vilão que consiga, se não assustar, ao menos causar algumas risadas ao perseguir os adolescentes descerebrados. Foi assim com séries como Sexta-feira 13, A Hora do Pesadelo, Halloween e, usando um exemplo recente, Jogos Mortais.

A franquia Atividade Paranormal não se assemelha a nenhum destes filmes, uma vez que o objetivo da franquia sempre foi trazer o medo ao público ao trabalhar com aquilo que é apenas sugerido e jamais mostrado. Ainda assim, esta se tornou uma das franquias mais rentáveis do cinema, especialmente devido ao baixíssimo custo de cada produção e que, graças a boa recepção do público, arrecadava mais que o triplo de seu orçamento a cada nova estreia.

Mas como as franquias citadas no primeiro parágrafo, Atividade Paranormal parece estar chegando ao seu desgaste, e após três bons exemplares (excluindo aqui a produção ambientada em Tóquio), fica claro que a fonte de ideias está claramente se esvaindo. Obviamente, isto jamais é um empecilho para os realizadores, que em busca de manter seus cofres cheios, buscam e criam as ideias mais absurdas para que novos filmes nasçam e, consequentemente, continuem levando o público aos cinemas sedentos por uma boa experiência de terror.

O fato é que após todo o trabalho subjetivo visto nos filmes anteriores, Atividade Paranormal 4 acaba, sem ironia, não tendo nada o que mostrar. O ponto de partida até consegue ser chamativo, uma vez que opta por dar seguimento aos acontecimentos de Atividade Paranormal 2 e nos revelar o que aconteceu com Katie após o rapto e sumiço do bebê Hunter. A história se situa cinco anos após este acontecido, quando a jovem Alex (Kathryn Newton) e sua família se deparam com a mesma entidade demoníaca, e mais uma vez somos obrigados a acompanhar acontecimentos estranhos como vultos, objetos caindo, portas se movendo e etc., mas desta vez sem o impacto que tivemos no longa original, por exemplo.

Aliás, Atividade Paranormal 4 é um filme que, claramente, não se leva a sério. Não apenas a estrutura básica da franquia é repetida aqui, como o roteirista Christopher Landon (que curiosamente escrever o roteiro do terceiro filme) demonstra uma total falta de interesse em fechar as arestas da obra, cujo desfecho (num claro desejo de deixar algum plot para sequências futuras) apenas deixa o público completamente perdido sobre aquilo que acabou de ser visto. E mesmo quando há a tentativa de trazer um elemento novo para a franquia (como a saída descoberta por Alex para se salvar da identidade), esta se mostra involuntariamente cômica e extremamente vergonhosa.

A dupla de diretores Henry Joost e Ariel Schulman, após o belo trabalho visual no terceiro filme, demonstram um notável cansaço no comando da franquia. Não há a tensão característica do primeiro filme, e mesmo as investidas cômicas do roteiro soam inorgânicas. A opção em inserir uma adolescente como protagonista é correta, uma vez que cria um vínculo mais forte com o público alvo, porém mesmo nisto o filme acaba falhando, uma vez que o estabelecimento do cotidiano de tal personagem é pifiamente apresentado, e a sensação de tédio, que funcionava à favor dos filmes anteriores, agora é apenas a velha sensação de tédio.

Atividade Paranormal 4 acaba deixando sérias preocupações sobre o futuro de uma franquia que, até pouco tempo, parecia estar se sustentando bem. Fica apenas o desejo de que o público comece a notar o desgaste dos filmes e que esta franquia se encerre de vez antes que encontre o completo fundo do poço.

Atividade Paranormal 4 (Paranormal Actitivy 4, EUA, 2012)
Roteiro: Christopher Landon
Direção: Henry Joost, Ariel Schulman
Elenco: Katie Featherston, Kathryn Newton, Matt Shively, Brady Allen, Alisha Boe, Tommy Miranda
Duração: 75 min.

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