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Crítica | Batman – A Série Animada (Completa)

por Filipe Monteiro
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O estrondoso sucesso alcançado no início dos anos 90 com as duas produções de Tim Burton, Batman e Batman – O Retorno, não só garantiu dois filmes catastróficos em sequência, como viabilizou uma valiosa inserção do Homem-Morcego à televisão. Após poucos meses de estreia do segundo longa do Morcegão nos cinemas, o primeiro episódio de Batman – A Série Animada ia ao ar, pela primeira vez, no canal FOX da TV americana.

A série produzida por Bruce Timm, trazia uma proposta diferente dos moldes vigentes entre os cartoons da época. Se, até o início dos anos 90, mantinha-se a compreensão geral de que desenho animado era um produto a ser destinado para o público infantil, Batman – A Série Animada representa um grande passo na desconstrução dessa ideia. Não que crianças deixassem de ser alvo do produto. Afinal, eu, assim como muitas crianças na época, não deixava de assistir um episódio sequer quando a série era exibida no SBT. O diferencial em Batman – A Série Animada é que a competência e seriedade com a qual a série foi desenvolvida fizeram com que seu público-alvo aumentasse, atendendo assim às expectativas do público adulto de igual para igual.

Esse direcionamento a um público mais amplo e a sua confirmação enquanto produção televisiva que transborda as regularidades de uma boa série de animação infantil, estabelecendo-se, sobre tudo, como uma boa série televisiva está refletida em diversos aspectos. Batman – A Série Animada aproveita as referências de aclamados quadrinhos e dos longas de Burton para compor a ambientação de seu roteiro. Assim, vemos uma Gotham sombria, com traços góticos e o típico clima noir, que vigora até hoje na série televisiva de 2014.

Pelo fato de representarem a principal referência em filmes sobre super-heróis na década de 1990, as referências aos filmes de Burton são marcas bastante fortes. O estilo do diretor deixa marcas em diversos pontos que são percebidos a cada episódio. As referências mais marcantes podem ser observadas no batmóvel da Série Animada, adaptado dos filmes anteriores e na magistral trilha sonora de Danny Elfman.

A série foi dividida em 3 temporadas ao longo dos seus três anos de exibição. As duas primeiras temporadas veicularam 28 episódios, cada. A terceira ganha uma episódio a mais para que a série seja concluída e apresenta, assim, 29 episódios. Ao contrário da concorrente igualmente aclamada X-Men, a série não nos apresenta uma história contínua, mas sim uma sucessão de casos protagonizados pelo Morcego, que, quanto maiores, são divididos em duas partes. Essa organização em casos da semana garante certa homogeneidade entre os episódios de cada temporada, além de funcionar como um instrumento determinante para que a série não se perca em sua própria narrativa e facilitador para que os roteiristas se sintam mais livres ao elaborar os episódios. A série, dessa forma, não tem uma linearidade a ser respeitada, o que torna possível assistir a um episódio de Batman e Robin e no episódio seguinte não haver menção alguma à parceria.

Devido a essa dinâmica, a série apresenta uma estabilidade entre seus episódios, permeando todas as temporadas com a qualidade apresentada desde o início. Dentre as três temporadas, a maior dissonância está presente na última. A terceira temporada da série apresenta o Batman em menos aventuras solo e mais acompanhado de figuras como Robin, Zatana e Batgirl. A ideia de assistir ao Batman atuando em equipe funcionou como um eficaz prelúdio à continuação que viria logo a seguir: As Novas Aventuras do Batman.

As três temporadas como um todo apresentam episódios que primam por um conteúdo de fôlego aliado a uma excelente qualidade técnica Os roteiros reservam os embates com os vilões clássicos, sem, no entanto, deixar de resgatar vilões de menor importância, além de nos apresentar a novos personagens. Quando analisamos a arte gráfica, é possível notar que Timm bebe em referências ainda mais importantes. Os traços bem demarcados que vemos nos desenhos da série, são claramente inspirados na arte de Frank Miller e Klaus Janson em Batman – O Cavaleiro das Trevas. Assim,  A Série Animada é visualmente superior do que muitas produções animadas mais recentes.

O inegável trunfo, no entanto, está presente na dublagem que, até hoje, serve como ponto referencial a produções contemporâneas. Todas as vozes são bastante justas a cada personagem, mas duas, em especial, conseguiram notoriedade suficiente para que fossem lembradas e ovacionadas até hoje. Além de ser eternamente lembrado como Luke Skywalker em Star Wars, Mark Hamill confere sua voz ao vilão Coringa, enquanto a voz de Batman fica a cargo de Kevin Conroy. A parceria deu tão certo e tamanha foi a identidade sonora que as duas vozes acompanharam os personagens durante anos. Hamill e Conroy foram responsáveis inclusive pela dublagem do Coringa e do Morcego na série Arkham de jogos de videogame.

É indiscutível que Batman – A Série Animada foi e continua sendo uma principal referência a séries de animação baseadas em histórias em quadrinho. Tamanha é a qualidade da Série Animada, que o produto foi uma das poucas séries animadas a faturar importantes prêmios na sua época. A série levou 4 dos 13 Emmys a que foi indicada, incluindo um prêmio no Primetime Emmy Awards. O legado deixado por Batman – A Série Animada reflete-se nas animações produzidas pelo Universo Animado DC. 1992 representou o início de uma bem sucedida linha de produções animadas, pódio que a DC conserva até hoje sem concorrência à altura.

Batman – A Série Animada (Batman – The Animated Series, EUA, 1992 – 1995)
Showrunner: Bruce Timm
Elenco: Kevin Conroy, Mark Hamill, Efrem Zimbalist Jr., Bob Hastings, Loren Lester, Mari Devon, Robert Constanzo, Adriene Barbeau
Duração: 23 min/ep.

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