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Crítica | Batman – O Livro dos Mortos

por Erik Blaz
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Se não as trevas, Nekhrun, o que eclipsará este mudo?
-Set

Para os leitores que acompanham de longa data as histórias de Batman, provavelmente já devem ter lido Batman: Xamã ou Batman: A Máscara de Balam. Em ambas, o toque do sobrenatural ou de lendas e mitologia são colocadas em ligação com o cavaleiro de Gotham. Em Batman: O Livro dos Mortos, não é muito diferente, com um toque de mitologia e a inclusão de muitas teorias,  Doug Moench (criador de personagens como Cavaleiro da Lua, Deathlok e Bane) conclui uma obra que atrai em muito, pessoas interessadas nos assuntos que deixam várias mentes intrigadas: o mistério da origem do Egito.

Sua obra é composta por dois tomos (pois é, uma mini-série em duas edições com o “tomo” para dar aquele ar de livro, mesmo não sendo exatamente isso). Então, comecemos a mostrar o que achamos desta história que segue uma versão alternativa do Morcegão (pois é meus caros, mais um Elseworld/Túnel do Tempo)!

Tomo I – A Trilha das Trevas

Com uma introdução direta e clara, observamos como Doug Moench analisou e estudou as teorias de livros como The Orion Mystery (Robert Bauval e Adrian Gilbert, 1994), Eram os Deuses Astronautas? (Erich von Däniken, 1968) e revistas como Atlantis Rising Magazine de 1996. Vemos então que a construção das pirâmides no Egito tem relação com o continente de Atlantis, e outras regiões mais afastadas com culturas semelhantes, como os incas. Os construtores são realmente alienígenas, mas cada um representando um “deus”, como na mitologia egípcia, sendo assim, suas armaduras tinha a aparência que posteriormente seria fixada nos hieróglifos (como divindades zoomórficas). A diferença é a introdução de um novo deus no panteão, chamado Nekhrun, o deus morcego. E com isso, toda uma trama que mostra como ele desapareceu e como contribui para os planos de Osíris há 14.000 atrás.

Já nos “dias atuais” (mais por volta de 2000 d.C.), Batman carrega um cartucho ou medalhão, herdado de seus pais, que, nesta versão, tinham como hobby a arqueologia. Tal medalhão era de ninguém menos do que do deus morcego, o que posteriormente o inspiraria em seu símbolo. Mas a trama não se baseia somente na longínqua época, mas envolve também a família Wayne que fora assassinada por “saber de mais”.

Conforme o roteiro de Moench se desenrola, percebemos que além de vários governos persistirem em deixar o mistério das pirâmides de lado, no passado, os deuses astronautas preparavam a humanidade para o próximo cataclismo que ocorreria em 2012 (isso aí mesmo leitor, aquela teoria do calendário Maia), sendo este a Precessão dos Equinócios, que realmente ocorre a cada 28.000 anos.

Com muito papo e pouco Batman, Moench se preocupa em mostrar tudo sobre o passado e como ele se interliga com os Waynes até o fatal destino de Osíris, que acredito eu, poderia ter bem mais ação.

Tomo II – A Passagem rumo à Luz do Paraíso

Câmaras Secretas, conspirações governamentais e mais antigos deuses. Nekhrun, um deus sombrio que servia Set, finalmente enxerga o quanto seu mestre esta cego por sua inveja por Osíris e se volta contra ele. Mesmo este personagem parecendo com um design muito bem feito por Barry Kitson, sua história permanece um mistério, o que desagrada, pois também é pouco trabalhado. Porém, como na edição anterior, todo o conto é intercalado com os momentos finais dos deuses na Terra e de Batman no Egito (com a ajuda da historiadora Sheila Ramsey, seu caso amoroso).

Seguindo um final cada vez mais intenso e tendo a ação sendo elevada um pouco mais, a trama de Moech se encerra de ótima maneira, deixando apenas alguns pontos negativos como sua imensa preocupação em mostrar mais das teorias em cima do Egito Antigo e pouco trabalho em cima dos personagens principais. É visto pouco do Batman e menos ainda de Nekhrun, assim como certa falta de ação ao longo do enredo. Provavelmente, com um pouco mais de páginas teríamos algo melhor trabalhado.

Já a arte de Kitson não deixa a desejar e as capas ornam perfeitamente com o tema, isso tudo com a colorização de Dave Stewart, que traz mais vivacidade aos desenhos. Se o leitor é fascinado pelos antigos mistérios que assombram as areias do Egito e é fã de Batman, vai gostar da mini-série, caso contrário, achará no mínimo, divertida.

Batman: O Livro dos Mortos (Batman: The Book of the Dead, EUA, 1999)
Roteiro: Doug Moench
Desenhos: Barry Kitson
Arte-Final: Ray McCarthy
Cores:
Dave Stewart
Editora: DC Comics
Editora no Brasil: Abril Jovem
Páginas: 104

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