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Crítica | Branca de Neve e o Caçador

por Lucas Nascimento
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estrelas 2

Talvez seja pelo excesso de fantasia adulta em Game of Thrones, mas Branca de Neve e o Caçador simplesmente não empolga. Tirar versões sombrias e até idealizar uma ambientação moderna de contos de fada tem sido uma mania constante em Hollywood, mas que não rendeu bons frutos até agora – basta lembrarmos de João e Maria: Caçadores de Bruxas – e o filme do novato Rupert Sanders não foi uma exceção.

Eu sinceramente não me recordo minuciosamente de todos os detalhes da clássica história da Branca de Neve, mas a trama do filme certamente faz mudanças drásticas. Aqui, a personagem-título (Kristen Stewart) é aprisionada pela Rainha Ravenna (Charlize Theron) quando esta domina o reino de seu pai. Quando a jovem escapa, é perseguida por um caçador (Chris Hemsworth), que acaba por simpatizar com sua causa e, posteriormente, ajudá-la a derrubar a perversa rainha do poder.

Pra começar, a ideia de um filme sobre a Branca de Neve não é algo que me atrairia normalmente, ao menos que os grandes estúdios tivessem a audácia de reproduzir a história original dos Irmãos Grimm. Tendo um diretor sem experiência cinematográfica no comando, os problemas de coesão do roteiro assinado por John Lee Hancock, Evan Daughterty e Houssein Amini só se agravam; Sanders tem mão fraca nas pedantes cenas de ação, ainda que apresente inventividade visual e um apuro plástico que salta aos olhos – principalmente quando Charlize Theron está em cena, tendo o banho de rejuvenescimento a lá O Procurado como um dos pontos altos.

Aliás, é nesse quesito que a produção realmente se destaca: a Rainha Ravenna. O figurino costurado pela especialista Colleen Atwood (que conquistou seu 4º Oscar com a produção) merece aplausos por tornar as vestimentas da história palpáveis e realistas (o Caçador carrega inúmeras machadinhas em sua cintura), sem faltar um toque de fantasia sombria (tome como exemplo o vestido de corvos de Ravenna). Infelizmente, Theron grita um pouco alto demais e sua performance é prejudicada pelo exagero, quase desperdiçando o belo trabalho da equipe técnica. Aliás, vale mencionar também a inesperada decisão do departamento de arte em transformar o espelho na parede em uma figura antropomórfica, surgindo quase como uma entidade sinistra em suas aparições.

Não dá pra dizer que Kristen Stewart se sai melhor como protagonista. Heroína de ação? De jeito nenhum (aliás, qual dos três roteiristas teve a ideia banal de transformar Branca em uma guerreira?). Brados contra criaturas da floresta? Pior ainda. Chris Hesmworth troca o martelo pelo machado e consegue arrancar o estereótipo que o Caçador traz, comprovando que seu carisma em Thor não foi sorte de principiante. Uma agradável surpresa é a presença dos Sete Anões, que ganham rostos conhecidos (como Nick Frost, Ian McShane e Ray Winstone) em uma impressionante técnica de efeitos visuais.

Branca de Neve e o Caçador é muito bonito visualmente, mas peca em conteúdo. Sua história não prende, se confunde e desperdiça algumas ótimas ideias (como as aldeãs que provocma auto-mutilações a fim de serem “menos bonitas” do que Ravenna) em uma narrativa longa além do necessário.

No entanto, alcança um dos objetivos de todos os contos de fada: provoca sono.

Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, EUA – 2012)

Direção: Rupert Sanders
Roteiro: John Lee Hancock, Evan Daughterty e Houssein Amini
Elenco: Kristen Stewart, Charlize Theron, Chris Hemsworth, Ian McShane, Nick Frost, Ray Winstone, Sam Claflin, Bob Hoskins, Toby Jones
Duração: 127 min

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