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Crítica | Brooklyn (2015)

por Gisele Santos
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Saoirse Ronan ficou conhecida no mundo em 2007 quando foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Desejo e Reparação. Depois disso, a atriz fez alguns filmes comerciais como A Hospedeira, baseado na obra da escritora de Crepúsculo e Um Olhar do Paraíso, dirigido por Peter Jackson. Mas é agora que ela chega ao amadurecimento de sua profissão e nos entrega uma interpretação magistral, que é a base de Brooklyn, filme com 3 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz para a sua protagonista.

O filme de época de passa lá pelos anos 50, quando imigrantes de várias nacionalidades atravessavam o oceano que separa a Europa da América chegavam a Nova York em busca de um lugar ao sol. A conhecida “Terra das Oportunidades” recebia a todos de braços abertos e esse povo tornou essa grande cidade o que ela é hoje. A irlandesa Ellis Lacey é uma dessas pessoas que aposta na sorte e ruma para a América em busca de melhorar de vida. A Europa vivia o pós-guerra que assolou várias cidades e a perspectiva não era muito animadora, principalmente para os jovens. Com a ajuda do padre irlandês Flood (Jim Broadbent) que hoje vive em Nova York onde guia uma comunidade de conterrâneos, a menina deixa a mãe e a irmã, da qual é muito próxima, na Irlanda e se aventura na imensidão do mar azul de oportunidades.

A chegada a Nova York é cheia de problemas comuns a qualquer imigrante: solidão, tristeza, saudade e até um certo preconceito. Ellis encontra na pensão de Mrs. Kehoe (Julie Walters, incrível e muito engraçada como sempre) um porto seguro onde pode ser ela mesma e aos poucos se habituar ao novo mundo em que vive. Claro que a trama gira em torno do bairro homônimo do título, reduto de imigrantes irlandeses e italianos. Num baile que ela frequenta juntamente com as demais meninas que moram na pensão ela conhece o italiano Tony (Emory Cohen), um jovem sonhador e apaixonado que lhe fará descobrir o amor de verdade.

Quando tudo parecia perfeito na nova vida de Ellis eis que um evento faz com que ela precise retornar à Irlanda encontrar sua família. Essa volta repentina faz com que a jovem repense suas escolhas de vida e inicie um conflito interno que é a força motriz da segunda parte do filme.

A trama poderia ser piegas e bobinha, mas nas mãos certas resulta em um filme sobre escolhas, sonhos e desejos. O inglês Nick Hornby assina o roteiro em sua terceira participação no cinema: o primeiro em Educação e o segundo com Livre, no ano passado. Responsável por sucessos da literatura como Um Grande Garoto e Alta Fidelidade, Hornby mostra em Brooklyn uma leveza e um humor que é bastante peculiar em suas obras. Apesar de ter uma trama relativamente simples, Brooklyn trata das questões abordadas de forma leve, mas sem nunca perder o peso que elas têm. Não é a toa que Hornby foi indicado ao Oscar por esse trabalho, que é uma adaptação do romance de Colm Tóibín. Claro que a jovialidade de Saoirse Ronan ajuda muito para o resultado que se vê em tela. A atriz dá vida a uma personagem cheia de camadas que são lindamente reveladas para o espectador de uma forma muito sutil, o que nos faz ver a plenos olhos a evolução dessa menina que aos poucos se transforma em uma mulher pelas ruas de Nova York.

Se Brooklyn deveria estar entre os indicados principais da noite? Talvez não. O filme é simples, ainda que muito bem realizado pelo novato John Crowley que retrata bem as paisagens bucólicas da Irlanda, ao passo que imprime uma Nova York muito fiel à época. O figurino também é destaque e pontua muito bem a evolução da personagem principal, suas mudanças internas, medos e conquistas. Saoirse Ronan é um nome a ser seguido. Talvez não um furacão como Jennifer Lawrence que está até cansando uma parte do seu próprio público, mas como uma jovem atriz que ainda tem muito a mostrar. Brooklyn é um filme que conta lindamente a história de uma jovem em busca de um sonho e de uma vida melhor nos anos 50 mas de uma forma tão leve, descontraída e envolvente que às vezes parece que estamos nos dias de hoje. Um sopro de frescor para os filmes de época!

Brooklyn – (Idem, Irlanda, Reino Unido e Canadá- 2016)
Direção: John Crowley
Roteiro: Nick Hornby
Elenco: Saoirse Ronan, Domhall Gleeson, Emory Cohen, Jim Broadbent, Julie Walters, Jessica Paré, Fiona Glascott, Emily Bett Rickards
Duração: 113 minutos

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