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Crítica | Capitão América: Bazuca (Nova Marvel)

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

Apenas para localizar o leitor, o arco objeto da presente crítica foi batizado, em inglês, de Loose Nuke e compreende as edições #11 a 15 (encadernadas como volume 3) de Capitão América, publicadas lá fora entre setembro de 2013 e janeiro de 2014, logo em seguida ao arco duplo Perdido na Dimensão Z, que inaugurou o projeto Marvel Now (Nova Marvel) para o personagem. No Brasil, o arco, que não ganhou nome oficial, foi publicado no mix da Panini Capitão América & Gavião Arqueiro #10 a #14, lançados entre julho e novembro de 2014.

Assim, cronologicamente, esse novo arco começa exatamente após a volta do Capitão América da Dimensão Z, onde ficou por 12 anos (para ele) e poucas horas (para todos os demais), depois de ser capturado por Arnim Zola. No fechamento do arco duplo anterior, Steve Rogers perde sua amada Sharon Carter e seu filho adotivo Ian, que, na verdade, é um clone criado por Zola, voltando à nossa dimensão com Jet Black, irmã de Ian que relutantemente o ajudou contra seu pai.

cap loose nukeCom isso, Rick Remender corajosamente continua sua inusitada ideia de deslocar o herói temporalmente pela segunda vez. Se, antes, Rogers era alguém que precisava de adaptar à vida moderna em razão de seu congelamento antes do fim da 2ª Guerra Mundial, agora ele também precisa se adaptar à difícil, mas de certa forma utópica vida que viveu por 12 anos da Dimensão Z, efetivamente formando laços paternos com Ian. Apesar  de sabermos, no cliffhanger do arco anterior, que Ian não morreu e tornar-ser-á uma nova versão do Nômade, fato é que o Capitão não faz ideia disso e precisa viver com mais essa culpa sobre seus ombros.

Jet Black está a seu lado, apesar de receber – inevitavelmente, diria – um tratamento frio e desconfiado de Nick Fury, Jr. (nem preciso dizer o quanto eu acho esse personagem uma idiotice, não?). Ela também largou toda uma vida para trás e, logo no número inaugural, vemos os dois lutando para deixar o passado para trás. Ao mesmo tempo, no distante país fictício do Nrosvekistão, Bazuca começa uma enlouquecida guerra particular contra os militares e civis locais.

Também sobre apresentados à origem do Prego de Ferro, uma espécie de nova versão do Mandarim, que pretende derrubar o sistema capitalista. Essa é a história de maior escopo que fica por trás de toda a ação que vemos nesse arco e não ganha desfecho aqui. O foco é mesmo no conflito entre o Capitão América e Falcão contra Bazuca, algo que só efetivamente começa a acontecer na metade do terceiro número do arco.

De certa forma, o conflito em si é mais do mesmo, com o Capitão fazendo de tudo para capturar Bazuca, minimizando as perdas de vidas. Mas Remender acrescenta alguma profundidade ao dilema, mostrando que, de certa forma, Bazuca funciona como um lembrete dos repetidos fracassos bélicos dos EUA em sua constante interferência em outros países. A chegada do Capitão dá azo a alguns diálogos que discutem essa questão, sem, porém, aprofundamento. Há, também, uma espécie de história paralela de uma repórter de guerra que cobre as ações malucas de Bazuca e que levanta a bola para discussão sobre a liberdade de imprensa e o papel da imprensa em conflitos dessa natureza.

Mas, no final das contas, fica a clara impressão que Remender, apesar de toda a pancadaria – e ela é incessante – em fazer uma espécie de “intervalo” entre Perdido no Dimensão Z e a vindoura ameaça do Prego de Ferro, que já revela suas garras perante a S.H.I.E.L.D. É de toda forma interessante ver um vilão raso e tosco como o Bazuca ser usado para literalmente enfiar o dedo na ferida do belicismo americano, mas sem perder de vista o patriotismo representado pelo Capitão e, claro, o Falcão.

Aliás, falando em Falcão, chateia-me um pouco a elevação dos “poderes” de Sam Wilson. Sempre adorei o personagem, mas, aqui, Remender exagera no que ele é capaz de fazer e na quantidade de pancada que ele pode receber sem ir parar no hospital. Em determinado ponto, Wilson recebe uma profunda facada no abdome e continua lutando e voando como se tivesse sido picado por um mosquito. Considerando que ele é um humano normal, não dá para deixar de ficar espantado com essas desnecessárias liberdades roteirísticas.

O time artístico mudou nesse arco. Sai John Romita Jr., cujo trabalho me surpreendeu em Perdido no Dimensão Z e entram Carlos Pacheco no lápis e Klaus Janson na arte-final nos dois primeiros números, Nick Klein no seguinte e Pacheco e Mariano Taibo nos dois últimos. Essa variação de desenhistas, porém, não afeta o produto final nem a continuidade artística do arco. No geral, é uma arte mais limpa e menos ousada do que o trabalho de Romitinha, mas que funciona bem para o seu propósito, especialmente com Pacheco explorando diversos enquadramentos e sucessões de quadros, além de boas splash pages usadas parcimoniosamente para melhor efeito.

Remender continua seu bom trabalho no leme do Capitão, ousando bastante em termos narrativos. Esse arco é definitivamente um interlúdio para o que veremos para frente, mas, mesmo assim, ele funciona para recolocar o Capitão América em nossa dimensão e determinar os dilemas que ele terá que enfrentar para novamente se reajustar.

Capitão América (2012-2014): vol. 3: Bazuca (Captain America: vol. 3 – Loose Nuke (2013/14)
Contendo: Captain America (2012 – 2014) # 11 a 15 (EUA) e as histórias do Capitão América publicadas no mix Capitão América & Gavião Arqueiro #10 a 14 (Brasil)
Roteiro: Rick Remender
Arte: Carlos Pacheco (#11, 12 e 14 e 15), Nick Klein (#13)
Arte-final: Klaus Janson (#11 e 12), Mariano Taibo (#14 e 15)
Cores: Dean White (#11 a 15), Rachelle Rosenberg (#12)
Letras: VC’s Joe Caramagna
Editora (nos EUA): Marvel Comics
Data de publicação (original): setembro de 2013 a janeiro de 2014
Editora (no Brasil): Panini Comics
Data de publicação (no Brasil): julho a novembro de 2014
Páginas: 115

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