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Crítica | Chico Bento Moço #16 e 17: Balada à Fantasia e O Desaparecimento das Abelhas

por Luiz Santiago
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A vida na faculdade segue pra o Chico Moço, que desta vez se vê completamente perdido em uma festa à fantasia realizada pelos alunos da UFA.Como já é de praxe nos roteiros de Petra Leão, o caráter amoroso e o conflito infantilizado, mesmo que fale de coisa séria, são os pontos críticos da edição. Misturando uma realidade preocupante (o golpe do “boa noite Cinderela”) ao cuidado para não “chocar” os leitores mais jovens — que é o público-alvo da CBM –, Petra Leão transita entre o divertido e o enfadonho, entregando-nos uma história que agrada em partes mas se resume em si mesma, com suas incongruências e desnecessário isolamento. Um cliffhanger ou a criação de algo dentro do cânone para ser usado nas edições futuras cairia como uma luva aqui e esse tipo de história é perfeito para uma apresentação nesse sentido.

A proposta da festa é divertida, mesmo sendo “pouca areia para o caminhãozinho” de uma edição só. O leitor ri das fantasias, da piada com Doctor Who, Supergêmeos e Guardiões da Galáxia, mas até que o verdadeiro ponto bom do roteiro — o suspense para saber quem o Chico beijou — (Petra Leão poderia ter tido mais sangue nas veias e deixado ele beijar qualquer garota da festa e depois o moço se entendia com a Rosinha, mas o efeito cômico do final, relacionado a isso, até que funcionou relativamente bem), as coisas ficam em um estágio apenas gracioso, porém, pouco interessante.

Sinto falta dos primeiros roteiros da revista onde de fato haviam tramas encorpadas e não textos com um ponto onde se destaca algo interessante e o restante é apenas diversão fácil. Se pegarmos pelo menos as primeiras 8 edições da CBM, chegaremos à conclusão de que isso é possível, mas parece que a linha geral da revista tem se afastado propositalmente disso nas últimas edições.

Embora divertida, a história de Balada à Fantasia é mediana, sem muitos atrativos adicionais. Como ressaltei anteriormente, esse tipo de trama mais cômica e despretensiosa seria uma boa oportunidade para introdução de algo dentro do cânone da revista, uma oportunidade perdida por Petra Leão que talvez ajudasse a melhorar a percepção do leitor em relação ao volume, ao final de tudo. A revista está precisando disso.

Chico Bento Moço #16: Balada à Fantasia (Brasil, novembro de 2014)
Roteiro: Petra Leão
Arte: Lino Paes, Roberto Martins Pereira
Arte-final: Diversos
98 páginas

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O Desaparecimento das Abelhas

Com roteiro de Marcelo Cassaro, esta edição da CBM tem uma curiosa concepção textual — baseada em um real problema — já anunciado no título. A forma como o autor expõe o problema é correta e as informações biológicas e científicas, idem. Existe um caráter didático, mas ele não é chato. A edição tem problemas, que abordarei mais adiante, mas eles são de outro caráter. Mesmo assim, O Desaparecimento das Abelhas é a melhor edição da Chico Bento Moço desde Mistério na Roça (#8).

Os alunos da UFA vão fazer um trabalho de campo em uma gigantesca fazenda apícola, onde o Chico encontra uma velha conhecida e é apresentado, junto com seus colegas, a um projeto que tenta investigar a verdadeira causa da chamada Síndrome do Colapso das Colônias.

Tentando mesclar comédia, atmosfera de amizade e informações biológicas/jornalísticas, Cassaro escreve um roteiro que funciona bem a maior parte do tempo, pecando apenas no tom chateante que adota ao final. É perfeitamente compreensível que a fala do Chico ali fosse de esperança para o futuro do planeta e de votos de melhoras e conscientização das pessoas, mas isso exposto em apenas duas páginas chega ao leitor como um discurso engessado de “salve a natureza” que irrita pela forma como é feito e como é mostrado. Juntamente com o “sacrifício” de Melinda, esta é a parte mais problemática da edição.

Todavia, diferente dos números anteriores, a história tem um tom maduro bem trabalhado, sem bobagens ou infantilidades. Alguns leitores podem se incomodar um pouco com a presença alienígena na edição, mas, pela forma como a explicação para ela se deu, a presença é interessante e válida dentro da ficção (com exceção ao caso de Melinda).

Uma luz no fim do túnel? É possível que as edições do Chico Moço voltem a ter uma boa abordagem? Veremos. Espero ler mais roteiros de Marcelo Cassaro na revista. Quem sabe ele não consegue mudar um pouco as coisas e dar ao Chico Moço a vitalidade dos seus primeiros roteiros?

Chico Bento Moço #17: O Desaparecimento das Abelhas (Brasil, dezembro de 2014)
Roteiro: Marcelo Cassaro
Arte: Roberta Pares
Arte-final: Diversos
98 páginas

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