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Crítica | Cimbelino (1983)

por Gabriela Miranda
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Filmes adaptados do palco do teatro para meios audiovisuais tendem a perder a postura de aproximação, a cadência dos diálogos perde força no caminho porque é levantada uma quarta parede, por onde o espectador acompanha a história. E essa distanciação, é reforçada pela falha em conseguir inserir o texto em uma dinâmica pensada para um meio que se baseia no apelo visual na filmagem de uma das últimas obras de Shakespeare, Cimbelino.

O filme tem de ser avaliado de acordo com a época e o meio em que foi feito. A versão britânica de 1983 foi feita para a televisão. Isso significa que a qualidade técnica é restrita ao formato televisivo e aos recursos disponíveis. Dentro desse contexto, as cenas são compostas como quadros fixos, que estão ali só para amparar e ambientar os diálogos, muitas vezes com foco em monólogos.

Com uma história regada por outras fontes já renomadas do autor, é possível identificar a mocinha que tem de enfrentar obstáculos pelo amor de um homem tido como inadequado pela família dela. Alguns atributos do filme podem muito bem remeter à Romeu e Julieta, que é a associação mais fácil por conta também do veneno mortal que adormece a donzela.

O enredo é baseado no rei da Britânia, Cimbelino, que sofre a angústia de ter tido dois filhos homens sequestrados. Assim, ele fica com apenas uma herdeira mulher que vai movimentar a história toda. Na trama, a mulher só alcança a credibilidade perdida com o marido, arruinada por uma armação para difamar a honra da mocinha, ao se vestir feito homem e seguir em uma jornada para provar sua inocência. Somente como homem havia a liberdade para reaver seu papel como mulher na história.

Essa trajetória caminha com nuances, já que esse título é classificado como tragicomédia. O que significa que, embora o tema da manipulação, da ganância e o lado obscuro do ser humano esteja presente em grande parte do texto, há espaço para um final feliz.

Embora a performance do elenco britânico ser respeitável e contar com a atriz Helen Mirren como a mocinha, o texto foi escrito para um certo tipo de interpretação e dinâmica de palco, o que na televisão torna o filme enfadonho e longo demais, sem muita ação, nem grande elaboração na montagem ou captação das imagens. Isso torna difícil a tarefa de reter a atenção do espectador.

Uma nova versão da peça foi adaptada por Hollywood. Dessa vez, os roteiristas transferiram o cenário para os dias atuais e o conflito de Cimbelino (2014) se tornou uma guerra entre policiais corruptos e traficantes motociclistas, com um casal preso à essa dicotomia.

Cimbelino (Cymbeline, 1983)
Diretor: Elijah Moshinsky
Roteiro: William Shakespeare
Elenco: Helen Mirren, Michael Pennington, Claire Bloom, Richard Johnson.
Duração: 175 min

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