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Crítica | Continuum – 3ª Temporada

por Luiz Santiago
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estrelas 4

Após o sufocante cliffhanger da 2ª Temporada de Continuum, ficou difícil segurar a ansiedade para uma nova temporada da série, que evidentemente deveria focar no impasse da prisão de Kiera e outros viajantes no tempo, como também dar continuidade orgânica à questão da viagem no tempo que desencadeou o motivo primordial do programa. Algumas perguntas se apresentavam já de início: como seriam tratadas as relações com o mundo de 2077 nessa nova temporada? O Liber8 estava realmente fazendo diferença na linha do tempo do futuro? Como Alec ganharia destaque o bastante para ser um grande magnata no futuro?

Simon Barry, o criador da série, ganhou maior confiança da ShowCase após o bom resultado apresentado nas temporadas anteriores, o que fez o canal investir mais dinheiro na produção de Continuum, cuja 3ª Temporada traz efeitos especiais muitíssimo melhores e bem utilizados ao longo dos episódios, inclusive em favor essencial da trama, como no caso da duplicada dos Alecs, especialmente na angustiante luta no teto da Piron em Last Minute (3X13).

O que de fato marcou esse terceiro ano da saga de Kiera Cameron, Liber8 e companhia foi a apresentação de uma intricada rede de paradoxos temporais, adicionados compassadamente e sem nenhum didatismo (um ponto positivo) para o espectador. Por mais que queiramos especular, fica difícil criar alguma teoria imune de dúvidas a respeito, porque Continuum parece trabalhar com várias teorias de viagem no tempo, inclusive brincando com os paradoxos. Em termos de continuação dramática, o que temos maior possibilidade de acerto é quanto ao futuro de Kiera em 2077, que, ao que tudo indica, não existe mais, ou pelo menos não como ela o deixou (“Seu futuro morre comigo”, segundo o “Evil” Alec.).

O que dizer então da árvore de possibilidades temporais a que Catherine se refere em Minute by Minute (3X01)? Os fatos dessa temporada nos apontam dois caminhos possíveis. O primeiro é que a linha temporal do presente, onde havia a duplicata de Kiera e Alec, extinguiu ou mudou completamente o futuro de Kiera em 2077 e criou o futuro de Brad Tonkin, onde Kellog é o inescrupuloso chefe das corporações, um Senhor da Guerra. O segundo é que com Kellog assumindo o controle da Piron/SadTech, a morte do “Evil” Alec e a parceria de Kiera com o Liber8, um “outro” futuro foi criado, o futuro que responde ao chamado de Greg ao final de Last Minute. Ou, numa hipótese estendida, talvez esse futuro que respondeu ao chamado seja o mesmo do qual Brad veio, talvez com algumas modificações organizacionais. A resposta para esse impasse teremos na próxima temporada.

O que nos conforta em termos de continuidade é que Simon Barry já anunciou em seu twitter que o final de Continuum já existe. O showrunner se disse interessado em encerrar a série na 7ª Temporada, mas afirmou que pode filmar esse final já existente antes, caso a série seja cancelada.

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Diferente das temporadas anteriores, centradas mais nas modificações do presente para atacar as corporações no futuro, essa 3ª Temporada de Continuum teve como objetivo central o confronto de linhas do tempo e o impasse que tais modificações poderiam causar. Um equilíbrio de tramas de ação e tramas de caráter analítico foi aplicado à temporada, dando direito até um episódio inteiro (maravilhoso, por sinal) ambientado no passado e mostrando o primeiro contato de Sonya com Kagame.

Tendo esse aspecto em pauta, vale dizer que foi muito inteligente da parte de Simon Barry nos trazer os “relatórios de guerra” tendo Kiera como protagonista, abordando o período em que ela foi “Protetora” a serviço do governo e contrastando esses momentos com os pontos negativos que o próprio sistema apresentava à personagem. A somatória de todas essas “decepções esporádicas” acabou guiando Kiera para o que ela se tornou ao final deste terceiro ano do show.

Quanto ao corpo da temporada, fica evidente que a mudança de tom foi muitíssimo bem vinda, mas teve o seu impasse negativo: a dificuldade de orquestrar uma linha “X” de histórias (basicamente ligar ou cortar as pontas das temporadas anteriores) com uma linha “Y” de hipóteses de futuro e reordenação de lados. Embora bem escritos e com uma notável estrutura de continuação espalhada pelos 13 episódios, a quantidade de coisas em cena, as explicações dadas e o afunilamento dessas questões mexeram com narrativa do show e fizeram esta temporada ficar um pouco aquém da anterior, mais por seu ponto narrativo do que pelo de sua execução.

Contudo, as possibilidades para a continuação da série são as melhores. Fica a dúvida de quem é e qual é o papel do “The Traveler”, o primeiro freelancer que viajou mil anos para impedir anomalias temporais; e, principalmente, quem são e o que será daqueles robôs (ou humanos vestidos em super armaduras) vistos nos segundos finais de Last Minute. Se os roteiros continuarem inteligentes, a direção dos episódios continuarem precisas e a equipe técnica funcionando afinada como está nessa 3ª Temporada, podemos esperar mais um ano de trincar os dentes de tensão. E mais uma onda de atalhos possíveis para o presente e para o futuro.

Continuum – 3ª Temporada (Canadá, 2014)
Direção:
Pat Williams, William Waring, Jonathan Walker, David Frazee, Amanda Tapping
Roteiro: Simon Barry, Shelley Eriksen, Denis McGrath, Jonathan Walker, Jeremy Smith, Matt Venables, Sam Egan, Jeff King
Elenco: Rachel Nichols, Victor Webster, Erik Knudsen, Stephen Lobo, Roger R. Cross, Lexa Doig, Luvia Petersen, Omari Newton, Ian Tracey, Magda Apanowicz, Terry Chen, Rachael Crawford, Brian Markinson, Anjali Jay, Ryan Robbins
Duração: 45 min. (cada episódio)

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