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Crítica | Convergência: Arlequina e Sindicato do Crime

por Luiz Santiago
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SPOILERS! para as duas histórias aqui criticadas, Arlequina e Sindicato do Crime. Para ler mais críticas sobe a saga Convergência, clique aqui.
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Convergência: Arlequina

estrelas 4

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O ponto central de histórias para uma personagem como Arlequina é o trabalho com o conceito de LOUCURA que pode ser colocado e explorado de várias formas para a personagem: como patologia; como “patologia implantada”; como comportamento proposital; como humor negro (na esteira de Deadpool)… e por aí vai. É neste ponto que está a chave de tudo, porque ele vai definir o tom da aventura em questão e cada tipo de representação tem sua graça e validade se é bem construído e se faz sentido para a proposta da história. Steve Pugh entendeu bem essa premissa. E criou um cenário bem interessante para a Arlequina em mais este enfrentamento de cidades em Convergência.

Diferentemente de Flash e A Força de Aceleração, a colocação dessa Gotham pré-Ponto de Ignição antes da descida do Domo de Telos foi uma escolha acertada. A ação inicial é corriqueira, mas bem orquestrada como ponto de chegada da Convergência e ponto de partida para a “nova vida” da Arlequina, que acaba namorando e morando com o policial de quem esmagara a mão durante a ação no Gotham Museum of Art. O roteiro não força a barra ou tenta ajustar a personagem a partir de uma reescrita de sua persona. Muito pelo contrário. A loucura da Arlequina está em pauta todo o tempo e nós rimos, questionamos a sanidade ou até a loucura dela e nos surpreendemos como uma coisa pode estar tão intimamente ligada a outra — a vida de sanidade e a louca vida.

O texto escorrega na passagem entre as edições, porque a indicação do “campeão da cidade” contra o “campeão da outra cidade” é apontada por Telos de forma indireta, percebida pela Mulher-Gato e por Hera Venenosa e desenvolvida com um pouco menos de habilidade que a parte anterior e posterior da trama. É claro que as coisas voltam a se acertar quando a Palhaça encontra o Capitão Cenoura de Follywood, Califurnia, na Terra-C (de lá, já havíamos visto a ação de Fastback). A intervenção do Porco de Ferro (Pig-Iron / Peter Porkchops) e o que Telos faz com ele foi uma boa novidade, apenas colocada de forma indireta no discurso do vilão quando explicou o que estava fazendo para todas as cidades sequestradas.

Sob uma arte boa a maior parte do tempo (o rosto da Mulher-Gato e de Hera, no início da edição #2, são absurdamente tenebrosos, mas fora isso…), e divertida criação do cenário de luta entre Arlequina e o Cenoura, esta minissérie (eu ainda fico em dúvida de dizer “minissérie” ou “arco” para esses tie-ins de Convergência) diverte e traz, ao final, uma resolução cheia de humor negro e espírito de equipe.

Convergence: Harley Quinn – Down the Rabbit Hole & Rabbit Season (EUA, junho e julho de 2015).
Publicação no Brasil: Panini Comics, 2016
Roteiro: Steve Pugh
Arte: Phil Winslade
Arte-final: John Dell
Cores: Chris Chuckry
Letras: John J. Hill
Capas: Steve Pugh
22 páginas

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Convergência: Sindicato do Crime

estrelas 2,5

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Histórias que abordam o Multiverso de forma rica são sempre uma leitura agradável, cativante e divertida. Conhecer realidades alternativas, Terras paralelas, orientação moral de personagens ou mesmo linhas do tempo inteiramente trocadas e invertidas são um desafio para o leitor, que está diante de um cenário conhecido mas guiado por padrões completamente diferentes. Esta aventura com o Sindicato do Crime da América (Crime Syndicate of America), escrita por Brian Buccellato e ilustrada por Phil Winslade se enquadra nesse tipo de história.

Para quem não está familiarizado com os personagens, vamos a uma breve apresentação. O Sindicato do Crime é uma organização… bem… criminosa… que atua na Terra-3. Ele é formado por Coruja (Owlman), Ultraman, Relâmpago (Johnny Quick), Anel Energético (Power Ring) e Super-Woman. A constituição vilanesca do grupo é mais ou menos parecida com as de Arlequina, Hera Venenosa e Mulher-Gato, só para pegar exemplos que conhecemos melhor. Ou seja, eles são pessoas más mas não querem exatamente matar ninguém… No início da edição #1, o grupo é apresentado em um momento de crise. Lois Lane (Super-Woman) está a caminho da cadeira elétrica e seus amigos do Sindicato arquitetam um plano para salvá-la.

Só o conceito de prisão de vilão, punição retrógrada, lamentos realmente sinceros sobre perda de poderes e o fato de termos um grupo de vilões que são contrapartes de heróis que conhecemos já bagunça a nossa cabeça e faz com que aceleremos a leitura para ver o que acontece em seguida. E nossa animação aumenta quando vemos os heróis da Legião Alfa da Justiça, com personagens do Universo DC Um Milhão e os Caçadores Renegados aparecem na história como grupos coadjuvantes. Poucas são as reparações a serem feitas no texto nesse ponto (elas estão mais na interação entre as equipas, porém, nada grave) e um olhar mais acurado do desenho para perspectivas e quadros de personagens em determinados ângulos poderiam ser melhor, mas do início da edição #1 até o meio da edição #2, o leitor acompanha com gosto o andamento da trama, tanto em roteiro quanto em arte. Então chega o final da edição #2 e Buccellato estraga absolutamente todo o número. E faz a nota de toda a aventura cair pela metade. Que final amaldiçoado!

É simplesmente frustrante ler uma história com boa proposta, bons diálogos e de repente as coisas ficarem clichês, não resolvidas (e pior: com uma interrogação final que não serve nem de gancho metalinguístico) e abandono de uma linha densa de ação para dar lugar a pancadaria que não empolga porque é jogada desleixadamente na história. O questionamento do que vem depois fica a gosto do freguês. A sensação que temos é que fomos enganados o tempo inteiro. Uma pena.

Convergence: Crime Syndicate – The Battleground… (EUA, junho e julho de 2015).
Publicação no Brasil: Panini Comics, 2016
Roteiro: Brian Buccellato
Arte: Phil Winslade
Cores: Lovern Kindzierski
Letras: Rob Leigh
Capas: Phil Winslade, Brian Buccellato
22 páginas

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