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Crítica | Creed: Nascido para Lutar (Trilha Sonora Original)

por Lucas Nascimento
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estrelas 4

Uma das muitas lembranças que a saga de Rocky Balboa promove é a de sua música. Seja pelo tema icônico composto por Bill Conti no primeiro filme ou por “Gonna Fly Now”, a inspiradora e vibrante música também de Conti, muito da jornada do lutador underdog de Sylvester Stallone se deve às escolhas musicais dos realizadores. Com a apresentação da história para uma nova geração, e na figura de um protagonista negro, a música de Creed: Nascido para Lutar acerta nessa nova identidade.

Chamado pelo diretor Ryan Coogler para compor não apenas a trilha sonora original, mas também produzir as diversas canções originais para Creed Ludwig Goransson apostou pesado no hip hop e em grandes nomes da música negra contemporânea. A primeira música original que ouvimos no longa é The Fire, canção do The Roots com participação de John Legend, fornecendo o tom de ansiedade e curiosidade de Adonis em sua chegada na Filadélfia e o primeiro contato com Rocky Balboa.

Na obrigatória montagem de treinamento, o álbum atinge níveis inacreditáveis. A faixa Lord Knows/Fighting Stronger começa com uma poderosa composição de Goransson, trazendo uma grande reverência ao tema do primeiro filme enquanto vemos Adonis treinando socos e auxiliando Rocky em seu tratamento de saúde; então, crescendo para o trecho em que o rap Lord Knows de Meek Mill acompanha Donnie chamando os motoqueiros de rua para lhes acompanhar na corrida. É quando chegam à casa de Rocky que a faixa transforma-se em uma versão angelical de Gonna Fly Now, enxergando em Adonis Creed o herdeiro do legado inspirador de Rocky Balboa, ganhando mais força com a entrada de tambores, canto épico e uma batida de rap para que o público aceite uma inovação cultural. É um momento absolutamente inebriante, e quando o espectador  finalmente começa a vibrar pela vitória de Creed.

https://www.youtube.com/watch?v=OsHnIXUzDUY

Além de servir como um elemento de apelo emocional para o público e motivação, a música representa um importante papel diegético na trama, na forma da personagem Bianca. Interesse amoroso de Adonis, a jovem é uma música em ascensão que batalha contra uma iminente surdez, compondo diferentes peças de música eletrônica ao longo da narrativa – aliás, é por conta do barulho provocado por estas que os dois se conhecem. Grip, que é interpretada pela própria Tessa Thompson (curiosidade, a atriz também é música) é uma composição sensual e provocante, ainda mais pela cena quase surreal na qual surge: Adonis encontra por acidente um show seu em um bar escuro e povoado, criando imediatamente uma atração pela moça.

As outras duas faixas de Thompson são Breathe Shed Youigualmente importantes no fortalecimento da relação dos dois. A primeira pode soar um pouco piegas, principalmente por eclodir após um longo silêncio que antecipa o primeiro beijo do casal, mas a segunda funciona perfeitamente durante um momento íntimo após a primeira luta de Adonis.

Por falar em lutas, Coogler faz uma decisão poderosa para a chegada de Creed ao ringue. Não só estabelece uma força para sua chegada, como também soa como algo que o próprio personagem escolheria – sendo realista dentro de seu próprio universo: Hail Mary, do rapper 2PAC.

O trabalho de Ludwig Göransson e de todos os artistas envolvidos na criação da trilha sonora de Creed é admirável. Não só é uma ode ao legado de Rocky Balboa, mas também uma evolução geracional e cultural do significado de sua história, representado agora por Adonis Creed. E olha, ele pode voar agora.

Creed (Original Motion Picture Soundtrack)
Compositor:
Various Artists
Gravadora: Atlantic Records
Ano: 2015
Estilo: Hip hop, R&B, Trilha Sonora

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