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Crítica | Curtas de Charles Chaplin (1916) – Parte 2

por Ritter Fan
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O presente bloco de críticas traz breves comentários sobre os cinco últimos curtas de Charles Chaplin lançados em 1916, todos produzidos pela Mutual Film Corporation:

Uma da Madrugada

estrelas 5,0
chaplin one

Se tivesse que recomendar apenas um curta metragem de Charles Chaplin para alguém, muito provavelmente recomendaria Uma da Madrugada. Pode não envolver o personagem Carlitos criado por Chaplin e pode não misturar melancolia com comédia, mas, mesmo assim, esse é um dos maiores exemplos da genialidade desse mito da Sétima Arte.

Trata-se do primeiro filme de Chaplin que, a não ser por um breve momento no começo, só conta com ele mesmo fazendo um papel de um rico bêbado chegando em casa de táxi de madrugada. É, literalmente, um desbunde, com Chaplin dando show e mostrando porque foi um dos maiores comediantes do cinema. Da tentativa de abrir a porta do táxi, passando por sua chegada em casa pela janela (já que ele não acha a chave) que o faz pisar no aquário e, em seguida, achar a chave, voltar por onde entrou e entrar pela porta novamente, somente para lidar com um tapete deslizante, tudo funciona perfeitamente bem, com um timing cômico único. Nenhum elemento cenográfico do cenário que mimetiza o hall de uma mansão (e depois o quarto e, finalmente, o banheiro) deixa de sofrer algum tipo de interação com o ator/diretor/roteirista. São os animais empalhados, a mesa giratória, os utensílios domésticos, o cabide, a escada, o lustre, a cama, o chuveiro. Cada prop tem sua função e todas são diferentes uma da outra, de maneira que as piadas corporais se mantêm frescas e engraçadas.

É um grande “número” de Chaplin, que acerta na mosca em absolutamente todos os detalhes da fita, seja com ele na frente ou atrás das câmeras.

Uma da Madrugada (One A.M.) – EUA, 1916
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Albert Austin
Duração: 21 min.

O Conde

estrelas 2,5

chaplin count

O Conde demora a decolar, mas, quando Carlitos, um aprendiz de alfaiate se tornar “o conde” do título, é diversão garantida, com muitas gags envolvendo comida (o jantar é hilário), roubo de prataria e choque entre o rico e o pobre, como ele gosta de fazer. O figurino de Ms. Moneybags, vida por Edna Purviance, imita a estátua da liberdade e ajuda na crítica à alta sociedade.

No entanto, depois desses momentos, a fita perde o ritmo novamente, com muitas repetições e acaba em um pastelão forçado e pouco original, mostrando fragilidade do roteiro.

O Conde (The Count) – EUA, 1916
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Eric Campbell, Edna Purviance
Duração: 25 min.

A Loja de Penhores

estrelas 5,0

chaplin 3

Pura engenhosidade do começo ao fim. Chaplin faz um empregado de uma loja de penhores que não gosta muito de outro funcionário e sai na pancadaria com ele o tempo todo, gerando situações com timing perfeito no uso de gags e props do rico cenário dividido entre a loja, os fundos e a frente externa. Duas sequências saltam aos olhos: a da escada, que mostra as habilidades físicas em Chaplin em momentos até perigosos e a do desmantelamento do relógio de um possível cliente, que traz ótimas risadas com a cara-de-pau do personagem de Chaplin.

Se há um defeito, ele é pequeno: o final é rápido demais, apressado mesmo, como se o tempo estivesse acabando e a fita precisasse ser encerrada. Mas não é nada que atrapalhe essa pequena joia de curta.

A Loja de Penhores (The Pawnshop) – EUA, 1916
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Eric Campbell, Edna Purviance, Henry Bergman, Albert Austin
Duração: 25 min.

Carlitos no Estúdio

estrelas 4

chaplin 4

Mais um curta de Chaplin em que os props são especialmente importantes, com hilárias interações do ator com tudo ao seu redor, sempre trazendo momentos frescos e diferentes, evitando repetições. Esse curta é particularmente interessante por trazer uma brincadeira sobre a homossexualidade no momento em que o preguiçoso supervisor de Chaplin (Eric Campbell), um assistente de cenário em um estúdio de cinema flagra seu subordinado beijando outro assistente na boca, sem perceber que, na verdade, é uma mulher disfarçada (Edna Purviance) para conseguir o emprego.

Há uma riqueza muito grande na direção de arte e cenografia desse curta, que valoriza o figurino, valorizando também, a própria estrutura do estúdio onde foi filmado.

Carlitos no Estúdio (Behind the Screen) – EUA, 1916
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Eric Campbell, Edna Purviance
Duração: 23 min.

Sobre Rodas

estrelas 3

chaplin 5

Apesar de interessante por mostra a habilidade de Chaplin com a patinação, Sobre Rodas é um curta que se perde em um roteiro que não sabe muito bem o que quer ser, começando em um restaurante com boas piadas de usos e costumes e partindo para algo mais corporal e pastelão logo em seguida. O grande problema talvez tenha sido a repetição das situações, com duas sequências no ringue de patinação, em uma espécie de precursor de Tempos Modernos.  As piadas sofrem um pouco com esse aspecto, mas os malabarismos e o bom uso do espaço cênico – sempre tomadas internas com muita gente – demonstram o excelente controle de Chaplin dos dois lados da câmera.

Sobre Rodas (The Rink) – EUA, 1916
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Eric Campbell, Edna Purviance
Duração: 24 min.

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