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Crítica | Da Vinci’s Demons – 1ª Temporada

por Lucas Borba
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Quando soube que o canal Starz (Fox no Brasil) lançaria uma série oscilante entre o histórico e o fictício acerca de Leonardo Da Vinci, criei grandes expectativas, embora soubesse que o programa também poderia ser uma grande desgraça. Afinal, como retratar de modo satisfatório um personagem histórico tão ímpar e misterioso sem cair no caricato ou na facilidade de não se levar a sério?

Sim, porque antes mesmo da sua estreia a série anunciava um Da Vinci que faria, às vezes, um herói. Era evidente, portanto, que não se contentaria com a monotonia de fatos historicamente comprovados acerca do protagonista. Iniciado o programa, não só meus temores se mostraram infundados como fui surpreendido com os acertos da narrativa, com os ótimos roteiros, com seus personagens e ambientação.

Na série, acompanhamos Leonardo Da Vinci (Tom Riley) a partir dos seus 25 anos, em uma Florença fervilhante com o período renascentista. Como artista, inventor – entre tantas coisas – e defensor do pensamento livre, Da Vinci logo se torna inimigo da Igreja Católica, que vê em Florença uma ameaça à sua dominação opressiva pela fé. Sob a batuta de David S. Goyer, que roteirizou Batman ao lado de Christopher Nolan, mesmo uma série com seu idioma original em inglês, em plena Itália, não perde a sua força. Independentemente do nível de fidelidade a fatos históricos, é ótimo notar como o programa desenvolve um contexto político e seus desdobramentos com seriedade, sem por isso deixar de apelar também para sequências de aventura que lembram o bom e velho romancete. Assim, temos uma atração com potencial para atrair do expectador mais maduro ao mais descompromissado. É o que chamamos de bom entretenimento.

Outro ponto marcante é o desenvolvimento dos personagens. Já no episódio Piloto, com uma hora de duração, conhecemos um Da Vinci inquieto, visionário, aventureiro e torturado pela própria genialidade. O mesmo se dá com a bela e misteriosa Luclezia Donati (Laura Haddock), com o maléfico papa Sisto IV (James Faulkner) ou com o enérgico pai de Leonardo, Piero Da Vinci (David Schofield), entre tantos outros que ganham destaque nos episódios seguintes.

Cabe também observar o dinamismo dos episódios. O próprio Goyer, ao apresentar o programa, brincou que na verdade não se tratava de uma série, mas que eram filmes de uma hora. Embora cada episódio naturalmente seja um seguimento do anterior, é fácil suspirar ao término da maioria dos capítulos com o grande número de acontecimentos, especialmente nesta primeira temporada, com oito episódios. Acrescente-se ao caráter fílmico o engenho de alguns dos roteiros, que concedem a certos trechos do programa uma originalidade inesquecível, salve o encontro proporcionado entre Leonardo e certo personagem místico ou a proeza do pintor envolvendo a fuga de certa prisão.

Com um final de temporada com potencial para indignar por seu tom totalmente em aberto, Da Vinci’s Demons, se manter a direção e a narrativa competentes, como o vem fazendo até então, tem potencial para se tornar uma série clássica no campo do entretenimento, apoiada em um amplo referencial, e mesmo como uma ficção científica marcante. Nada mais digno de uma figura envolta em tanto mistério e tão inspiradora quanto Leonardo da Vinci.

Da Vinci’s Demons (EUA – 2013)
Showrunner: David S. Goyer
Direção: Peter Hoar, Michael J. Bassett, David S. Goyer, Jamie Payn, Paul Wilmshurst, Jon Jones, Charles Sturridge, Alex Pillai, Justin Molotnikov, Mark Everest
Elenco: Tom Riley, Laura Haddock, Elliot Cowan, Gregg Chillin, Eros Vlahos, Blake Ritson, David Schofield, Lara Pulver, Hera Hilmar, James Faulkner
Duração: 480 min.

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