Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Deadpool Mata Deadpool (Killogy 3)

Crítica | Deadpool Mata Deadpool (Killogy 3)

por Luiz Santiago
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estrelas 2,5

Esta terceira parte da Killogy de Deadpool finaliza de forma mediana (sendo, pois, a melhor minissérie da carnificina até o momento) um dos piores argumentos que os quadrinhos já conheceram, iniciado em Deadpool Mata o Universo Marvel. A sequência da saga foi bem melhor que a primeira parte, colocando o anti-herói no Universo das histórias clássicas de nossa literatura e que foram o núcleo de inspiração para diversos heróis e vilões da Marvel. Agora, nesta terceira parte, temos a sequência dos eventos anteriores sob uma nova linha dramática. Continua sendo dispensável a leitura dos outros volumes para entender o andamento da história, porque há narração de sobra para contextualizar a trama.

O que torna essa história melhor que as duas anteriores também escritas por Cullen Bunn é a entrega de um cenário que se resolve mais ou menos bem e é trabalhado de forma interessante e quase organicamente. Não há nada ideal na forma como o roteirista guia a história, mas ele ao menos respeitou o tipo de loucura que se propôs fazer e aprimorou o fio da meada que nos guia de um lugar para outro, de uma batalha ou vilãopool para outro, dando maior sentido a esse Universo, algo que jamais sonhou em passar perto de DMOUM.

Capas das edicoes 1 a 3 deadpool kills mata deadpool

Capas das edições #1 a 3.

O que não dá para engolir em nenhum aspecto é o fato de esta ser uma continuação de histórias anteriores e não haver sequer a tentativa do roteiro em dar sentido aos Universos visitados. Por mais que o leitor goste do personagem, esteja animado pela perspectiva violenta da história (e isso é realmente legal aqui) e as piadas do tipo Deadpool Inception, volta e meia a transição e citação de outros universos colocadas de modo inconsequente na narrativa atrapalha a contextualização, principalmente porque — e esse é um dos gigantescos erros do roteiro, que jamais se dá o trabalho de preencher os buracos — o protagonista desta história é o nosso Deadpool, o Tagarela da Terra 616!

E muito mais do que nas outras histórias, a coisa dos universos paralelos, as outras Terras e as realidades alternativas surgem aqui por todos os cantos dos quadros, tornando o estabelecimento de um espaço-tempo (logo, de um sentido real da narrativa a partir do ponto de vista dos personagens) quase impossível de definir ao certo. Isso piora muito porque se em Killogy 1 e em Killogy 2 tínhamos o ensandecido Deadpool da Terra 12101, aqui em Killogy 3 quem toma a frente da narrativa é o Deadpool da Terra 616, um personagem completamente alheio aos eventos que é “recrutado” por Deadpools de lugares diferentes — citações abaixo — e que passa a assumir a matança, agora pelo lado dos mocinhos e sob a perspectiva de [mais uma] das piores ideias de Cullen Bunn, a menção de que o Sr. Deadpool é o mentor/criador de todas as coisas nesses universos paralelos e alternativos. Em uma tacada só, isso anula as duas partes anteriores da jornada e não há “zuera never ends” que justifique conceito tão mal apresentado.

Da Times Square da Terra 616, o nosso Deadpool tem contato com a cruzada do “Açougueiropool” da Terra 12101 através dos seguintes Deadpools:

varios deadpools universo paralelo multiverso

Lady Deadpool (Terra 3010). Deadpool Pulp (Terra 10310). Dogpool (Terra 103173). Deadpool da Era de Ouro ou Veapon Nazi (Terra TRN245). Kidpool (Terra 10330).

Essa equipe tem a missão de contextualizar o novo Pool ao que está acontecendo e, se a explicação e a contextualização de nada servem e nada explicam, ao menos o roteiro consegue facilmente nos divertir com os personagens e fazer com que nos simpatizemos com eles. Aliás, seria interessante ver o Piscina Morta da nossa Terra em parceria com esse grupo novamente — o que aparentemente seria impossível, porque eles morreram, mas roteirismo é o remédio para qualquer morte… — ao menos houve uma boa interação de amizade e equipe, bem mais do que o “último parceiro” do Tagarela nesta jornada, o Pandapool (Terra TRN312), que também é interessante, mas aquém desta primeira parceria.

A arte de Salva Espin é uma boa pedida para esse tipo de história, porque dada a delicadeza do traço e finalização esteticamente harmônica, contrasta quase que de forma cínica com a temática trabalhada. As cores de Veronica Gandini são igualmente aplicadas sob essa perspectiva, principalmente nas cenas de batalha. A oposição entre as paletas de cores no ambiente e o predomínio do vermelho nos uniformes cria um corpo visual muito interessante, certamente a melhor arte dessas três Killogy.

O término da luta com a porta aberta para uma futura ação do Evil Depool-Retalho parece, pela primeira vez, promissor. Embora o encerramento de toda a luta tenha sido anticlimático e inteiramente patético (além de dramaticamente sem sentido), esta terceira minissérie ainda consegue se sustentar na linha mediana porque nos proporciona ao menos algumas páginas daquilo que uma história maluca do Deadpool deve ter: bizarra jornada de batalha + alguma coerência. Que a próxima seja melhor, então.

Deadpool Mata Deadpool (Deadpool Kills Deadpool — Killogy 3) — EUA, 2013
Roteiro: Cullen Bunn
Arte: Salva Espin
Cores: Veronica Gandini
Letras: Joe Sabino
Capas: Michael del Mundo
4 edições de 24 páginas cada uma.

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