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Crítica | Deadpool: Reinado Sombrio

por Giba Hoffmann
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Uma das maneiras mais interessantes que os roteiristas bolaram para incorporar as doideiras e idiossincrasias das histórias do Deadpool nos grandes eventos que perpassam todo o Universo Marvel é inseri-lo com papel pivotal nos bastidores secretos de momentos-chave dessas sagas, ao melhor estilo Forrest Gump. O absurdo da premissa costuma ser ocasião de bons momentos de humor descompromissado, utilizando-se da natureza metalinguística do personagem para tirar sarro dos gimmicks envolvidos no formato já tão batido mas nunca menos auto engrandecedor dos megaeventos.

O arco de Reinado Sombrio do Mercenário Tagarela faz exatamente isso, trazendo uma trama despreocupada e nonsense que se apoia sobre os eventos de Deadpool: Invasão Secreta, onde como vimos Nick Fury havia contratado Wade para se infiltrar em uma nave Skrull e obter dados biológicos que possibilitassem o assassinato da rainha Veranke. Ao final da divertida infiltração, vimos Norman Osborn interceptar os dados coletados, o que resultou: (1.) na morte da rainha pelas mãos dele, na conclusão um tantinho forçada de Invasão Secreta e (2). em Nick Fury não recompensando Wade com seus devidos honorários pelo serviço, já que a transmissão dos dados ficou sem chegar ao contratante.

Assim é que Wade decide iniciar uma cruzada pessoal contra o diretor da H.A.M.M.E.R., em busca de justiça pelo roubo do pagamento que lhe era devido e, por tabela, do crédito pelos dados que foram responsáveis por salvar a humanidade — fato tão absurdo que a própria trama não perde a oportunidade de tirar um sarro em cima (o valioso segredo biológico era, afinal de contas, uma fraqueza inata da espécie Skrull a um belo disparo de plasma no meio da cabeça  quem poderia imaginar!).

Melhor dizendo, essa cruzada pessoal é que vem até o próprio Deadpool, que na volta da intercalação com as enfermeiras-zumbi acaba abordado pelo mercenário atlante Tubarão-Tigre, que o assassina a mando de Osborn. O novo protetor do mundo livre não quer deixar uma ponta solta dessas por aí, afinal de contas. As duas edições que retratam a guerra de Wade contra o Tubarão-Tigre são provavelmente o ponto alto do arco em termos de humor.

Enquanto que no arco anterior notamos o roteiro de Daniel Way ainda tateando ao redor da caracterização ideal para o humor do Mercenário Tagarela, nessas duas edições pode-se dizer que o roteirista acerta em cheio, encadeando uma série de piadas e momentos de diálogo muito bem acertados, resultando em situações e trocas hilárias envolvendo Deadpool, seu inimigo escamoso e a reação do público em geral.

Ao final da primeira metade do conflito, temos a chegada de Bob, Agente da Hidra, o que obviamente apenas adiciona ao cenário geral da trama, garantindo novos momentos divertidos. Toda a cena da emboscada múltipla no hotel é divertidíssima, e puro humor nonsense ao estilo de Deadpool. A dinâmica com Bob continua fantástica como sempre, e a versão bonachona do Tubarão-Tigre não fica aquém da dupla.

Dando prosseguimento ao embate, temos o crossover com os Thunderbolts, ao longo do qual ganha espaço a equipe de supervilões “reformados” (nem tanto, no caso atual) e através do qual também acabamos tendo duas edições do arco com Andy Diggle nos roteiros. O roteirista consegue balancear o tom mais usualmente sóbrio de sua narrativa, inserindo bons momentos de comédia, ainda que não necessariamente na mesma toada que Way vinha trazendo. Os estilos diferentes de humor funcionam bem juntos e se contrabalanceiam em um conjunto capaz de entreter facilmente.

Enquanto que o elenco atual dos Thunderbolts dificilmente empolgará muitos leitores que não os entusiastas por personagens-Z específicos, com figuras fracas como Carrasco, Fantasma e Paladino. a decisão acertada de trazer para o rolo o Treinador ajuda a emprestar para a história o pacote completo de humor, comédia e ação. O bromance entre Deadpool e o Treinador, que remonta lá ao primeiro arco de sua primeira revista mensal, é muito bem explorado aqui e traz vários momentos divertidos, ainda que nada propriamente inovador.

Um arco cheio de bom humor e explorando bem, sob um ar despojado e com toques de auto-sátira, o status quo do Reinado Sombrio de Norman Osborn, Deadpool: Reinado Sombrio tem comédia, ação e boas interações de personagem que fazem com que o arco fique acima da participação do mercenário em Invasão Secreta. Com o roteiro de Way acertando melhor na caracterização do personagem e em suas batidas de humor do que nas entradas anteriores da série e a participação de uma perspectiva diferente de Andy Diggle e boas artes nas duas metades do crossover, trata-se de uma boa leitura do Mercenário Tagarela, ainda que nada necessariamente inovador.

Deadpool: Reinado Sombio (Deadpool Vol. 2 #6 a 9, Thunderbolts Vol. 1 #130 e 131) — EUA, 2009
Publicação no Brasil: Reinado Sombrio #5 e 6 (Ed. Panini, Maio e Junho de 2010); X-Men Extra #102 e 103 (Ed. Panini, Junho e Julho de 2010)
Roteiro: Daniel Way, Andy Diggle
Arte: Paco Medina, Juan Vlasco, Bong Dazo, Joe Pimentel
Capa: Jaseon Pearson, Francesco Mattina
Editora: Marvel Comics
Editoria: Axel Alonso
Páginas: 150

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