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Crítica | Deadpool (Game, 2013)

por Anthonio Delbon
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Deadpool completa 25 anos de idade em fevereiro de 2016, contando sua primeira aparição na edição 98 dos Novos Mutantes, em 1991. Se há algum herói/anti-herói que cresceu em popularidade nos últimos anos, sem dúvida se tratará do mercenário tagarela. É nesse sentido que o game que leva seu nome, lançado em 2013, tentou aproveitar o início da “moda Deadpool” para emplacar, o que só contribuiu para mais uma adição à prateleira de games fracos, sem criatividade e extremamente cansativos, direcionados para um público específico e não muito exigente no que diz respeito ao entretenimento servido.

Desde os menus cômicos, ao humor negro de piadas envolvendo inúmeros X-Men, o jogo trata, felizmente, de mostrar um personagem fiel ao dos quadrinhos, o que pode ter ajudado, ainda que pouco, em um renascimento da figura ao grande público, o mesmo acostumado com a aberração de X-Men Origens: Wolverine. Se você é fã de Wade Wilson, o jogo será, no máximo, razoável. Se você nem sequer conhece, talvez o jogo até seja melhor, mais longevo, pelo menos, devido ao tempo maior em que se suportará as piadas infames. Mas é só. Deadpool é um game de início de Playstation 2 feito para os últimos anos de Playstation 3. É triste.

A partir do momento em que as piadas – que até soam naturais e abusam da variedade de besteiras vistas nas HQs – se tornam repetitivas, nada te fará continuar jogando esse limitadíssimo beat’em up em terceira pessoa. A ideia de que as espadas e as armas de Wade dariam certo em um gameplay são simplesmente ridículas. Nenhum gamer aguenta mais um jogo sem dificuldade, com combos tão artificiais quanto os cenários e o level design. Dá enjoo apenas de lembrar… passou-se muita vista grossa à época de seu lançamento, muito porque o aspecto cool de anti-herói, por destoar tanto do universo dos super-heróis, traz instantaneamente um sorriso no rosto de quem o vê pela primeira vez. A quebra da quarta parede é cômica, sim, principalmente nas interações com o enfadonho Cable. Por tirar sarro do próprio gênero de games – a piada com o pulo duplo é genial –  do qual faz parte, Deadpool merece reconhecimento. Mas esse reconhecimento para aqui.

As piadas certamente seriam melhor se o próprio game não incidisse na piada feita – a de um jogo de ação ruim com clichês aos montes. Passa-se uma sensação de tentativa de esperteza, de uma piada bem pensada, mas extremamente mal realizada. Uma história poderia salvar, mas isso é sério demais para um game “tão” engraçado. Nolan North, um dos maiores atores de voz da indústria, faz trabalho memorável, mas pouco consegue fazer em um contexto geral.

A boa notícia é que o game dura de três a quatro horas. A trilha sonora permeada de rock também consegue te levar por esse tempo, ainda que passada a primeira hora um verdadeiro martírio parece se iniciar. Encher a tela de inimigos com precária inteligência artificial e apostar em controles simplórios são táticas extremamente ultrapassadas para passar alguma adrenalina em jogos de ação. É, sem dúvida, lamentável ver personagens de um universo tão rico como o dos X-Men tendo suas melhores participações em games nos últimos anos em um jogo tão previsível e constrangedor, por tanto tentar disfarçar suas falhas em um humor de um personagem cult que, definitivamente, foi elevado à um patamar acima do que realmente é – de todos os da Marvel, o que se quer ver é realmente um game solo de Deadpool??

Desperdício de tempo é o que alguns games parecem tentar trazer como novidade para o mercado. Genéricos, como Deadpool, se sustentam em uma mídia que deifica um personagem medíocre, com muitos mais pontos baixos do que altos ao longo de sua história. E o pior: desperdiçam uma oportunidade de fazer uma obra marcante, ainda que fosse apenas pelo humor negro empregado, como foi o ótimo South Park: The Stick Of Truth, aliando tudo o que um game precisa para ficar na memória. Ninguém pede outro clássico contemporâneo como Batman: Arkham. Custa, todavia, fazer algo decente?

*Algo decente parece pedir muito para a High Moon Studios, vinculada com a Activision e desenvolvedora do jogo, que trouxe para o mercado, vejam só, três jogos de Transformers no início da década. Tá explicado…

Deadpool
Desenvolvedora: High Moon Studios
Lançamento: 25 de junho de 2013
Gênero: Ação
Disponível para: PS3,PS4, Xbox 360, Xbox One e PC

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