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Crítica | Death Note 2: The Last Name

por Guilherme Coral
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estrelas 2

– Contém spoilers do filme e do mangá.

No mesmo ano do lançamento do anime baseado no mangá de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, a obra também ganhou duas adaptações cinematográficas, sendo ambas concebidas como as duas partes do filme que nos conta a história de Light Yagami e seu caderno da morte. Eis que, poucos meses após a estreia de Death Note: O Filme, chegou aos cinemas Death Note 2: The Last Name, capítulo final da história de Kira, que continua exatamente de onde fomos deixados no primeiro longa-metragem.

Para aqueles que leram o mangá, essa segunda parte aborda o período entre o surgimento do segundo Kira até a morte de L (Ken’ichi Matsuyama), tendo, porém, um desfecho diferente, no qual o detetive apenas forja a sua própria morte a fim de conseguir a confissão de Light (Tatsuya Fujiwara). Nesse processo de adaptação, outras alterações consideráveis são realizadas, como a condensação do foco na empresa Yotsuba (inexistente no filme) com o do segundo Kira (Misa Amane). Toda a questão da perda de memória de Light e plano para derrubar L, porém, é mantida, praticamente, intacta.

A experiência de assistir Death Note: The Last Name nos faz enxergar com total clareza como o mangá não fora feito para ser transcrito para o cinema. Importância aqui sendo a palavra “transcrito”, visto que uma história apenas inspirada é sim possível de ser realizada. E qual o porquê disso? Em razão da estrutura narrativa estabelecida pela obra original, que se divide em inúmeros atos muito distintos entre si, impossibilitando, portanto, que tudo seja adaptado para algo menor do que, diria eu, quatro ou cinco filmes.

Mesmo essa versão condensada que é o segundo filme, conta com uma narrativa exageradamente fragmentada e, na sua tentativa de manter a fidelidade, enquanto faz necessárias mudanças, acaba criando um meio termo que prejudica não somente nossa imersão, como toda a progressão da trama. Um bom exemplo disso é o ato final, que soa demasiadamente corrido (até a incessante verborragia antes da morte de Light), trazendo pontos que simplesmente não fazem sentido, como a desculpa de Soichiro em ir para os EUA ou o fato de Light não ter checado se L estava realmente morto, algo indesculpável considerando o quão meticuloso é o personagem.

Além disso, é preciso ressaltar o quanto a fidelidade visual prejudica nossa imersão. Pessoalmente considero Death Note um dos grandes mangás do século XXI, se não um dos melhores já feitos, toda a caracterização dos personagens, especialmente de L e Misa, contudo, dificilmente pode ser transposta para uma mídia live-action. Além disso, notáveis exageros podem ser observados na personalidade de Ryuk, que estabelece um humor que simplesmente não combina com o restante da narrativa. Curiosamente esse aspecto é deixado de lado logo na primeira metade da projeção, como se Tetsuya Oishi, encarregado do roteiro, tivesse mudado de ideia no meio da confecção do texto.

Em termos de atuação, todos os personagens centrais cumprem sua função, ainda que Ken’ichi Matsuyama, na tentativa de ser o mais fiel possível, acabe não transparecendo qualquer tipo de emoção. Tatsuya Fujiwara, como Light, por sua vez, tem mais espaço para brilhar aqui do que no filme anterior e consegue transitar perfeitamente entre o seu “eu” com e sem memória, ambos diametralmente opostos. Existe uma boa parcela de over-acting no trecho de sua morte, mas nada que cause grande impacto em nosso aproveitamento da cena, que, aliás, foi uma boa saída para encerrar a obra, ainda que eu considere a morte de L algo necessário para constituir a grandeza dessa história.

Dito isso, em Death Note 2: The Last Name, acompanhamos o final da história de Light, que é consideravelmente mais curta que sua contraparte no mangá ou no anime. O tempo de atuação de Kira na sociedade, claramente, reflete a pressa de Tetsuya Oishi em condensar o máximo que pode do mangá em um longa de cento e quarenta e um minutos. Trata-se de uma obra de narrativa fragmentada e que não capta sequer um terço da essência do mangá, funcionando nem sequer como um resumo da história.

Death Note 2: The Last Name — Japão/ EUA, 2006
Direção:
 Shûsuke Kaneko
Roteiro: Tetsuya Oishi (baseado no mangá de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata)
Elenco: Tatsuya Fujiwara, Takeshi Kaga, Shidô Nakamura, Erika Toda, Shigeki Hosokawa, Shunji Fujimura, Ken’ichi Matsuyama,  Shin Shimizu, Sota Aoyama, Pîtâ
Duração: 141 min.

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