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Crítica | Deathgasm

por Guilherme Coral
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estrelas 3,5

Existem dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que passam longe de filmes com um título tão surreal quanto Deathgasm e outras que, ao se depararem com algo assim na Netflix simplesmente necessitam parar para assistir. Estamos falando de uma obra que ou será um grande lixo ou uma das sete maravilhas do mundo. Surpreendentemente, o filme consegue ficar no meio, sendo apenas mediano, visto que não se perde em sua premissa ou a explora totalmente, o diretor Jason Lei Howden acaba inserindo elementos de outros gêneros que, no fim prejudicam sua obra como um todo, por mais que mantenha uma linguagem bastante homogênea ao longo de sua duração.

A história acompanha Brody (Milo Cawthorne), um jovem metaleiro cuja mãe fora recentemente presa, o que o forçara a se mudar com seus tios. Em sua nova cidadezinha, o metalhead acaba conhecendo Zakk (James Blake), com quem monta uma banda de metal, junto de seus novos amigos nerds. Sua vida vira de cabeça para baixo, contudo, quando eles encontram a partitura de uma música demoníaca, que tocam e desencadeiam a vinda de um demônio, transformando os cidadãos daquele lugar em seres possuídos que visam matar a qualquer um em sua frente. A única alternativa desse grupo é arranjar uma forma de reverter toda essa situação.

Sob muitos aspectos, Deathgasm soa como um saudoso filme dos anos 1980 sobre o rock, nos moldes de Detroit Rock City, por exemplo. Há um foco evidente no metal, como se a obra tentasse ao máximo defender o gênero musical. Mas isso vai apenas até a primeira metade do filme, naturalmente. Depois disso, o roteiro de Jason Lei Howden inicia uma grande brincadeira com o clássico preconceito acerca de tais músicas, de pessoas que as taxam de peças musicais satânicas. Seu texto é sarcástico por excelência e definitivamente esse é o melhor aspecto dele.

Infelizmente, a obra acaba perdendo muito tempo com o interesse amoroso de Brody, introduzindo uma trama de traição completamente dispensável, que, no fim, não acrescenta em absolutamente nada ao filme (apenas uma ótima piada sobre maquiagens e o tempo que se leva para fazê-las). Isso acaba nos distanciando do que realmente importa em Deathgasm. Por outro lado, a namoradinha do protagonista, Medina (Kimberley Crossman), se estabelece mais do que um puro interesse amoroso e se qualifica como uma personagem verdadeiramente badass, que conquista seu espaço narrativo na segunda metade da projeção.

O que realmente destaca a obra de verdade, porém, é o seu visual. Jason Lei Howden opta por efeitos práticos na composição de suas cenas (com algumas exceções), garantindo um ar de filme B oitentista à sua obra. Em inúmeros trechos sentimos como se estivéssemos diante de uma continuação de Evil Dead (os originais, com Bruce Campbell, claro), o que é verdadeiramente maravilhoso para qualquer apreciador dessas preciosidades de Sam Raimi, como eu ou nosso editor, Ritter Fan. A comédia do longa se estabelece principalmente através desses momentos absurdos de terror superexpositivo ridículo e, em alguns momentos, através de inserts hilários, somente pecando na necessidade constante do roteiro fazer piadas com pênis – ainda que um demônio sendo morto com um vibrador seja nada menos que sensacional.

Apesar de seus defeitos, Deathgasm tem o que falta para muitos filmes que vemos por aí: coragem. Essa, sim, é uma obra que sabe exatamente onde quer chegar e não tem medo de seguir por esse caminho, que fora delineado há tantos anos por Evil Dead e explorado, mais recentemente, por Todo Mundo Quase Morto. Se você pretende se divertir com um filme de comédia + horror, esse definitivamente é uma boa pedida. Com muito sangue, situações absurdas e metal, Deathgasm faz jus ao seu título – não é perfeito, mas é ousado.

Deathgasm — Nova Zelândia, 2015
Direção:
 Jason Lei Howden
Roteiro: Jason Lei Howden
Elenco: Milo Cawthorne, James Blake, Kimberley Crossman, Sam Berkley, Daniel Cresswell,  Delaney Tabron
Duração: 86 min.

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