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Crítica | Demolidor: Diabo da Guarda

por Melissa Andrade
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Dentre tantos personagens da Marvel, o Demolidor sempre foi o que menos chamou minha atenção. Nunca me interessei por suas histórias ou mesmo a sua origem. O pouco que conhecia dele e vagamente me lembrava, era devido ao fiasco cinematográfico que todos sabem do qual me refiro. Não sei explicar, mas, simplesmente não atraía a minha atenção… até agora.

Em Demolidor: Diabo da Guarda, Murdock precisa se reerguer a força depois dos últimos eventos para enfrentar uma nova ameaça que irá colocar a prova suas crenças e convicções. Quando um bebê é clamado como sendo o possível anticristo, Matthew deverá enxergar além daquilo que seus sentidos apontam e confiar em quem sempre esteve ao seu lado. Em meio a tudo isso, ele enfrentará ainda a volta de sua ex-namorada Karen Page trazendo péssimas notícias, como também a prisão de seu sócio Foggy, além de uma conturbada relação com a Viúva Negra e questionamentos de sua infância. Somado a tudo isso está um inimigo obscuro que fará de tudo para dificultar a vida do Demolidor em sua busca por respostas e pela segurança da criança.

Kevin Smith escreve com extrema propriedade sobre o personagem e ao detalhar seus conflitos internos, mergulha o leitor (novato ou veterano) neste mundo conflituoso onde a religião é usada para justificar todos os atos, sendo eles pecaminosos ou não. A fé do Demolidor é tão conturbada quanto sua vida, pois em tudo ele questiona seu papel no mundo, o papel do vilão e as ações de ambos. A trama foi bem elaborada e contém a dose certa de ação, história e suspense, sem abusar de nenhum, nos fazendo entender primeiro quem de verdade é o Demolidor, para então termos a visão completa do porque ele luta. Tamanha profundidade também é encontrada nos motivos do vilão, que mesmo se revelando somente no último capítulo, justifica ter feito todas as suas maldades embasadas em questões pessoais bem densas e não apenas utilizando de joguetes estapafúrdios.

Em complemento à história, temos a arte de Joe Quesada que já havia trabalhado com Smith em um de seus filmes e é também o chefe de redação da Marvel Comics. Os traços de Quesada são limpos, simples, mas os quadros são repletos de detalhes e nuances que ficam em evidência graças ao trabalho da equipe de cores, ainda que em alguns pontos prejudique um pouco por salpicar cores demais tirando a seriedade do tema em certos capítulos. Seu Demolidor, apesar de jovem, carrega consigo um fardo enorme, possível de reconhecer não somente através da história, mas também pelas expressões faciais muito bem feitas. Apesar de seu excelente trabalho, as mulheres da trama são muito estereotipadas no estilo ‘garota da califórnia’, lábios carnudos, corpo sarado, cabelos ao vento (mesmo dentro de algum cômodo) algo que não me agradou muito. Já as idosas, possuem quase todas a mesma expressão. A Viúva Negra é a que sofre mais, pois ganhou feições bem delicadas o que não condiz com a natureza da personagem.

Todavia, para quem não havia lido nada sobre o personagem este foi certamente um ótimo começo, pois mesmo não se tratando de um arco extremamente importante, a história possui seus méritos.

Demolidor: Diabo da Guarda
Publicação Original: 
Daredevil edições 1-8 (Novembro de 1998 a Junho de 1999)
Publicação no Brasil: Salvat, 2014
Roteiro: Kevin Smith
Arte: Joe Quesada
Cores: Dan Kemp, Drew e Richard Isanove
Páginas: 212

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