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Crítica | Demolidor: Crianças-Púrpura

por Luiz Santiago
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SPOILERS!

Dos arcos escritos por Mark Waid para o Demolidor desde o Volume 3 da revista do herói, este me pareceu o menos interessante, ao lado de Os Amigões da Vizinhança. E não porque se trata de um arco ruim, mas porque a história apresentada é curta demais para causar algum tipo de impacto no leitor, além de ter construção e resolução demasiadamente rápidas.

Duas tramas se ajustam aqui. A primeira, sobre o andamento mais que interessante do relacionamento entre o publicamente conhecido Demolidor e a advogada Kirsten McDuffie. Importando-se cada vez mais com o mundo do namorado, ela também serve como apoio psicológico e ajudante de tecnologia ou conselhos para o demônio. Na primeira parte desta aventura, a melhor das três, o Demolidor está de folga, em um iate, com o pai de Kirsten, que lhe oferece um cheque de alto valor para que a biografia do Homem Sem Medo seja publicada em sua editora.

Os problemas de Murdock com dinheiro começaram desde o arco final do volume três, Fechando as Portas, e parecem persistir agora que ele se mudou para São Francisco. Mark Waid escreve um roteiro cada vez mais marcado por problemas ordinários que se opõem ao mundo nada comum que o personagem deve lidar toda vez que veste o uniforme vermelho. Parece estranho, mas desta vez a melhor parte da história não é a do Demolidor, mas a de Matt Murdock, seja nos momentos em que está com Kirsten, seja na breve saída com Foggy (disfarçado em roupa de gordo e boina, o que é hilário) ou no momento de folga ao início da edição #08.

O vilão aqui é Killgrave, o Homem-Púrpura. Mas ele não está sozinho — e o verdadeiro ponto fraco de toda a edição se coloca nesse aspecto: o vilão desta vez está junto com seus filhos. A concepção para a história deveria ter mesmo este grau de desapego e manipulação, porque o vilão é capaz disso. Mas o tempo em que esses elementos são trabalhados é extremamente curto, além de ser apresentado em pouco quadros, dentro de uma cena de ação que inicialmente imaginamos ser outra coisa e que não nos convence nem um pouco depois que entendemos do que se trata.

Waid acaba por concertar o caráter pouco favorável que essa introdução do vilão nos traz, mas a história, mesmo assim, não consegue avançar muito, sendo apenas “ok” no final.

O que chama atenção em termos de construção de personagem é o estado de depressão que as crianças conseguem colocar o Demolidor. A forma como ele fica paralisado de tristeza é ao mesmo tempo chocante e próxima da ação da depressão na vida das pessoas. Ver isso retratado nos quadrinhos é interessante e muito mais quando o herói afetado é o Demolidor, que já tem um histórico nesse âmbito a ser considerado.

A arte de Chris Samnee continuar fenomenal, sendo apenas um pouco preguiça na edição #10, mas nada muito grave. Com as cores de Matthew Wilson, as emoções — ponto forte do arco — são muito bem representadas em cada cenário, além de possuírem boa finalização e diagramação simples, mas eficiente.

Esta pequena aventura do Homem Sem Medo contra Killgrave e as Crianças-Púrpura parece uma ponte entre Pecado Original e o arco seguinte, formado pelas edições #11 a 16. É um bom arco, mas algo consideravelmente abaixo daquilo que Waid veio apresentando nos últimos meses.

__ So there’s a lunatic on the loose. Do you figure his parents just assumed he’d grow up to be evil when they named him “Zebediah Killgrave”?

__ Yeah. We call it the “Victor von Doom” paradox.

Demolidor Vol.4 #8 a 10: Crianças-Púrpura (Daredevil Vol.4) — EUA, 2014
No Brasil:
Demolidor #9 (encadernado + Demolidor: Noites Escuras) — Panini, 2015
Roteiro: Mark Waid
Arte: Chris Samnee
Cores: Matthew Wilson
Letras: Joe Caramagna
Capas: Chris Samnee, Matthew Wilson
24 páginas (cada número)

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