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Crítica | Deus Não Está Morto

por Melissa Andrade
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De acordo com o dito popular, há três assuntos que não devem ser discutidos: política, futebol e religião. Esse último, então, é o principal causador de muitas guerras, uma inclusive que continua ocorrendo nos dias de hoje.

Ainda assim, os três possuem um denominador em comum, seus leais seguidores. Aquele amigo, que é torcedor fanático de um time, tentará te convencer de todos os modos possíveis que o time dele é o melhor. O mesmo ocorre com os partidos políticos e com a religião. Nesse ponto, qualquer um que tenta forçar o seu ideal, a sua opinião, acaba se tornando chato, acreditando ele em alguma coisa ou não.

E isso acaba sendo mais ou menos o proposto pelo filme Deus Não Está Morto. A premissa do embate entre um cristão e um ateu é deveras interessante, uma pena que é pessimamente desenvolvida.

Josh é um calouro na universidade de Direito. Acabou de se mudar para a cidade com a sua namorada e pretendem construir uma vida juntos. Tudo ia muito bem até ele ter sua primeira aula de Filosofia. O professor Radisson, antes de começar a ministrar as aulas, faz um pedido a turma. Para que todos fiquem de acordo com ele, precisam escrever numa folha em branco as seguintes palavras: “Deus está morto”. Os alunos riem, alguns se entreolham intrigados, mas todos atendem ao pedido, com exceção de Josh. Ao subir de fileira em fileira recolhendo os papéis, Radisson para ao lado da carteira de Josh que lhe diz que não vai escrever. Radisson, bastante categórico, afirma que ele só poderá continuar assistindo suas aulas se assinar o papel. Bastante determinado, Josh insiste que não irá escrever e então o professor lhe faz uma proposta. Se em três aulas ele conseguir provar que Deus está vivo, poderá continuar frequentando as aulas. Josh aceita o desafio sabendo que a tarefa a sua frente não será nada fácil. Afinal, Radisson está mais do que pronto para reprová-lo.

Sendo o espectador uma pessoa religiosa ou não, os argumentos utilizados pelo personagem de Josh para justificar a existência de Deus são todos baseados em filósofos famosos como Nietzsche e, até mesmo, o cientista Stephen Hawkings. Do outro lado do ringue, o descrente Professor Radisson faz o mesmo, usando citações que provam justamente o contrário. Os diálogos são interessantes e o jogo de poder entre os dois, intenso.

Além desse núcleo, há outros personagens ao redor dos dois, que de uma forma ou de outra têm suas vidas tocadas pela religião ou a falta dela. Há uma repórter bem incisiva, um empresário manipulador, uma garota muçulmana confusa, apenas para apontar alguns.

Contudo, bem perto do final, quando é hora de sabermos o desfecho, Deus Não Está Morto perde completamente o rumo e o espectador sente como se estivesse levando com a Bíblia na cabeça. Uma nítida lavagem cerebral que é o suficiente para derrubar todos os outros argumentos apresentados pelo próprio filme. O diretor Harold Cronk chuta para longe a velha história da tolerância e, junto com os roteiristas Chuck Konzelman e Cary Solomon, tentam vender ao espectador que a única solução para ser feliz ou mesmo ser bem sucedido é acreditar em Deus. Para tal, usam dos motivos mais torpes que justifique tal ideia, fazendo com que os personagens descrentes sofram os piores destinos.

Aparentemente baseado em casos reais, onde em diversas faculdades americanas alunos foram repreendidos por propagar sua religião, o filme se mostra tão intolerante e preconceituoso quanto aqueles que estão denunciando.

No fim, qualquer atitude extremista, seja de cunho religioso ou não, acaba desvirtuando o próprio assunto.

Deus Não Está Morto não tem estrelas, pois o filme consegue anular aquilo a que se propõe.

Deus Não Está Morto (God’s Not Dead – USA 2014)
Direção: Harold Cronk
Roteiro: Chuck Konzelman, Cary Solomon
Elenco: Willie Robertson, Kevin Sorbo, Shane Harper, David A.R. White, Korie Robertson, Marco Khan, Lenore Banks, Dean Cain, Paul Kwo, Cory Oliver, Cassidy Gifford, Trisha LaFache
Duração: 113 min.

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