Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Doctor Who Annual – Quadrinhos (1967 – 1970)

Crítica | Doctor Who Annual – Quadrinhos (1967 – 1970)

por Luiz Santiago
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A Doctor Who Annual foi criada com a intenção de entreter o público de Doctor Who com material extra baseado na série, e começou a ser publicada no ano de 1965. Os Anuários de DW sempre são referentes ao ano posterior ao que são lançados, assim sendo, o Anuário de 1966 foi publicado em 1965; o de 1967, publicado em 1966, e assim por diante.

As edições da revista saem no segundo semestre de cada ano, entre agosto e setembro. Cada edição vem com uma série de atrações, a maior parte delas voltadas para o público infantil (pelo menos até os anos 80) e também adolescente (anos 90, 00 e 10). Puzzles, contos, quadrinhos, curiosidades, entrevistas e pequenas reportagens fazem parte da pauta fixa de cada número.

O presente bloco de textos traz críticas para as edições dos Anuários de Doctor Who publicados entre 1966 e 1969, focando unicamente os quadrinhos. Os contos das respectivas edições serão publicados em uma postagem à parte.

O Anuário de 1966, o PRIMEIRO da História de Doctor Who, não trouxe nenhuma história em quadrinhos. Apenas no ano seguinte tivemos a comic strip de estreia e é a partir desse ponto que começamos a nossa aventura.

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Mission for Duh

DW Annual 1967

Equipe: 1º Doutor
Espaço-tempo: Planeta Birr, tempo indeterminado

Essa história é praticamente uma missão de paz empreendida pelo Doutor. Ele está viajando temporariamente sozinho e, numa dessas viagens, chega novamente ao Planeta Birr, que, para sua surpresa, está deserto. No decorrer da história, sabemos que Birr era habitado por uma espécie de planta inteligente (com direito a sociedade, hierarquia, formas de governo e até carrasco!) que se retiraram para o subterrâneo após julgarem ser ameaçadas pelos Rostrows, uma espécie humanoide super-desenvolvida em missão no Planeta.

O enredo chama a atenção do leitor para em seguida chegar ao nada. O conflito é instigante, a parceria do Doutor ao lado de Duh (um Rostrow) funciona perfeitamente nos moldes de “companion temporário”, mas a trilha percorrida para que isso acontecesse foi trabalhada às pressas, não pareceu algo natural.

A arte tem um acabamento pouco rigoroso, o que lhe dá uma aparência de aquarela. De uma forma muito desagradável, a história nos lembra um pouco os enredos do 1º Doutor na TV Comic, só que com uma arte inferior, o que é ainda pior.

Publicação: Setembro de 1966

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The Tests of Trefus

DW Annual 1968

Equipe: 2º Doutor, Ben, Polly
Espaço-tempo: Planeta não nomeado, tempo indeterminado

A temática do racismo e sua ideologia de inferioridade aparecem nessa história de forma disfarçada e exercida por um dos grupos desse planeta em que o Doutor, Ben e Polly chegam. Trata-se de um lugar com uma população humanoide que tinha a seguinte organização: pessoas de cabelos pretos governavam o planeta; pessoas de cabelos loiros eram escravizadas. A crença era que os loirinhos eram inferiores.

Para provar o valor de alguém de cabelos loiros, era proposto uma prova, a “Prova de Trefus”, onde os loirinhos deveriam atravessar a nado um lago cheio de crocodilos e disputar força no “cabo de guerra” contra um grupo de homens de cabelos pretos.

O absurdo das propostas, no entanto, não é a pior coisa da história. O roteiro não tem equilíbrio algum, mostrando um bom início de aventura, com a materialização da TARDIS e o encontro do Doutor e seus companions com os loiros do planeta, mas a partir daí há uma grande pressa em fazer tudo acabar, algo que alcança o seu clímax no fim da trama, com uma rápida e insatisfatória despedida do Doutor após a resolução do caso – que não parece ter sido resolvido de forma alguma.

Publicação: Setembro de 1967

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World Without Night

DW Annual 1968

Equipe: 2º Doutor, Ben, Polly
Espaço-tempo: Planeta de Luz, tempo indeterminado

Por um breve momento, o leitor dessa história está completamente engajado em comprar a premissa básica do texto e seguir adiante, independente do que vier a seguir. Numa análise fria, é perfeitamente possível que os habitantes de um planeta iluminado por 3 sóis entrem em parafuso na perspectiva de um eclipse. Mas daí até realizar a destruição da própria civilização é algo muito, muito diferente.

A arte para essa história (bem como para a história anterior) é muito boa, e por isso mesmo nos chama bastante a atenção. O texto, por sua vez, não ajuda em nada. A TARDIS se materializa em um local que parece um grande estádio e alguns homens voadores (!) aparecem e fazem contato com o Doutor. Alguns quadros depois, o assunto muda para a questão dos sóis que iluminam o planeta e o eclipse vindouro. É como se o início da história nunca tivesse existido!

O final me pareceu uma barata estratégia de marketing para vender revista, algo que por si só é uma absurdo, uma vez que a edição seguinte sairia dentro de um ano e ninguém espera tanto tempo assim por uma revista só para ver a continuação de uma comic strip. Aliás, o mesmo tipo de término (só que um pouco mais sutil) pode ser visto na história anterior. Me parece um mal inerente à editoria do Anuário.

Publicação: Setembro de 1967

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Atoms Infinite

DW Annual 1969

Equipe: 2º Doutor, Jamie, Victoria
Espaço-tempo: Planeta-átomo não nomeado, Uranium Universe (Inner Space), tempo indeterminado

Mesmo os leitores mais atentos demoram um pouco para entender o sentido geral dessa história. Trata-se de um grande esforço do roteirista em nos apresentar uma trama complexa e que trabalha elementos científicos, espaço-temporais, químicos e físicos, tudo isso em uma história de 6 páginas, o que evidentemente não tem um resultado final interessante, mas a proposta é louvável.

O Doutor, Jamie e Victoria, de alguma forma, conseguem entrar em um tipo de Universo Paralelo. Nos quadros seguintes, descobriremos que eles estão dentro do núcleo de um átomo, um planeta localizado no que um dos nativos chamam de “Uranium Universe”. A relação entre os espaços e as localizações dos corpos celestes é bastante confusa, mas se pararmos para pensar bem, faz sentido.

O que estraga a história é a sua grande ambição. O texto não é ruim e a sequência dos eventos poderia ser melhor trabalhada se o roteirista não tivesse a ideia fixa de fazer dos acontecimentos pequenos pedaços de teorias quânticas.

Publicação: Setembro de 1968

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Freedom by Fire

DW Annual 1969

Equipe: 2º Doutor, Jamie, Victoria
Espaço-tempo: Planeta não nomeado, tempo indeterminado

O enredo dessa aventura me lembrou bastante o de An Unearthly Child, mesmo que tenha particularidades bem distintas. O fato de haver um grupo de alienígenas ameaçados por alguma coisa e que ainda não conhecem o fogo, vivem em cavernas e se alimentam através da coleta, com certeza trouxe recordações da aventura do 1º Doutor na Pré-História (com a diferença que no caso da aventura do 1º Doutor, eles eram humanos, não aliens).

Em Freedom by Fire, o 2º Doutor consegue libertar um planeta inteiro do julgo de plantas carnívoras comedoras (pasme!) de carne humana. Algo também interessante sobre a história é que não existe inverno no planeta, então os aliens locais nunca precisaram se aquecer e talvez por isso mesmo não tenham sequer buscado um meio que pudesse levar ao fogo — embora essa não seja uma justificativa para não ter fogo, mas é que nos apresentam aqui.

A história não termina de forma tão ruim como as do anuário anterior, mas também não é boa. Trata-se de uma ventura medíocre, embora com uma boa dose de imaginação e situação interessante.

Publicação: Setembro de 1968

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The Vampire Plants

DW Annual 1970

Equipe: 2º Doutor, Jamie, Zoe
Espaço-tempo: Planeta Vênus, tempo indeterminado

A visita ao Planeta Vênus aqui é uma vontade do Doutor, que queria rever um velho amigo. Segundo o Time Lord, o Dr. Vane mantinha um interessante experimento de Jardins Botânicos no planeta, experimento esse desenvolvido com espécies de plantas vindas da Galáxia Galea (e cuja mais preciosa planta era a Galea Tentipocus).

O que se segue é bastante parecido com os acontecimentos que vimos em Freedom by Fire. Apesar das circunstâncias serem diferentes, o modus operandi do Doutor é exatamente o mesmo, inclusive a “arma” utilizada contra a planta assassina: o fogo.

Por algum motivo muito estranho o roteirista arruma uma justificativa horrorosa para deixar Zoe afastada da aventura, centrando a história apenas no Doutor e em Jamie. Seria até melhor que Zoe não estivesse aqui como companion, porque a participação dela é absolutamente nula e o pior de tudo é que quando o Doutor anuncia a visita a Vênus, ela é a úncia que diz algo positivo sobre o local, demonstrando-se ansiosa para conhecer o Centro Botânico do Dr. Vane. No final das contas, o autor lhe nega esse privilégio. O que dizer de uma coisa dessas?

Publicação: Setembro de 1969

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Robot King

DW Annual 1970

Equipe: 2º Doutor, Jamie, Zoe
Espaço-tempo: Hope City, 5000

Há mais de uma indicação nessa história de que o 2º Doutor estivera em Hope City antes, mas não consegui encontrar exatamente em qual ocasião. Há uma citação de que o 8º Doutor estivera em uma cidade chamada Hope, no planeta Endpoint (livro homônimo de Mark Clapham, lançado em 2002), mas nós sabemos que os Doutores não têm memórias de suas encarnações posteriores, uma vez que elas são cumulativas não previsíveis.

A maior parte da história transcorre de maneira muito boa. A TARDIS se materializa no local e o Doutor, Jamie e Zoe partem para explorar, fazendo as referências que eu citei no parágrafo anterior. O problema é que em um ponto da narrativa a passagem do tempo de quadro para quadro acaba nos chateando e a forma insossa como o roteirista termina a saga também não é nada simpática, o que nos faz rejeitar sutilmente o conflito apresentado e, por consequência, a história toda.

Publicação: Setembro de 1969

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