Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Doctor Who: Armas de Destruição do Passado

Crítica | Doctor Who: Armas de Destruição do Passado

por Luiz Santiago
244 views

Equipe: 9º Doutor, Rose, Jack
Espaço: Nave Lect / Mundo de Fluren (planetoide) / Planeta Traxis / Cidade Perpétua dos Unon (nave) / Planeta Excroth.
Tempo: Indeterminado

Localizada entre The Doctor DancesBoom Town, esta primeira aventura do 9º Doutor na Titan Comics expõe o Senhor do Tempo ao seu maior e (relativamente) mais recente fantasma, a Time War. A história, na verdade, é inteiramente construída sob essa coluna, tendo como linha de ação o enorme conflito entre as raças Unon e Lect, em um cenário onde a previsão do futuro e a interferência como prevenção e cura do Universo acaba por se tornar mais uma forma de dominação. Uma mistura de Minority Report e A Fundação são as bases conceituais de todo esse embate.

O Doutor, Rose e Jack esperavam se divertir em um planeta chamado Excroth, mas já no começo da minissérie percebemos que o horror da guerra chegara e destruíra o local (inspiração na destruição de Alderaan, em Uma Nova Esperança). Esse acontecimento, que parece apenas uma desculpa ou um motor narrativo, é na verdade uma notável deixa para melhor aprofundamento de uma das raças ao fim da história.

O interessante do roteiro de Cavan Scott é que ele consegue burlar a percepção do leitor em dois aspectos: primeiro na relação entre expectativa e densidade das explicações (algo que parece muito complexo ganha explicação simples e satisfatória em seu texto) e no jogo de culpa e inocência entre as duas raças, camada da história marcada por suspense e ações individuais do Doutor, Rose e Jack, o que é ótimo de se ver. A não concentração dos problemas bélicos em um único aspecto e a variedade de facetas a serem consideradas em todos os personagens nos colocam em uma posição de desconhecimento, algo também interessante e pouco explorado em uma série onde se sabe, a maior parte das vezes, que caminhos determinado companion ou vilão irá seguir.

 Se o leitor desconsiderar as três primeiras páginas da história e todos os quandros onde Rose é representada sorrindo, a arte de Blair Shedd é Rachael Stott é simplesmente brilhante. E por mais que a minha declaração pareça ironia, juro que não é. Por um lado, os desenhos perdem pontos pelos horroroso sorrisos de Rose e pelas representações do Doutor, da TARDIS e de Jack nas 3 primeiras páginas. No entanto, a grandeza dos desenhos, a dinâmica de movimento dos Unon e dos Lect, os planetas, naves, vórtice e memórias visitadas, tudo isso nos impressiona pela beleza e cuidado na representação. O sorriso de Rose, claro, continua amedrontador e mal desenhado, mas como disse certo alguém, certa vez: “tudo, não terás“.

Em um dado momento da história nós questionamos se o vidente dos Unon realmente pode ver o futuro, então são mostrados quadros da vida de Jack que ainda estão para acontecer, como a sua “mutação” em The Parting of the Ways e o doloroso sacrifício que faria de seu neto em Children of Earth: Day Five. Isso dá um peso diferente às ações dos Unon e prepara bem o terreno para a finalização da aventura, que apesar de não ser exatamente pacífica para as raças envolvidas, já que a vingança era um “dever histórico” em questão, termina de alguma forma bem para todos, especialmente porque há uma concordância geral em dar um passo para trás e pensar melhor.

Armas de Destruição do Passado tem todo o espírito da Era do 9º Doutor e traz a excelente dupla Rose e Jack em uma saga que rememora a Time War (o 8º Doutor e o War Doctor aparecem nas memórias arrancadas do 9º Doutor pelos Unon) e coloca em pauta a difícil tarefa de interromper um conflito armado que se iniciou para evitar uma guerra (ironia que conhecemos muito bem) e a mais difícil tarefa de exercer a diplomacia. Principalmente se todos os envolvidos nessa negociação foram ou ainda são grandes guerreiros.

Doctor Who – o 9º Doutor: Armas de Destruição do Passado (Weapons of Past Destruction) — EUA, 2015
Editora:
 Titan Comics
Roteiro: Cavan Scott
Arte: Blair Shedd, Rachael Stott
Cores: Blair Shedd, Anang Setyawan
Letras: Richard Starkings, Jimmy Betancourt
Capas: Alice Zhang
5 edições de 25 páginas cada uma

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais