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Crítica | Crônicas dos Companions – 5ª Temporada (Parte 1)

por Luiz Santiago
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Quinnis (Greyscale) plano critico doctor who quinnis bf

As principais críticas desta antologia reúnem os episódios 1 a 6 da 5ª Temporada da série The Companion Chronicles. Entre um episódio e outro, há críticas de diversos contos dos Anuais de Doctor Who, protagonizados pelo 1º e 2º Doutores.
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The Sons of the Crab. O 1º Doutor viaja até a Nebulosa do Caranguejo, a primeira vez em muito tempo que ele fazia uma viagem tão longa. Ele chega no planeta Wengrol, à uma cidade estranha, com prédios pequenos. Na rua, se vê com medo, enquanto procura os habitantes locais. Ao encontrá-los, percebe que são muitos e mudam de forma e tamanho enquanto andam. Por ser uma das primeiras histórias com o Doutor no Universo Expandido, há algumas contradições (ou melhor, formas diferentes ou mal informadas de se expressar) em relação ao que conhecemos depois, como o fato de que na TARDIS não caberia a população da cidade que, no final, o Chefe pede para ser levada para outro lugar, na Via Láctea, para fugir do planeta contaminado, que era o que causava as mutações vistas pelo Doutor quando de sua chegada. O final da trama é bem triste. [3/5]

The Guardian of the Solar System

5X01

estrelas 1

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Equipe: 1º Doutor, Steven, Sara
Espaço: Ely, Inglaterra / Great Clock
Tempo: 3999 (passado) e 200.760 (? – presente)

É importante deixar claro que essa uma estrela da avaliação para esta história se deve unicamente a duas coisas. Primeiro, à ideia do Grande Relógio que o roteiro apresenta. Na hora me veio à mente a luta do homem contra a máquina — e em favor de sua vida — no filme Metrópolis, mas a disposição dos trabalhadores-prisioneiros e a impossibilidade de sair do Grande Relógio são coisas ainda mais tenebrosas, mais ligadas à ficção científica e bem descritas no começo da história. E um pouco no final. Isso é bom. Segundo, apenas a possibilidade de um encontro de outra encarnação do Doutor com Sara. Qualquer pessoa que tenha o cânone da série em mente ficaria animado com essa ideia e é impossível não ter essa animação um pouco infantil aqui. Mas absolutamente todo o resto de The Guardian of the Solar System é patético.

Não adianta, eu vou reclamar toda vez que aparecer uma história com Sara Kingdom. Essa assassina. E não interessa o tipo de força político-ideológica que impulsionou a personagem. Ela jamais deveria ter tido o mínimo de atenção da Big Finish para qualquer coisa, e já vai com tantas e tantas histórias, vivendo com sua consciência em uma casa estúpida na Ilha de Ely. Primeiro que esse tipo de mutação só faria sentido ou seria melhor aceito com um personagem por quem o público tivesse algum carinho, não por uma mulher que matou o próprio irmão por questões políticas. Depois, os roteiros não fazem nada para tornar a assassina minimamente suportável. Ela FORÇA Robert ficar na casa, em troca da cura da filha. Simplesmente nojento esse tipo de egoísmo… “Só porque não queria ficar sozinha“. Não. Não dá para aceitar.

Eu até entendo a resolução de Robert em querer ser a consciência, a casa, mas a inserção disso aqui no episódio não foi das melhores, só atrapalhou ainda mais a nossa experiência. E o pior de tudo é que depois de tanto tempo sendo uma casa que dá aos outros o seu desejo, Sara ainda fica espantada quando ela deseja alguma coisa e o tal desejo simplesmente aparece. Não bastasse ser uma assassina que tem no Universo Expandido da série a atenção que nunca mereceu, Sara está envolvida em situações dramaticamente bizarras e intragáveis. Simplesmente patético.

The Guardian of the Solar System (Reino Unido, julho de 2010)
Direção: Lisa Bowerman
Roteiro: Simon Guerrier
Elenco: Jean Marsh, Niall MacGregor

The Lost Ones. [olhos rolando] outro conto com os Menoptera e os Zarbi. Ao que parece, esta é a primeira vez que o 1º Doutor aparece em Vortis e todo o dilema que conhecemos desse lugar já se faz presente. Mais uma vez, temos uma história ruim – mas que, devo dizer, apresenta alguns momentos instigantes, como o fato de os homens que o Doutor encontra em Vortis serem de Atlantis! –. Fato engraçado dessa história é que o Doutor tem que ficar pelado para provar que não é um inseto e sim um homem. Ai, ai… O final é bem contraditório. Os atlantes não podiam ter partido para matar o Doutor. E pior: ele é salvo por um ataque de Menoptera, que o permite correr para a TARDIS e partir. Vortis e suas histórias loucas. [2/5]

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Echoes of Grey

5X02

estrelas 4

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Equipe: 2º Doutor, Jamie, Zoe
Espaço: Whitaker Institute, Austrália
Tempo: 2109

Às vezes demora um pouco para a ficha cair. Quando eu ouvi Fear of the Daleks, eu não tinha pensado exatamente na força que é para Zoe ter lampejos de uma vida que ela não se lembra de ter vivido, depois que os Time Lords apagaram a sua memória de viagens ao lado do Doutor e Jamie no final do arco The War Games. Em partes, a história de Fear of the Daleks contribuiu para esse afastamento, algo que não acontece nessa ótima Echoes of Grey, que já apresenta seus pontos positivos desde o excelente título.

Zoe encontra uma mulher chamada Ali, que diz reconhecê-la do tempo em que ela viajava com o Doutor. Zoe sabe quem é o Doutor, claro, devido aos eventos de The Wheel in Space, mas não se lembra de ter viajado com ele. Ali convence Zoe a passar por uma espécie de “impulsionador de memórias” e ela recorda uma história, em específico, de quando conheceu os Achromatics, no século XXII. Em um primeiro momento, tanto a ex-companion quanto o espectador acreditam que Ali é uma amiga. Mas no final, sabe-se que ela quer convencer Zoe a entregar a fórmula “milagrosa” que tanta dor e perigo apresentou para Zoe, o Doutor, Jamie e quase toda a humanidade.

A reflexão final da companion é triste. Não ter certeza se de fato a Companhia iria utilizar aquelas informações para o bem ou para o mal é a única coisa que a impede de entregar a fórmula para Ali e ter toda a sua memória dos tempos que viveu de volta. Pelo menos a isso é indicado, não sabemos se de fato Ali conseguiria quebrar por completo o bloqueio de memória dos Time Lords, mas no caso de Jamie, esse bloqueio virou praticamente uma sugestão nos anos seguintes no Universo Expandido, tamanha a quantidade de aventuras ocorridas DEPOIS que ele voltou para a Escócia, enviado pelos Time Lords. A forma como Echoes of Grey termina indica uma continuação. E isso é realmente muito animador. Quem sabe Zoe também não tem a sua dose de “voltar à ativa”?

Echoes of Grey (Reino Unido, agosto de 2010)
Direção: Lisa Bowerman
Roteiro: John Dorney
Elenco: Wendy Padbury, Emily Pithon

The Monsters from Earth. Eis aqui um forte candidato para o prêmio de “pior conto já escrito sobre o Universo de Doctor Who“. A começar por Amy e Tony Barker, que estão brincando com seu cachorro e enxergam uma cabine de polícia, concluindo que era uma nave espacial (isso numa época que as cabines eram comuns na Inglaterra!). A aventura, que se passa na Sense Sphere, onde o 1º Doutor mata a aranha que era a punição dos criminosos Sensorites, tem um dos piores twists que eu já vi em um conto da série, além de uma conclusão horrorosa para os “companheiros de uma viagem” que o Time Lord carrega aqui por acidente. O horror. O horror. [0/5]

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Peril in Mechanistria. Depois de uma partida abrupta de Skaro, o Space Time Locator da TARDIS dá problema e o 1º Doutor segue para onde a nave o leva. Ele chega em um planeta que parece de metal, é perseguido e atacado pelo robô Grukker e salvo pelos habitantes locais, os Korad. A confusão que acontece no meio do conto não é nada interessante, mas o final é bacana, embora mostre algo não muito comum para o 1º Doutor, que é uma forte intervenção na História de um povo. Aqui, ele aceita levar os Korad para 10 milhões de anos no passado de seu planeta, a fim de começar uma outra vida… [3/5]

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The Invasion of E-Space

5X04

estrelas 3

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Equipe: 4º Doutor, Romana II, Adric
Espaço: Planeta Ballustra (E-Space)
Tempo: Indeterminado

Após a luta contra os vampiros em State of Decay, portanto, ainda no período em que estavam perdidos no E-Space, o Doutor, Romana e Adric se depararam com uma situação bem diferente das que tinham encontrado até então. A narrativa dessa aventura é rápida, cheia de explosões, prisões, autorizações para matar… e guerra, um cenário bem resolvido que funcionaria melhor se o modelo da crônica obedecesse mais ao tipo de narração única, que era seguido nas primeiras temporadas da série.

Do ponto de vista de Romana e também de Marni Tellis, uma ballustriana, vemos como os viajantes da TARDIS chegam a Ballustra, são abordados — esse começo é muito bom, com uma apreensão conhecida do Doutor e seus companheiros — e como as coisas no E-Space começam a sair errado. Novamente, temos a sensação de que existe um certo grau de xenofobia (não sei se este é o termo correto para aplicar ao mesmo comportamento em relação aos aliens) dos planetas e das pessoas desse Universo, ao menos esta é a primeira impressão que as aventuras nos dão. Feitas as primeiras perguntas, Romana e Adric são quase imediatamente inclusos na equipe de investigação de assassinatos e alterações no espaço local. Então a bagunça vem.

Quando as naves Farrian aparecem no horizonte e trazem medo a todos, com seus ataques sem aviso e destruição certeira, a narrativa se quebra. Marni Tellis é resgatada pelo Doutor e junto com ele assume um lado da história. Romana e Adric são sequestrados por Mexin, o Grande Senhor dos Farrian, com seu temperamento intempestivo e aparente justificativa para fazer o que estava fazendo. Se olharmos para a parte prática da coisa, não teria, de fato, muitos caminhos a serem percorridos senão mostrar a invasão do E-Space dando errado. Mas é justamente essa armadilha de roteiro que torna a aventura um pouco menos legal. Isso e o fato de termos um duplo ponto de vista quando apenas um seria necessário.

The Invasion of E-Space (Reino Unido, outubro de 2010)
Direção: Lisa Bowerman
Roteiro: Andrew Smith
Elenco: Lalla Ward, Suanne Braun

The Fishmen of Kandalinga. A aventura se passa no planeta Kandalinga, bem depois da visita do 1º Doutor a Marinus. Os Voord aqui estão escravizando os Fishmen, e possuem planos de expansão e sobrevivência a todo custo, algo que o Doutor não aprova a faz de tudo para mudar a situação, inclusive uma aliança temporária, para enganar os Voord e enfim liberar os Fishmen de seu domínio. Um conto de libertação, amizade e riscos que combina bastante com a era desse Time Lord, embora todo o cenário e o comportamento das criaturas não sejam exatamente bons. [2/5]

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A Town Called Fortune

5X05

estrelas 3

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Equipe: 6º Doutor, Evelyn
Espaço: Fortune, EUA
Tempo: c. 1859

Uma aventura no Velho Oeste sempre tem algo interessante para nos trazer, mas aqui, isso trava um pouco. Talvez, em parte, o problema esteja comigo. Eu sempre coloco em alta cotação as aventuras do 6º Doutor e espero que sempre venha grandes tramas. Quando um tropeço ou outro no roteiro acontece, isso parece me incomodar muito mais do que deveria. No presente caso de A Town Called Fortune, tenho certeza que esse peso não é tão grande assim. A trama realmente tem problemas e novamente, é prejudicada pelo novo formato narrativo dessa temporada, embora bem menos do que o episódio anterior.

O Doutor e Evelyn chegam a uma cidade dos Estados Unidos, e a animação do Senhor do Tempo para o local os obriga a ficar mais do que deveriam (impossível não pensar um pouco em The Gunfighters). Ocorre que o Doutor é acusado de ter matado um homem e está sendo procurado. A história se desenvolverá com ele e Evelyn tentando correr e, em estágio mais avançado da história, provar que não possuem (na verdade, apenas o Doutor é acusado) culpa alguma.

O romance e as brigas pessoais/sociais que vemos na história não são as melhores coisas que o roteiro poderia trazer. Mesmo que a narração por duas pessoas funcione melhor que em The Invasion of E-Space, a presença de Evelyn deveria ser melhor aproveitada. Gosto do modo como o Doutor é colocado fazendo coisas “fora de foco” e isso é lembrado na fala de sua companheira no final da trama: “e o Doutor… ajudou um pouco“. Disfarces, culpas atribuídas a pessoas inocentes, prisões erradas e planos escusos são alguns dos temas encontrados no enredo, que mesmo não sendo dos melhores da série, garante ao espectador uma estadia bastante interessante em uma cidade do Velho Oeste.

A Town Called Fortune (Reino Unido, novembro de 2010)
Direção: Lisa Bowerman
Roteiro: Paul Sutton
Elenco: Maggie Stables, Richard Cordery

The Cloud Exiles. Esta é uma história de nuvens falantes chamadas “the Ethereals”, que antes eram humanoides, mas inventaram uma raça robô, os Baggolts, que se rebelou e tomou conta da sociedade, tentando vaporizar os Ethereals. Todavia, os robôs “só” conseguiram transformar os Etherals em nuvens. Digam aí se não é muita imaginação para um escritor só inventar essas ótimas bobagens da ficção científica!? Da Terra, em 2067, para o mundo dos Ethereals e com um final clichê, mas bonitinho, o Doutor segue fazendo o seu papel de chegar por acidente nos lugares, encontrar um problema e tentar deixar as coisas melhores do que estavam quando chegou. Claro que ele não consegue sempre, mas o esforço para tanto é muito bom. [3/5]

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Quinnis

5X06

estrelas 3

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Equipe: 1º Doutor, Susan
Espaço: Planeta Quinnis (4º Universo)
Tempo: Indeterminado

Ocorrida antes do livro Tempo e Afins, essa aventura mostra mais uma camada da relação entre Susan e o 1º Doutor, seu avô. O Planeta Quinnis, do 4º Universo, que eles visitam nessa história, foi citado pela jovem em The Edge of Destruction e aqui é parcialmente explorado em todas as suas peculiaridades, como o céu e o mar de cor diferente, um povo bastante supersticioso e uma nova amizade de Susan que em pouco tempo se revelará algo bem diferente de uma amizade.

A trama possui uma premissa mais interessante do que sua execução. A presença do Doutor e sua neta no lugar chama a atenção das pessoas e o Doutor é nomeado como um dos muitos homens capazes de sumonar a chuva. Isso causa problemas de logística entre ele e Susan no começo, mas quando a chuva de fato começa — e aprendemos que a chuva não é necessariamente algo bom nesse lugar — alguns novos problemas se juntam aos já existentes, inclusive uma “transformação” ou “revelação” que não faz nenhum bem à história, que é a presença do “pássaro da má sorte” nas redondezas.

Susan narra essa história para seu falecido esposo David, morto há alguns anos. A solidão da personagem é perceptível e dolorosa, e as suas memórias do passado, densas como são, não ajudam muito. Esse tempo presente dá uma perspectiva diferente para a obra, um pouco mais de força no roteiro e mais informações sobre a própria Susan, sua personalidade e sua vida após deixar o avô. Pena que esse sentimento não seja melhor colocado na história que ela conta sobre o seu passado.

Quinnis (Reino Unido, dezembro de 2010)
Direção: Lisa Bowerman
Roteiro: Marc Platt
Elenco: Carole Ann Ford, Tara-Louise Kaye

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