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Crítica | Doctor Who: Prisioneiros do Tempo #4 a 12 (de 12)

por Luiz Santiago
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Segue a continuação (e encerramento) das críticas para essa série de comemoração aos 50 anos de aniversário de Doctor Who. Nós também temos as análises separadas para a edição com o 1º Doutor e a edição com o 2º e 3º Doutores. Vale lembrar que a série foi lançada em 2013 e é uma publicação da IDW Publishing. Todos os 12 volumes possuem 33 páginas.

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Edição #4

Equipe: 4º Doutor, Leela, K9
Espaço-tempo: Planeta Agratis – tempo indeterminado

A arte dessa edição é simplesmente maravilhosa! Excelente uso de cores por Charlie Kirchof, que conseguiu tornar o Planeta Agratis em um lugar com boa dose de exotismo e perigo.

A ameaça dos Judoons aqui é uma pista falsa, uma vez que eles não são, a rigor, o verdadeiro problema. Aliás, toda essa 4ª edição da série acaba sendo uma pista falsa porque o problema em si não era tão misterioso – Roget, o genro do governador Mason Vox, estava com a Joia de Fawton. Ele tinha uma pesquisa que envolvia a posse da preciosa pedra e iria fazer um teste. O problema é que todo o tempo, o Curador Frez sabia o que estava acontecendo, então, todo o estardalhaço dos Judoons no planeta acaba parecendo algo completamente desnecessário, porque não havia mistério. Alguém do próprio governo sabia exatamente tudo o que estava acontecendo.

A composição do 4º Doutor aqui é muito interessante. Ele está alegre como sempre, mas há algo diferente. Mais deslumbrado, talvez. Sua relação com Leela é sempre de basante carinho e me lembrou muito a parceria dos dois em As Raízes do Mal.

O sequestro ao final da HQ é estranho. Toda a confraternização de Leela com os Judoons não combinava com aquele tipo de invasão externa. Não foi orgânico e pareceu algo completamente fora da proposta anteriormente apresentada, que era separar o Doutor de seus companions, mas de uma maneira minimamente impactante. O que acontece aqui é mais patético que impactante. Não fosse a excelente arte e os pontos mais bem trabalhados do roteiro (o despertar da espécie cristalina e a atuação do Doutor, por exemplo), essa edição acabaria tendo bem menos valor em si e para a série da qual faz parte.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: Gary Erskine (agradecimentos a Mike Collins)
Cores: Charlie Kirchof

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Edição #5

Equipe: 5º Doutor, Adric, Tegan, Nyssa
Espaço-tempo: Indefinidos

A história parece tomar um rumo mais pontual a partir dessa edição. Diferente da aventura com o 4º Doutor, temos aqui um caminho dramaticamente perfeito percorrido até o sequestro dos três companions do 5º Doutor e uma boa introdução para o sequestrador. Conhecemos o seu rosto e vemos que seu plano é bem mais intricado do que imagináramos à primeira vista.

Assim como na edição passada, o Doutor chega a um planeta que está em guerra. Aqui, Rutans e Sontarans se enfrentam. O Doutor quer apenas recarregar a energia de sua TARDIS mas acaba caindo, como sempre, no meio da briga e, surpreendentemente, mantém boas relações com o comandante Sontaran.

O final da revista mostra uma bela parábola do Time Lord contada a Adric, justamente quando o vilão aparece e sequestra os companions. A arte delicada de Philip Bond ajuda a dar um tom de amizade entre o Doutor e seus pupilos, destacado a pouca idade de Adric, que também ganha um pouco mais de destaque no roteiro em relação a Nysa e Tegan.

O cerco está se fechando em torno do Doutor, que pela primeira vez na série, lembra-se de “aquilo” (os sequestros) ter acontecido antes.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: Philip Bond
Cores: Charlie Kirchof

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Edição #6

Equipe: 6º Doutor, Peri, Frobisher (um Whifferdill na forma de pinguim).
Espaço-tempo: Terra, Reserva Natural (último resquício da Antártida “selvagem”), 7214

Há muitas semelhanças entre essa história e a do 2º Doutor, especialmente no quesito de “visita indesejada em lugar perigoso”.

Acompanhado de Peri e de um novo campanion transmorfo em forma de pinguim, o 6º Doutor está numa Antártida futurista. Não demora muito para que eles sejam percebidos e o Doutor acaba sendo chamado de “lunático”, perseguido e preso num manicômio local. A grande surpresa aqui é a aparição do Mestre (versão Ainley) numa tela dentro da cela do Doutor. O que ele tem a ver com toda essa epopeia ainda não sabemos, mas parece que está representando um papel de certa importância.

A reta final dessa história traz uma ótima reviravolta, com o Doutor do futuro (o 10º Doutor) usando das habilidades de Frobisher para tentar descobrir o que realmente é aquele edifício para onde os companions estão sendo levados e colocados em câmaras de repouso.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: John Ridgway
Cores: Charlie Kirchof

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Edição #7

Equipe: 7º Doutor, Ace
Espaço-tempo: Escócia, 1830

O Mestre aparece mais uma vez, e conta com a ajuda de uma criatura de tentáculos chamada Gulwort para atrair o 7º Doutor até a Escócia do século XIX. A arte de tendência retratista realizada por Kev Hopgood ajuda a criar uma atmosfera familiar e ameaçadora para o Doutor e Ace, além da bela e inocente enfermeira dos Campbells, que eram “criaturas de vento e luz” escravizadas pelo Mestre para ajudar “um amigo” através da drenagem de energia.

Eu geralmente tenho um pé atrás com vilões que parecem muito poderosos mas no final das contas são um boneco nas mãos de outro arquiteto do mal. No caso de Prisioneiros do Tempo, Scott Tipton e David Tipton conseguiram (pelo menos até essa edição) contornar essa situação, adicionando importância ao Mestre e também ao sequestrador de companions, impedindo que a trama do “falso grande vilão” viesse à tona.

Até esse ponto da minissérie percebemos que cada Doutor recebe as ameaças de um jeito e lidam com ela de forma diferente, conforme suas personalidades e tecnologia disponível no momento. Gosto disso. Acrescenta um ar de veracidade à história, conferindo a cada edição uma crônica (boa ou ruim) na vida de uma das encarnações do Time Lord.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: Kev Hopgood
Cores: Charlie Kirchof

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Edição #8

Equipe: 8º Doutor, Grace
Espaço-tempo: São Francisco, fevereiro de 2000 / Planeta similar à Terra, idem

Eu resolvi colocar essa página inteira da edição nº 8 de Prisioneiros do Tempo, porque achei a arte de Roger Langridge muito bonita, delicada e com um forte toque de fantasia, com finalização simples, que fica ainda melhor com as lindas cores de Charlie Kirchof. Podemos ver, ao lado, 4 viagens do Doutor ao lado de Grace, após reencontrá-la em São Francisco, 2 meses depois da aventura que tiveram juntos, na véspera de Ano-novo.

A história aqui é perfeitamente enquadrada dentro da linha sequencial da série e funciona como uma ótima viagem do 8º Doutor ao lado de Grace, algo que eu sempre quis ver. A história também colabora bastante no sentido de conquistar o leitor, porque se trata de uma dominação disfarçada de uma espécie alienígena sobre outra, contendo um fator de liberdade e fofura que sempre se destacam nesse tipo de drama. Me lembrou um pouco Blood of the Daleks, só que os Overseers aqui não possuem um plano tão maligno quanto os saleiros de Skaro.

Aqui destaca-se também o fato de o Doutor prever a chegada de seu inimigo desconhecido. A cada nova encarnação que vemos, o Time Lord parece reter memórias desse ataque e saber um pouco mais sobre o que está acontecendo. A revelação parece estar próxima.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: Roger Langridge
Cores: Charlie Kirchof

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Edição #9

Equipe: 9º Doutor, Rose
Espaço-tempo: Planeta-túmulo e Monumento a Drake Ayelbourne de Altair VII, futuro

Adam! Então tudo girava em torno dele! Confesso que esperava algo mais ou menos nesse sentido, até porque, algumas indicações já tinham sido dadas nas edições anteriores. Mas não sei se achei tão interessante esse ato de vingança a longo prazo do companion abandonado pelo 9º Doutor após uma primeira aventura. Não que Adam não tivesse motivos. Ele tinha tudo para ficar bravo, mas não podia se esquecer que ele mesmo procurou o destino que teve…

Apesar da revelação, essa edição não teve o apelo e a boa dose de emoção da revista anterior. Rose mais uma vez é colocada numa situação de tendência amorosa, o que parece uma piada de mal gosto. O pequeno flerte dela com Drake é um dos piores pontos da HQ, que se livra dessa má impressão pelo modo como os roteiristas finalizam a história. O cerco está se fechando e agora sabemos quem o está traçando. As resoluções começarão a aparecer.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: David Messina
Arte-final: Giorgia Sposito
Cores: Charlie Kirchof

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Edição #10

Equipe: 10º Doutor, Martha
Espaço-tempo: Los Angeles, c.1950

É impressionante como os roteiros de Scott Tipton e David Tipton podem variar entre histórias de grande força dramática com bons acontecimentos e ligação com a vingança de Adam e acontecimentos pouco convincentes protagonizados por vilões estúpidos como o dessa edição da série.

O fato do Doutor estar em Hollywood é (sempre) muito interessante, basta lembrarmos do que vimos em O Fugitivo (uma aventura também com o 10º Doutor) ou em The Daleks’ Master Plan, na era do 1º Doutor.

O fato de termos Martha como possível estrela de cinema e uma ameaça surgir no meio do caminho é um ponto interessante, mas a postura dos Dominators e seus Quarks é patética e tem direito a revelação de plano maligno e interrupção conveniente no meio da explicação, um dos maiores clichês do gênero.

A aventura é finalizada com o rápido sequestro de Martha e a ação do Doutor para salvar sua própria linha do tempo.

Mas vale dizer que o modo simples como ele se comunicou com Frobisher foi interessante. Sem firulas e com bastante objetividade. Resta mais um companion para ser sequestrado e então veremos se o plano do 10º Doutor deu certo.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: Elena Casagrande
Cores: Charlie Kirchof
Assistente de coloração: Azzurra M. Florean

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Edição #11

Equipe: 11º Doutor, Clara
Espaço-tempo: Local indeterminado / Planeta Terra, Londres / Limbo – tempo indeterminado.

Um estranho gosto anti-climático parece permear essa penúltima edição da série. A incursão do Mestre aqui me pareceu barata demais, menos como um parceiro inteligente de Adam e mais como um simples ajudante cujo papel não ficou muito claro durante toda a jornada, seja porque ele aparece tarde demais, seja porque ele não faz muito coisa.

O sequestro de Clara aconteceu de forma rápida e o roteiro se preocupou mais em opor o 11º Doutor e seu ex-companion. O discurso de Adam é de alguém com uma grande ira guardada, mas não convence. Falta corpo e força nesse caminho final. Espero que o desfecho, na edição 12, valha a pena…

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: Matthew Dow Smith
Cores: Charlie Kirchof

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Edição #12

Equipe: Todos os Doutores e Todos os companions capturados
Espaço-tempo: Limbo espaço-temporal, tempo indeterminado

…E não valeu a pena. O término da série Prisioneiros do Tempo trouxe um chateante Deus ex machina, revelações vilanescas fortuitas, descaracterização do Mestre e uma reviravolta capaz de encolerizar o leitor, transformando, muito rapidamente, o Sr. Adam em um herói.

O roteiro ainda tenta segurar as pontas fazendo com que cada Time Lord tenha um pequeno papel na ação, mas convenhamos, com 11 Doutores e 33 páginas de HQ é evidente que nem o roteiro e nem a arte conseguiriam um bom resultado. As modificações de humor e atitude do Mestre em relação a Adam e ao Doutor pioram a cada quadro e, ao final, as falas, as promessas de vingança e mesmo um propósito final para essa jornada acabam soltos.

Da mesma forma como fica o funeral e enterro de Adam num lugar do Limbo espaço-temporal.

Iniciada com uma boa promessa e alguns instigantes mistérios, Prisioneiros do Tempo chegou a divertir o leitor em algumas edições, mas sua finalização está longe de ser algo elogiável.

A série inteira poderia ser classificada como 3 em 5 estrelas.

Roteiro: Scott Tipton, David Tipton
Arte: Kelly Yates
Cores: Charlie Kirchof

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