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Crítica | Doctor Who: Quadrinhos da “TV Comic” – 2º Doutor (1968)

por Luiz Santiago
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As críticas deste bloco traz as publicações da TV Comic realizadas durante todo o ano de 1968. As únicas histórias publicadas que não temos aqui são as seguintes: Dr. Who and the Space PiratesCar of the Century e The Jokers. Confira também as outras publicações da revista protagonizadas pelo 2º Doutor:

TV Comic – 2º Doutor (1967 – Parte 1)

TV Comic – 2º Doutor (1968 – Parte 2)

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The Witches

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta Vargo

Uma espécie de Convenção de Bruxas acontece no planeta Vargo. A TARDIS se materializa bem no meio de uma demonstração egoica da grande bruxa que mostra para os membros da convenção que ela realmente deve estar no posto mais alto porque tem um grande poder. A chegada do Doutor, no entanto, é motivo de um embate que não só foge de tudo quanto o Time Lord acredita e normalmente faz como também nos dá um colossal sentimento de vergonha alheia.

Ao final de tudo, temos o Doutor lançando um feitiço sobre as bruxas e elas simplesmente desaparecem no ar. Além dessa absurda colocação sobrenatural, o Doutor se torna uma espécie de Batman, com um cinto de utilidades que é usado para enganar as narigudas em dado momento da história. Nada faz sentido e tudo é ridículo em The Witches.

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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Cyber-Mole / The Big Dig

 

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Londres, 1970

História sem sal e sem açúcar sobre mais uma invasão dos Cybermen à Terra. John Canning, que além do roteiro também é responsável pela arte da história, pega o princípio básico das aventuras desses ciborgues e o trabalha de forma solta e desconfigurada da realidade a que estamos acostumados nas telas, relacionando a questão da extração de energia do planeta com a possibilidade apocalíptica de uma ação militar violenta aos planos mirabolantes dos vilões e do Doutor, que se vale de facilidades óbvias e gratuitas capazes de destruir toda e qualquer possibilidade de simpatia do leitor em relação ao enredo.

A ação dos Cybermen é impedida e o final traz uma bem humorada confraternização do Doutor com os militares, mas nada disso é escrito com cuidado ou qualidade. Nada sobra de bom a não ser uns poucos quadros da arte e um mínimo da ideia geral para o princípio da ação que deu origem ao roteiro.

Roteiro: John Canning
Arte: John Canning

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The Sabre-Toothed Gorillas

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta não nomeado

Após a TARDIS se materializar em um planeta, o Doutor e seus netos saem para explorar. Um deles até diz que a região parece o Canadá, tanto pela temperatura quanto pela vegetação local. O que eles não esperavam é que seriam perseguidos por uma espécie de gorilas de dentes-de-sabre.

Mais uma vez a história se baseia em uma premissa inaplicável e desinteressante, que nos deixa mais perguntas do que respostas e não nos diverte nem um pouco. Para começar, o que um professor/doutor/cientista estava fazendo sozinho em um planeta cheio de gorilas com dentões? Por que diabos não falar da equipe de pesquisa ou algo do tipo? Como ele foi parar lá? O que aconteceu com a nave que o levou? Nenhuma dessas perguntas são respondidas e nem a ação final do Doutor, que promete deixar o cientista em um “planeta seguro” parece orgânica na história. Mais uma vez, nada se salva.

Publicação: 02 a 23/03/1968

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The Cyber Empire

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: CyberCity

Os Cybermen estão de volta e desta vez como escravizadores de humanos, numa cidade de um planeta não nomeado. As ações dos vilões aqui são completamente opostas ao que podemos esperar deles, tanto no senso de hierarquia quanto na tecnologia e modelo de ação para qualquer povo capturado. Assim, tudo o que o Doutor faz aqui em relação à destruição da estátua do Cyber-Líder até a libertação dos humanos e sua indicação de volta à terra são impossíveis de se engolir, num sentido dramático, e impossíveis de terem tido lugar em qualquer ponto do Universo who, seja ele canônico ou expandido.

Publicação: 30/03 a 20/04/1968

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The Dyrons

Equipe: 2º Doutor, John e Gillian
Espaço-tempo: Planeta vulcânico não nomeado

Um grupo de alunos do planeta Terra em uma viagem escolar sofrem um acidente e caem em um planeta vulcânico. O acidente mata o piloto e o professor que os acompanhava, deixando-os por conta própria em um local desolado e habitado, até onde sabemos, por uma raça alienígena chamada Dryons.

Depois de uma série de tramas horrorosas, enfim, chegamos a uma história interessante. A trama aqui me lembrou um pouco a ideia de O Senhor das Moscas, mas sem a parte vilã vinda de um dos grupos de alunos. A parceria que eles fazem com o Doutor é interessante e mesmo a ação irreconhecível do Time Lord (a de extermínio dessa raça do planeta vulcânico) consegue passar sem destruir por completo a parte boa da trama, tornando-a a primeira obra verdadeiramente suportável desta fase nos quadrinhos da TV Comic.

Publicação: 27/04 a 25/05/1968

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Invasion of the Quarks & The Killer Wasps

Equipe: 2º Doutor, John, Gillian e Jamie
Espaço-tempo: Planeta Zabadee e Escócia (primeira parte); Planeta Gano (segunda parte).

Arco composto por duas histórias em que o Doutor enfrenta os Quarks. São histórias desajeitadas, mas que conseguem ser melhores do que as primeiras desse terrível ano de 1968 na TV Comic. Além disso, trata-se de um arco importante porque temos a partida de John e Gillian da TARDIS e a volta de Jamie para viajar com o Doutor por mais um breve espaço de tempo.

Na primeira parte do arco, o Doutor e os netos vão para o Planeta Zabedee, onde existe uma renomada Universidade. Ao que parece, John e Gillian já conheciam o local, porque dizem que vão ao encontro de alguns amigos enquanto o Doutor visitava uma vidente. Considerando todos os absurdos que já vimos acontecer nos quadrinhos dessa revista, foi fácil engolir a consulta do Doutor e o irracional medo que ele tem do futuro, a ponto de tentar convencer John e Gillian a ficarem em Zabadee e terminarem seus estudos. Todavia, as perguntas ficam: e os pais desses dois jovens? Não seria mais interessante o Doutor deixá-los na Terra, onde os pegara há um tempo atrás? De qualquer forma, não é ruim os dois irmãos terem ficado em um lugar onde existe uma Universidade de renome galáctico. Pelo menos nesse ponto, é um lugar melhor que a Terra.

O reencontro com Jamie acontece pouco depois, já no enfrentamento do Doutor com os Quarks. Ao final dessa história, há um ótimo cliffhanger que nos leva para The Killer Wasps, a pior parte do arco. Nela, sabe lá Rassilon por qual motivo, os Quarks criam uma espécie gigante de Vespa sobre as quais não têm controle algum. Eles pretendem matar o Doutor e Jamie, mas o feitiço acaba voltando contra o feiticeiro e as coisas ficam feias no planeta Gano.

O bom desse arco é que mesmo tendo um desenvolvimento ruim, o autor consegue apresentar um início e final aceitáveis, além de deixar aberto o impasse do Doutor em relação aos Quarks, tendo a óbvia indicação de que se encontrariam no futuro. Num futuro talvez bem próximo…

Publicação: 30/08 a 26/10/1968

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Ice Cap Terror

Equipe: 2º Doutor, Jamie
Espaço-tempo: Antártida, 1970

História que aborda a dominação da Terra tendo como ponto de partida a chegada de uma espécie humanoide na Antártida. As ações dispensáveis e estúpidas voltam à tona, com um desvio narrativo inexplicável, tirando a atenção dos invasores e direcionando para uns “macacos das neves” ou algo do tipo, uma espécie que acaba ajudando o Doutor e Jamie a vencerem os invasores, mesmo sem consciência disso. No final das contas, o Time Lord faz uma transmissão televisiva para todo o planeta dizendo que estava tudo bem, que ninguém temesse nada e que a Terra não seria invadida. Começa aqui a fama internacional do Doutor na Terra, que alcançaria seu clímax na história com o robô Martha, onde o Time Lord volta a aparecer na TV em transmissão mundial (mais duas vezes!) e ganha até apoio para se tornar presidente dos Estados Unidos!

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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Jungle of Doom

Equipe: 2º Doutor, Jamie
Espaço-tempo: Planeta não nomeado

Mais uma batalha contra os Quarks envolvendo enredo burro e ações ininteligíveis, a começar pelo lugar onde a TARDIS se materializa. O Doutor não move uma palha para tirá-la desse espaço ameaçador, fator que é a abertura das ações estúpidas, seguindo até a sequência narrativa da história que, além dos Quarks — deixados de lado para dar lugar a OUTRO vilão, exatamente como na aventura anterior –, coloca nativos selvagens no caminho do Doutor sem que estes tivessem papel importante algum no desenvolvimento da trama. Afinal, há uma trama, aqui?

A saga ainda conta com animais típicos da África e muita “ação WTF?!” em jogo, fechando da pior forma possível mais um ano dos quadrinhos de Doctor Who na TV Comic.

Roteiro: Roger Noel Cook
Arte: John Canning

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