Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Ghost Light (Arco #153)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Ghost Light (Arco #153)

por Luiz Santiago
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Equipe: 7º Doutor, Ace
Espaço: Mansão Gabriel Chase, Perivale, Londres
Tempo: 1883

Depois do terrível Battlefield, é uma bênção ter uma história do 7º Doutor que faça jus não só a Sylvester McCoy, mas também a Doctor Who. Embora tenha sido a última história da Série Clássia a ser produzida, Ghost Light foi escalada como segunda trama da temporada, e leva o Doutor e Ace para a Inglaterra Vitoriana, em 1883, onde vemos a companion passar por um dos momentos mais aterrorizantes de sua vida. E onde vemos uma face bastante… questionável dessa encarnação do Doutor, por assim dizer.

É muito interessante imaginar como teria sido o desenvolvimento da personalidade do 7º Doutor se a série tivesse continuado no ar, depois de 1989. A cada arco, momentos de manifestação de ira e plena manipulação de emoções alheias e até de confiança aparecem em roteiros com este Doutor. Claro que, do ponto de vista prático e mesmo de moral funcionalista, entendemos essas “traições” como “necessárias” porque o Doutor estava ali para proteger sua companheira ao mesmo tempo que estava empenhado em acabar com uma ameaça. Vendo por este lado, é verdade, tudo faz sentido e é cabível em seu comportamento. Mas o Doutor poderia usar de todos os artifícios possíveis que não o da manipulação de Ace; por exemplo, para levá-la até Perivale. O momento em que a personagem descobre onde está é bastante impactante, exibindo uma das melhores cenas de Sophie Aldred em Doctor Who.

A história também é interessante. Se ela tropeça na representação enlouquecida de Light (um dos Eternals que, pelo poder que possui, merecia algo muitíssimo mais maduro — e neste caso a culpa é tanto de JNT quanto de Andrew Cartmel, por empurrar o roteirista Marc Platt para caminhos mais “fáceis” em termos de drama), acaba ganhando muito na criação de um ambiente opressivo, onde muita coisa estranha acontece ao mesmo tempo e que convive, curiosamente, com pessoas dentro e fora desse ensandecido ambiente, vide as diaristas da casa, que saíam antes do crepúsculo porque sabiam que “ninguém deveria ficar ali depois que escurecesse“.

E aqui devo compartilhar uma coisa vocês. Quando Josiah Samuel Smith (o personagem de Ian Hogg) apareceu, eu criei uma expectativa secreta e incompreensível de que a qualquer momento ele mudaria a voz, tiraria o disfarce e diria… “Eu sou o Mestre e você me obedecerá!“. Evidente que essa vontade secreta de que o personagem fosse o Mestre passou muito rapidamente, porque o plano de “conquistar um Império” é mundano demais para nêmesis do Doutor. Mas a sensação estranha ficou lá. Vai entender…

A personagem Control (Sharon Duce, em ótima interpretação, inicialmente afetada e depois passando por uma curiosa mudança para ser uma Lady) foi uma interessante surpresa, me lembrando levemente a manifestação física da TARDIS, como teríamos no futuro. Outra lembrança aqui me veio com o personagem Neandertal, me remetendo ao companheiro Java de Martin Mystère, que estreou em Os Homens de Negro (1982). Um outro destaque, e dos muito importantes aqui, é a trilha sonora, que junto à direção de fotografia cria o medo a partir de uma premissa psicológica, sem obviedades, o que torna Ghost Light apreciável por diversos gêneros e por ser um desenvolvedor de emoções e personalidades a partir de uma crise de ordem mais ou menos sobrenatural, até que a conheçamos, de fato. Claro que ficam abaixo do esperado a representação de Light e até as bobagens que o roteiro coloca para Josiah, mas tudo bem, estes são momentos fracos superáveis e não ruins a ponto de estragarem a história. Um horror que de certa forma também representava a alma de Doctor Who naquele momento, em seu suspiro final, embora este “último espetáculo” ainda fosse acontecer para o público, em uma intensa batalha pela sobrevivência.

Ghost Light (Arco #153) — 26ª Temporada
Direção: Alan Wareing
Roteiro: Marc Platt
Elenco: Sylvester McCoy, Sophie Aldred, Ian Hogg, Sylvia Syms, Michael Cochrane, Sharon Duce, Katharine Schlesinger, John Nettleton, Carl Forgione, Brenda Kempner, Frank Windsor, John Hallam
Audiência média: 4,07 milhões
3 episódios (exibidos entre 4 e 18 de outubro de 1989)

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