Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Robot (Arco #75)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Robot (Arco #75)

por Luiz Santiago
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There’s no point in being grown up if you can’t be childish sometimes.

The Doctor

Equipe: 4º Doutor, Sarah Jane Smith, Harry Sullivan, Brigadeiro Lethbridge-Stewart, Sargento Benton + UNIT
Era: UNIT — Ano 8
Espaço: Reino Unido
Tempo: Anos 1970

…E mais uma Era de inicia.

Desde os primeiros minutos de Robot, entendemos com perfeição o que o Eremita disse para Sarah Jane e ao Brigadeiro Lethbridge-Stewart em Planet of the Spiders: “vocês podem achar o comportamento dele um pouco errático“. E é justamente isso que achamos quando o 4º Doutor enfim diz as suas primeiras palavras e começa a reagir aos efeitos da regeneração. Embora a sua chegada não seja tão impactante quanto a de sua encarnação anterior, o espectador se diverte bastante com as primeiras manias, o “teste” para escolher o figurino, a apresentação das jelly babies, a relação do Doutor com Sarah e o Brigadeiro e a apresentação de Harry Sullivan, que se torna companion a partir do final dessa aventura.

A trama aborda a criação de um robô manipulado pela Scientific Reform Society, que acreditava que a Terra deveria ser governada através de princípios puramente científicos (e olha que tem gente por aí acreditando em algo parecido, hein!). O absurdo, a essa altura do campeonato, não é “novo” dentro do universo de Doctor Who, mas ainda causa um certo impacto no espectador pela nível de segregação de denota. E ao longo da história percebemos que Terrance Dicks, o roteirista, quis estreitar semelhanças entre o robô feito de metal vivo — capaz de sentir — com as leis da robótica de Asimov e com King Kong, especialmente a partir do momento em que a criatura sequestra Sarah Jane e a protege dos “humanos maus”, querendo a jornalista apenas para si.

Além de uma citação a James Bond, referências aos filmes Planeta Proibido e O Dia em que a Terra Parou, o arco já aponta para uma clara vontade do Doutor em se livrar dar “garras” da UNIT. Sua reação pós-regeneração pode dar uma impressão confusa disso, mas o roteiro faz questão de reapresentar o tema quando ele, estabilizado, raciocinava sobre como resolver o problema do vilão que não era tão vilão assim. Na verdade, o robô é apenas um instrumento nas mãos de uma organização científica humana, o que traz interessantes possibilidades de leitura para a história.

Sob direção de Christopher Barry, Tom Baker entrega aqui a performance que seria a máxima de sua carreira. Seu Doutor é errático e caótico, mas nada impulsivo. Ele demonstra pensamento rápido em algumas ações e com certeza o diretor fez uso da facilidade de Baker para a comédia física a fim de adicionar ao novo Time Lord expressões exageradas — como o sorriso de Gato de Cheshire –, menor impacto de enfrentamento com o inimigo, um cuidado para que não houvesse “cópia” do Doutor anterior, mas formas rápidas de se livrar de algumas situações utilizando objetos impensáveis. E claro, nem preciso dizer que o cachecol foi a acertada escolha.

Em um primeiro momento eu achei que o robô teria os piores efeitos especiais/visuais da história, mas fui surpreendido. Apenas no último episódio, quando o Brigadeiro tenta resolver as coisas “à sua maneira de soldado” e dispara contra o robô, aumentando-o de tamanho, a criatura ganha efeitos toscos, mas até ali, não há reclamação alguma, considerando os padrões da época. Até o jeito desengonçado do robô andar eu achei interessante. De todos robôs de Doctor Who até o momento, acredito que este é o mais simpático e bem desenvolvido (não conto os Daleks ou Cybermen porque eles são ciborgues, não robôs).

Um ponto interessante a se destacar é que após a saída do Doutor, Sarah e Harry do QG da UNIT, eles não vão direto para a aventura em The Ark in Space. Há um espaço aí em que se incluem uma série de aventuras do Universo Expandido e que acontece uma pequena tragédia temporal. Por algum motivo até hoje não esclarecido, alguns eventos da linha do tempo vividos por sua encarnação passada simplesmente desapareceram. E para que o Universo continue existindo normalmente, o 4º Doutor precisa revivê-los. É por isso isso que existem diversos quadrinhos protagonizados pelo 3º Doutor e a mesma história vivida pelo 4º Doutor. O “mais novo” só estava revivendo (sem ter consciência disso) eventos pelos quais já havia passado. Mais adiante, em sua timeline, isso aconteceria com Shada. Mas a iniciativa veio de sua 8ª encarnação. Pois é. Se fosse simples não seria Doctor Who, certo?

Robot (Arco #75) — 12ª Temporada — Season Premiere
Direção: Christopher Barry
Roteiro: Terrance Dicks
Elenco: Tom Baker, Elisabeth Sladen, Ian Marter, Nicholas Courtney, Patricia Maynard

Audiência média: 10,15 milhões

4 episódios (exibidos entre 28 de dezembro de 1974 e 18 de janeiro de 1975)

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