Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Shada (Arco #108b)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Shada (Arco #108b)

por Luiz Santiago
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Equipe: 4º Doutor, Romana II, K-9 Mark II, Chris, Clare
Espaço: Cambridge / Think Tank
Tempo: 1979

Shada deveria ter sido exibido pela BBC entre janeiro e fevereiro de 1980, como arco final da 17ª Temporada de Doctor Who. A produção havia começado sem grandes problemas, no final de 1979, mas foi interrompida por conta de uma greve geral na BBC, quando apenas metade do material havia sido filmado. Devido a este impasse, Shada não foi ao ar por não ter sido concluído a tempo. A história só veio à luz em 1992, numa exibição especial que não deixou Douglas Adams muito feliz, uma vez que ele não gostava tanto assim do material que foi obrigado a escrever às pressas — para ele, a greve e a filmagem pela metade haviam sido providenciais.

A aventura traz um inimigo pouco comum para o Doutor, alguém extremamente inteligente, com planos estratégicos bem organizados para controlar o Universo inteiro através do poder da mente. Skagra é um tipo de cientista louco com alguma razão. Sua justificativa para domínio de tudo o que existe não é, na prática, megalomaníaca. O plano dele era SER todo o Universo, não TÊ-LO, no sentido mais raso de possuir alguma coisa.

Através de anos de pesquisa, Skagra conseguiu um feito tremendo, utilizando métodos de engenharia e genética que era capaz de extrair a mente de uma pessoa e todas as suas informações para uma esfera subdivisível sobre a qual tinha pleno controle e acesso. Paralelamente, ele conseguira manipular a estrutura de um asteroide ou planeta (isso não fica claro no arco) para fazer monstros-soldados, os Kraags (um anagrama de Skagra), cuja composição era de cristais, carvão, rocha e lava. Infelizmente, o baixo orçamento de Doctor Who à época nos entregou um monstro bastante risível, nada como um ser mais ou menos humanoide feito de rocha incandescente e seus cristais de origem magmática.

A melhor parte do arco é a que teve o maior número de elementos filmados, ou seja, o Episódio 1. Sob direção de Pennant Roberts, temos uma brilhante introdução de todos os envolvidos na história, desde a ação inicial de Skagra no Think Tank, roubando a mente dos maiores cientistas da época, até o encontro do Doutor com Chris e o professor Chronotis.

Como sempre, a interação entre Tom Baker e Lalla Ward é fascinante. Os dois em cena conseguem fazer o espectador sentir uma atmosfera de amizade e cumplicidade que intensifica a inda mais o estágio de relação entre seus personagens, dois Time Lords que não tinham tanta simpatia pelo seu povo e que viajavam pelo Universo como uma forma de consertar coisas que normalmente não poderiam, caso fossem seguir regras nativas com as quais não concordavam. O mesmo vale para o ótimo Denis Carey no papel do professor Chronotis. A sensação de “bom velhinho” explícita no roteiro alcança uma verdade indubitável em sua atuação. É de se lamentar que a partir do 3ª Episódio seu personagem se torne progressivamente gratuito, uma questão não necessariamente vinda do roteiro de Douglas Adams mas sim pelas partes faltantes das filmagens.

E aqui chegamos no impasse do arco. Por ser uma aventura incompleta, é difícil termos uma visão total a respeito do que se passa e também de julgarmos se algumas coisas são descuidos da produção ou parte de algo que teria uma origem ainda a ser filmada. A isso podemos indicar a mudança do penteado de Clare (explicada no livro sobre a aventura), a relação dela com Chris, a presença viva da Nave, a sequência dentro da prisão de Shada e o desfecho geral do arco.

Imagino que se fosse concluído, Shada teria um excelente resultado final. Se tomarmos como exemplo o primeiro episódio, que é realmente genial, podemos entender que o roteiro não cairia tanto de qualidade a ponto de o desenvolvimento da trama ser desprezível (hey, estamos falando de Douglas Adams!), pelo contrário, acompanharia de perto a ótima apresentação dos personagens.

De qualquer forma, temos uma série de produções posteriores que nos dão detalhes e versões instigantes sobre os eventos de Shada. Ao longo dos anos, o arco se tornou uma espécie de pérola misteriosa da série, o que explica a realização do webcast, o lançamento do audiodrama em separado e a novelização escrita por Gareth Roberts em 2012. Ao menos nesse caso a BBC e afiliadas não nos deixaram órfãos de detalhes. Quem dera fosse assim para todos os enigmas da série!

Shada (Arco #108) – 17ª Temporada – Season Finale

Roteiro: Douglas Adams
Direção: Pennant Roberts
Elenco principal: Tom Baker, David Brierley, Lalla Ward, Victoria Burgoyne, Denis Carey, Daniel Hill, Christopher Neame

6 Episódios (incompletos)

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