Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Spearhead From Space (Arco #51)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: Spearhead From Space (Arco #51)

por Luiz Santiago
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Equipe: 3º Doutor, Liz (+ UNIT e Brigadeiro Lethbridge-Stewart).
Era: UNIT: Ano 1
Espaço: Oxley Woods, Auto Plastics Ltda. e Ashbridge Cottage Hospital, cidade de Epping, Condado de Essex / Londres
Tempo: Outubro, “meses” depois de The Invasion, anos 1970

Spearhead From Space marca o início de uma nova era em Doctor Who, em todos os sentidos. O arco, exibido em janeiro de 1970, marca o início da 7º Temporada da Série Clássica; a estreia de Jon Pertwee como 3º Doutor; a estreia de Caroline John como Liz Shaw; o retorno da UNIT e do Brigadeiro Lethbridge-Stewart; a apresentação do sistema cardiovascular binário do Doutor; a primeira aparição da Consciência Nestene e dos Autons; a primeira exibição de um episódio de Doctor Who em cores; a primeira e única história da série a ser filmada inteiramente em 16mm e o primeiro arco clássico a receber lançamento em Blu-ray (2013). Como se vê, Spearhead From Space é, em uma palavra, obrigatório — e por vários excelentes motivos — para a lista de “assistidos” de qualquer whovian.

A história segue os acontecimentos de The War Games, com o Doutor saindo da TARDIS já regenerado em sua terceira encarnação e demorando um pouco para recobrar a consciência, dar-se conta de que mudara de aparência e enfim assumir o controle da situação em meio ao ataque alienígena que coincidentemente aconteceu no mesmo momento de seu exílio na Terra.

O exílio do Doutor recebe justificativas que cercam justamente essa “coincidência” de invasões. Alguns registros da série dão conta de que os Time Lords tinham ciência dessa quantidade enorme de invasões ao planeta, e como o Doutor se afeiçoara bastante aos terráqueos, pareceu natural ao Alto Conselho enviá-lo para cá, assim, o exílio do rebelde e renegado Time Lord poderia se dar com bastante trabalho para fazer e em um contexto de salvação de uma espécie que ele gostava muito. Outros registros seguem a mesma linha do Brigadeiro aqui Spearhead From Space. Ele diz para Liz que “nós enviamos inúmeras sondas para o espaço ‘na última década’ e chamamos a atenção para nós” (aliás, a mesma premissa da famosa série em quadrinhos Kirby: Genesis). A “resposta” a essas sondas, ainda bem, aconteceram justamente com a presença do Doutor na Terra.

O roteiro de Robert Holmes é divertido e com alto nível de ação (temos aqui o início da fase 007 de Doctor Who), tendo apenas um ponto fraco no terceiro episódio — encadeamento arrastado dos eventos — mas consegue contar a história muitíssimo bem e terminá-la com a sensacional “negociação” do Doutor com o Brigadeiro, estabelecendo os termos para que o Time Lord ajudasse a UNIT em sua luta contra os aliens do mal.

Assistir a Spearhead From Space pode ser um verdadeiro choque, dependendo da expectativa do público. Não se deve esperar nada igual às eras do ou do 2º Doutor. Estamos falando de um arco que traz uma quantidade maior de violência, cadência de eventos quase cinematográfica, excelente uso de gags (o Doutor fugindo na cadeira de rodas ou se comunicando com Liz através das sobrancelhas, como os habitantes do planeta Delphon são ótimos exemplos) e gêneros como o terror (a concepção dos Autons e das cópias humanas, com aquela maquiagem medonha) e, claro, ficção científica, aqui explorada através do laboratório improvisado para o Doutor Liz e outras nomeações para objetos e realidades fictícias da série.

Jon Pertwee dá um show de interpretação, prestando uma breve homenagem a Patrick Troughton na cena do hospital, imitando a fala de seu antecessor e rapidamente dando as cartas para o que seria a sua encarnação do Doutor. A dinâmica com o Brigadeiro é ao mesmo tempo desafiadora e fraterna e a relação com Liz é, em uma palavra, terna. A atriz Caroline John também tem uma ótima apresentação, inicialmente envolvida em mistério e humor e posteriormente em aprendizado e aceitação do inimaginável. O elenco de apoio segue de perto os protagonistas, com destaque para o ótimo Nicholas Courtney como Brigadeiro Lethbridge-Stewart.

Spearhead From Space é um início absolutamente marcante para uma nova era. Todas as cartas para o jogo são dadas e a direção de Derek Martinus faz a aventura ser todo o tempo interessante, tropeçando um pouco no terceiro episódio mas ainda assim, mantendo as rédeas da ação. Mais uma longa jornada é iniciada de forma inesquecível. Que ótimo início para o 3º Doutor!

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UNIT: Datação e Esquemas de Organização
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Para qualquer whovian que tenha conhecimento sobre a série clássica, a datação dos eventos protagonizados pela UNIT sempre foi um problema. Existem inúmeras teorias a respeito da descontinuidade, confusão, contradição e maluquices a respeito do ano em que determinada aventura se passa. Em minha opinião, é uma perda de tempo e energia psíquica tentar achar uma resposta para o caso da UNIT. Simplesmente porque ela não existe (sim, eu estou afirmando isso e se você duvida, pegue informações, citações e linhas do tempo de personagens citadas em The Web of Fear, The Invasion, Pyramids of Mars, The Time Warrior, Terror of the Zygons, Mawdryn Undead, K9 and Company, Battlefield e Sarah Jane Adventures e tente cruzá-las de uma maneira matematicamente lógica… Pois é, aí está a sua resposta e a certeza da minha afirmação).

Portanto, sendo impossível classificar datas específicas para a UNIT clássica, resta-nos estabelecer elementos que podemos provar cronologicamente a localização da organização em determinado período. E o que temos? Bem, nós podemos afirmar com certeza que os eventos da UNIT jamais poderiam ter acontecido ANTES de meados dos anos 60 e DEPOIS do início dos anos 90. Assim, estabelecemos com segurança a “Era UNIT” entre 1965 e 1992. Alguns whovians possuem certas preferências de classificação dentro desse período, como vemos no esquema abaixo. Analise e escolha qual lhe apetece mais.
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  1. Preferência de classificação nº1: Os eventos da UNIT ocorrem NO MESMO ANO em que o arco/episódio em que ela participa for exibido.
  2. Preferência de classificação nº2: Os eventos da UNIT ocorrem ENTRE 2 e 3 anos DEPOIS que o arco/episódio em que ela participa for exibido.
  3. Preferência de classificação nº3: Os eventos da UNIT ocorrem ENTRE 5 e 7 anos DEPOIS que o arco/episódio em que ela participa for exibido (esta é a minha classificação preferida e a minha justificativa é que o nível de tecnologia e aspectos geopolíticos mais trágicos dos episódios da UNIT combinam mais com essa classificação).
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Antes do surgimento da UNIT ainda é possível estabelecer dois grandes eventos, como vemos abaixo.

UNIT: Ano -5: segundo Tobias Vaughn, os Cybermen o contactaram “5 anos antes” de The Invasion. A companhia International Eletromatics (IE) assume a liderança mundial no ramo de “circuitos eletro-monolíticos”.

UNIT: Ano -4: quatro anos antes do surgimento da UNIT: The Web of Fear. Lethbridge-Stewart era Coronel na época. Os eventos deste arco são catalisadores para a criação da UNIT, que se estrutura, pouco a pouco, ao longo dos 4 anos seguintes.

UNIT: Ano 1: esse período é composto pelos arcos The Invasion, (dependendo da preferência de classificação do whovianThe Pyramids of Mars e Mawdryn Undead também entram no Ano 1 da organização) e Spearhead From Space.
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Spearhead From Space (Arco #51) — 7ª Temporada – Season Première
Direção: Derek Martinus
Roteiro: Robert Holmes
Elenco: Jon Pertwee, Caroline John, Nicholas Courtney, Hugh Burden, John Woodnutt, Derek Smee

Audiência média: 8,22 milhões

4 episódios (exibidos entre 03 e 24 de janeiro de 1970)

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