Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Curse of Peladon (Arco #61)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Curse of Peladon (Arco #61)

por Luiz Santiago
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Klokleeda partha mennin klatch, harooon harooon harooon… Klokleeda sheena teerinatch, harooon harooon harooon.

Venusian lullaby

Equipe: 3º Doutor, Jo
Era: As Guerras Interplanetárias
Espaço: Planeta Peladon
Tempo: 3885

The Curse of Peladon é um daqueles arcos subestimados da Série Clássica por um motivo que até hoje eu não entendo por quê. Alguns fãs depositam todo o desagrado em cima do personagem de David Troughton (filho de Patrick Troughton, que interpreta o rei de Peladon, de Peladon — sim, porque a zuera na BBC não tem limites) e parecem se esquecer de todo o restante da história, deixando de considerar o seu interessantíssimo conceito geopolítico e as influências culturais que Brian Hayles trouxe para o roteiro.

Manipulada pelos Time Lords e sem o Doutor e Jo inicialmente perceberem, a TARDIS se materializa nas montanhas do Planeta Peladon, no final do século 39. No local está em andamento a difícil negociação para a entrada de Peladon na Federação Galáctica, formada por Alpha Centauri, Arcturus, Marte e Terra. Contrastando interesses particulares de um dos delegados aos interesses da Federação, a trama se desenrola quase unicamente sob esse ângulo político, sendo preenchida pelo misticismo local –- a crença em um deus bestial parecido com Alfie e chamado Aggedor -– e a tentativa de resistência por parte do Sumo Sacerdote Hepesh, que vê a entrada de Peladon na Federação Galáctica como uma tragédia para o Planeta em todos os sentidos.

Utilizando elementos de obras como Hamlet e O Cão dos Baskervilles, Brian Hayles faz uma incrível sátira política ao momento histórico do Reino Unido no início dos anos 70, onde se via parte da população e alguns políticos fazendo de tudo para que o país não entrasse na Comunidade Econômica Europeia (para a qual o RU entrou definitivamente em 1973), trazendo a justificativa de que o país seria escravo das nações mais fortes do grupo.

Há alguns elementos góticos no desenho de produção e, ao menos em composição geral, o arco guarda semelhanças visuais com The Daemons, com direito a um ser mítico, um culto (aqui abordado de forma sutil e não demoníaca) e túneis e cavernas para serem explorados. O conceito de ambientação para o Planeta Peladon também é muito interessante. O lugar, diz-se, é parecido com a Terra, mas se mostra castigado por relâmpagos e trovões. E o castelo do rei Peladon de Peladon (hehehe) parece ficar no lugar mais estranho e medonho possível.

A direção a cargo de Lennie Mayne, possui problemas de finalização, especialmente no diálogo com a montagem, incluindo cenas que em nada acrescentam à história e, em termos de condução de atores, falhando bastante com o rei Peladon, um personagem realmente muito chato. Outros, porém, possuem melhor destino, como os delegados da Federação Galáctica, um grupo peculiar e em quem o espectador não consegue confiar um minuto sequer (mesmo no estranhamento fofo delegado de Alpha Centauri e sua voz de criança). A presença dos Ice Warriors como uma raça pacífica (que só usa violência em caso de autodefesa, segundo eles) também é um constante ponto de alerta. Ainda vale destacar a incrível atuação de Jon Pertwee, que se destaca com louvor na cena de luta e canta de maneira muito bonita a Venusian Lullaby, fazendo-nos repetir a melodia depois do arco terminado; e a doce Katy Manning, aqui assumindo a persona de Princesa Josephine de TARDIS.

Mesclando terror e política The Curse of Peladon é uma interessante, medonha e divertida excursão intergaláctica do Doutor ao lado de Jo em um momento de sua vida em que esse tipo de viagem era algo raro e proibido.

The Curse of Peladon (Arco #61) — 9ª Temporada
Direção: Lennie Mayne
Roteiro: Brian Hayles
Elenco: Jon Pertwee, Katy Manning, David Troughton, Geoffrey Toone, Henry Gilbert

Audiência média: 9,38 milhões

4 episódios (exibidos entre 29 de janeiro e 19 de fevereiro de 1972)

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