Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Dominators (Arco #44)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Dominators (Arco #44)

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Equipe: 2º Doutor, Jamie, Zoe
Espaço-tempo: Dulkis, ano desconhecido

Com apenas uma aparição na televisão, os Dominators, principais antagonistas do primeiro arco da sexta temporada, somente dariam as caras novamente nos quadrinhos de Doctor Who – mais especificamente em Art Attack, Prisioneiros do Tempo #10 e The Fires Down Below. Nesta quadragésima quarta história, os alienígenas conquistadores das Dez Galáxias pousam no pacífico planeta Dulkis, para realizar operações mineradoras. Não é preciso dizer que, praticamente ao mesmo tempo, o Doutor materializa sua Tardis no local, esperando passar ali por alguns dias de descanso ao lado de Zoe e Jamie.

A trama de The Dominators, então, procede mantendo o mistério por trás das ações dos invasores, Rago e Toba, conflitando as visões pacifistas e radicalmente burocratas dos Dulcians à postura agressiva dos Dominators. Tal núcleo, porém, é mal explorado, ao passo que o roteiro de Norman Ashby prefere focar no conflito interno entre Rago e Toba que, a cada sequência, parecem arranjar algum motivo para discussão. Essa abordagem acaba se tornando enfadonha, repetitiva e, no fim, sequer demonstra um grande valor narrativo, já que as diferenças de opinião são rapidamente resolvidas no último episódio do arco.

Os problemas ainda se estendem através da presença dos Quarks, os robôs utilizados pelos conquistadores para minerar e assassinar aqueles que se colocarem em seu caminho. O maior defeito neste aspecto da obra se encontra no design das máquinas. Similares a pequenas geladeiras, os Quarks não oferecem qualquer ameaça plausível, demonstrando movimentos demasiadamente lentos e armas com pequeno raio de acerto. É claro que podemos apelar para o saudosismo nos lembrando das ficções científicas dos anos 50, como Planeta Proibido, que apresentam criaturas robóticas similares. Mas, se traçarmos um paralelo com os Daleks, que seguem o mesmo princípio, encontraremos uma menor necessidade de suspensão de descrença neste exemplo – lembremos que, apesar das limitações de movimento e energia de suas primeiras aparições, desde já eles apresentavam uma maior inteligência, ao contrário dos Quarks em questão.

Esse empecilho no meio do arco assume uma posição ainda maior de destaque quando levamos em consideração o tempo gasto em contínuas fugas e “combates” com tais robôs. Esse período desperdiçado acaba tirando o enfoque de facetas mais interessantes da história, como a própria alienação dos Dulcians em relação a vida fora de seu planeta, algo que passa quase despercebido, gerando poucas repercussões na narrativa. Ao invés disso, o tempo disposto para essa raça geralmente consiste em infindáveis discussões burocráticas, ceticismo e trabalho escravo imposto pelos Dominators.

O arco, porém, não é composto apenas por deslizes. Norman Ashby faz bom uso da personalidade do segundo Doutor para compor situações cômicas ao longo da trama. Aqui dou o devido destaque para o encerramento da história, que termina não só de forma criativa, como bem humorada e que só funciona pela retratação de Patrick Troughton. O mesmo carisma se estende para os outros personagens, desde os vilões caricatamente maquiavélicos até os exageradamente calmos Dulcians, que se deixássemos, discutiriam que plano de ação tomar até séculos depois da ameaça ter sido eliminada. Além disso, impossível não notar a forma como os companions são bem utilizados, realizando ações de destaque para a resolução da trama.

The Dominators, portanto, é uma história que consegue divertir apesar de seus evidentes defeitos no roteiro e design. Poucas vezes sentimos, de fato, uma grande tensão proveniente dos antagonistas – em geral soltamos apenas algumas risadas graças à presença dos Quarks. Com isso em mente fica fácil entender o porquê desses seres jamais terem aparecido em outros episódios na televisão.

The Dominators (Arco #44) – 6ª Temporada – Season Première

Direção: Morris Barry
Roteiro:
Norman Ashby
Elenco principal: Patrick Troughton, Frazer Hines, Wendy Padbury, Ronald Allen, Kenneth Ives, Arthur Cox, Philip Voss, Malcolm Terris, Nicolette Pendrell, Walter Fitzgerald

Audiência média: 6,2 milhões

5 Episódios (exibidos entre 10 de Agosto e 7 de Setembro de 1968).

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