Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Green Death (Arco #69)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Green Death (Arco #69)

por Ritter Fan
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estrelas 2

Equipe: 3º Doutor, Jo Grant, Brigadeiro Lethbridge-Stewart
Era: UNIT — Ano 6
Espaço: Metebelis III, Terra
Tempo: anos 70

O 69º arco de Doctor Who encerra a 10ª temporada da série. Mas, além disso, ele é responsável por nos mostrar o planeta azul Metebelis III pela primeira vez e por marcar a despedida de Jo Grant (Katy Manning) como parceira do Doutor.

Sendo, então, um marco triplo na série, fica a pergunta: por que esse arco é tão insuportavelmente chato?

O roteiro de Robert Sloman e Barry Letts (esse último nem crédito recebeu) é extremamente lento e literalmente desperdiça metade dos seis episódios estabelecendo uma situação que já fica sobejamente clara nos primeiros 10 ou 15 minutos: a empresa Global Chemicals, responsável por poluir o meio-ambiente com dejetos químicos de sua refinaria de petróleo que substitui a mina de carvão local, deseja a dominação mundial e, nesse processo, cria, involuntariamente, larvas mutantes gigantes que ameaçam inicialmente a pequena comunidade de Llanfairfach no País de Gales e, depois, potencialmente o mundo. A crítica ecológica e também social fica também mais do que evidente ainda no primeiro episódio, com protestos contra o fechamento da mina e, por parte do Professor Clifford Jones (Stewart Bevan, então namorado na vida real de Katy Manning), contra o refinamento de petróleo em si, que ele julga ser o responsável pela destruição do meio-ambiente.

Mas a narrativa não mergulha nessa história diretamente. Ao contrário, a história começa na UNIT, com o Doutor excitado por finalmente estar próximo de conhecer Metebelis III, planeta banhado por um sol azul que ele já mencionara antes, quando estava confinado à Terra como o Surfista Prateado. Agora, sem rédeas, ele está nos preparativos finais para a viagem, mas Jo não se anima ao descobrir sobre os protestos ecológicos no País de Gales. E, com a chegada do Brigadeiro Lethbridge-Stewart, que quer a presença do Doutor coincidentemente no mesmo local para onde Jo quer ir em razão de morte estranha ocorrida por lá, o time acaba se dividindo: o Doutor insiste em Metebelis III e o Brigadeiro e Jo vão para Llanfairfach.

Com isso, nesse início, a narrativa fica divida entre os dois locais, com momentos divertidos com o Doutor no planeta azul (nada mais do que um cenário filmado com filtro azul) enfrentando diversas ameaças extra-terrestres que permanecem fora da tela. A ação fora da Terra é entrecortada com a chegada do Brigadeiro e Jo no País de Gales, o começo de sua relação com o Professor Jones e sua descida à mina onde a tal “morte verde” do título começou, deixando vítimas marcadas com manchas radioativas pulsantes.

Pode até parecer que muita coisa acontece pela tentativa de resumo que fiz acima, mas isso não é verdade. Ao longo de três episódios, as mesmas situações ou se repetem ou se perpetuam, imprimindo um ritmo lento demais à ação que, claro, conta com o Doutor de volta de sua viagem a tempo de salvar Jo da morte certa. A montagem dos episódios são didáticas e o roteiro não consegue trazer situações interessantes o suficiente para prender a atenção do espectador até o “momento de virada”.

Quando, porém, esse momento acontece, com a revelação do verdadeiro vilão por trás da Global Chemical, uma inteligência artificial megalomaníaca não muito inteligente batizada de B.O.S.S. (sigla de Biomorphic Organisational Systems Supervisor), o arco começa a ganhar tração e a narrativa passa a ser bipartida entre o embate do Doutor contra o supercomputador e o resgate de Jo das lesmas assassinas, além de, depois, a corrida para descobrir a cura para a “morte verde”, que infectou o professor Jones.

Mesmo quando a ação realmente começa, o arco sofre com sua incapacidade de oferecer vilões dinâmicos. As lesmas são, bem, digamos… lerdas e não oferecem perigo crível algum, tanto que, quando o Doutor usa sua chave de fenda sônica contra elas para atrai-las para longe da entrada da caverna onde Jo e Jones estão, bastou que os personagens saltitassem por sobre os monstrinhos para que tudo se resolvesse. A produção ainda tenta literalmente dar “dentes” às lesmas, de maneira que elas lembre de longe as gigantescas criaturas de Duna, de Frank Herbert, o fato é que o resultado final é, na melhor das hipóteses, risível.

Do outro lado, B.O.S.S., por sua natureza estática, também não oferece perigo real e imediato e parece muito mais um vilão de James Bond, que fala, fala e não faz nada, do que qualquer outra coisa. No entanto, no clímax, quando ele está sendo destruído por sua “parte humana”, as conexões com Dave e HAL 9000 em 2001 – Uma Odisseia no Espaço são inescapáveis e muito bem vindas.

No final das contas, The Green Death parece um “arco tampão” conectando duas temporadas com os únicos objetivos de nos apresentar a Metebelis III, cuja visita do 3º Doutor deflagaria uma reação em cadeia que culminaria em Planet of the Spiders, na 11ª temporada e sua regeneração, além de afastar Jo do Doutor, com sua decisão de casar com o Professor Jones e viajar para a Amazônia atrás de fungos. A despedida é rápida, sem enrolação e muito mais marcada por olhares do que por palavras. Acaba funcionando, mas deixa uma sensação de vazio, algo que, de certa forma, seria abordado em The Death of the Doctor, 37 anos depois, dentro da série The Sarah Jane Adventures.

The Green Death (Arco #69) – 10ª Temporada – Season Finale
Direção:
 Michael E. Briant
Roteiro: Robert Sloman, Barry Letts
Elenco: Jon Pertwee, Katy Manning, Nicholas Courtney, Richard Franklin, John Levene, Stewart Bevan, Jerome Willis, John Dearth

Audiência média: 7,71 milhões

6 episódios (exibidos entre 19 de maio e 23 de junho de 1973)

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