Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Savages (Arco #26)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Savages (Arco #26)

por Luiz Santiago
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estrelas 4

Equipe: 1º Doutor, Steven e Dodo
Espaço-tempo: Planeta não nomeado, futuro distante (no fim dos tempos).

Penúltimo arco da terceira temporada clássica de DW, The Savages marca a partida de Steven como companion do 1º Doutor, finalizando a sua saga iniciada (mesmo que não como companion, mas como personagem relacionando-se com o Doutor) ainda com Vicki, Ian e Barbara na TARDIS e seguida por aventuras em diversos tempos e lugares do espaço ou da História da humanidade.

Partindo do Velho Oeste do século XIX, em The Gunfighters, os viajantes chegam a um Planeta não nomeado parecido com a Terra. A aventura se passa num futuro muito distante, mas não temos a citação ou ao menos uma indicação de quando pode ser.

A TARDIS se materializa e o Doutor parte com um instrumento para investigar o local. Steven e Dodo têm uma conversa cujo assunto é uma possível cisão entre o Time Lord e Steven. Ele já vinha se mostrando cada vez mais contra as opiniões e ordens do Doutor e, nesse arco, chega se questionar a respeito. Dodo então pergunta ao companheiro por quê motivo ele devia sempre obedecer ao Doutor. Afinal, Steven era ou não era um homem crescido? Essa prensada contra a parede serviu de antecipação moral para indicar ao espectador o amadurecimento do companion e, claro, ressaltar seu engajamento na luta contra as injustiças, algo que vimos acontecer diversas vezes durante suas viagens na TARDIS.

O roteiro de Ian Stuart Black trabalha um tema antropologicamente interessante. Está claro que a similaridade com a questão racial/étnica que pontuava as discussões da época (e as atuais). Os experimentos que os homens da cidade faziam com os “selvagens das cavernas”, porque eles eram inferiores e não podiam acompanhar o desenvolvimento humano, eram um eco das justificativas “científicas” dos que defendiam a escravidão, a divisão diferenciada de desenvolvimento entre raças e a legitimidade eugênica com base numa rasa visão evolucionista para a exploração/extermínio dos chamados “inferiores”.

O tema é trabalhado de maneira orgânica e funciona muitíssimo bem com a presença do Doutor e seus companions, pecando um pouco no final, quando Steven é convidado para se tornar Líder dos dois povos, uma espécie de mediador entre lados humanos que antes tiveram uma relação conflituosa. As coisas nesse final acontecem rápido demais e, para a quantidade de pessoas em cena, soldados e sábios da cidade, faltaram detalhes para coroar o desfecho.

Mesmo assim, a partida de Steven foi bastante emocionante, especialmente para Dodo, que agora se via sozinha com o Time Lord. É uma pena que o arco todo seja uma reconstituição, com poucos segundos de vídeo original. Mesmo assim, vemos a ligação que o Doutor mantivera com Steven, o modo formal mas claramente sentimental com que os dois se cumprimentam ao final e a partida da TARDIS deste planeta desconhecido. Essa elipse final não é tão abrupta quanto a do arco anterior, mas mesmo assim, pode ser vista com estranheza pelo público.

Em tempo, vale ainda dizer que a interpretação de Frederick Jaeger (Jano) como William Hartnell, é primorosa. Mesmo sendo uma reconstituição, percebemos trejeitos como o polegar no lábio inferior, a fala levemente impaciente e um pouco reticente… enfim, ele faz uma interessantíssima absorção da personalidade do Doutor e sua representação disso é realmente notável.

Ah, também é importante destacar que pela primeira vez na série temos uma divisão clara de arco temático, ou seja, os episódios passaram a ser nomeados pela sua posição no arco (Episode 1Episode 2), o que deu uma melhor localização para o público. Antes disso, cada episódio recebeu um título específico, em par com a trama que exibiam, mesmo estando dentro de um arco. Mais uma vez, Doctor Who passava por mudanças internas, uma característica que simplesmente manteve a série viva através dos anos.

The Savages (Arco #26) – 3ª Temporada 

Audiência média: 4,97 milhões

Roteiro: Ian Stuart Black
Direção: Christopher Barry
Elenco principal: William Hartnell, Jackie Lane, Peter Purves, Geoffrey Frederick, Frederick Jaeger, Robert Sidaway, Ewen Solon, Peter Thomas

4 Episódios (exibidos entre 28 de maio e 18 de junho de 1966).

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