Home TVEpisódio Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Stones of Blood (Arco #100)

Crítica | Doctor Who – Série Clássica: The Stones of Blood (Arco #100)

por Luiz Santiago
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estrelas 4

Equipe: 4º Doutor, Romana, K9 II
Espaço: Cornwall, Reino Unido / Hyperspace
Saga: Key to Time (3 de 6)
Tempo: c. 1978

Centésimo arco da Série Clássica de Doctor Who — cujo aniversário de 15 anos aconteceu 5 dias depois da exibição do episódio 4 desta aventura — The Stones of Blood marca o meio da saga da Chave do Tempo e traz o Doutor, Romana e K9 II enfrentando uma criminosa galática (em condição parecida com a vilã de The Hand of Fear) que se aproveitou de mitos e lendas da Inglaterra medieval para integrar-se ao imaginário de uma determinada região no interior do país, assumindo a forma física de diversas dessas crendices e/ou fatos recontados através da História e ao gosto da imaginação popular.

Nas raízes para a construção dessa personagem, temos referências à rainha-feiticeira da mitologia celta chamada Cessair; à Fada Morgana e Viviane, a Dama do Lago, dos contos arturianos; e a Gogue e Magogue, da mitologia judaico-cristã. Todo esse imaginário está misturado em The Stones of Blood — cujas locações em um sítio monolítico da Inglaterra, o Rollright Stones, dão um sabor todo especial à aventura — e tem o propósito de encobrir a verdadeira identidade da vilã, Cessair of Diplos, mantendo-a distante do julgamento que lhe cabia, algo que ao final do arco é executado por um outro — e muito interessante — personagem, uma máquina-juiz em forma de luz/orbe cintilante chamada Megara.

O companheirismo entre o Doutor e Romana se intensifica à medida que um ensina e ajuda o outro a encontrar respostas e descobrir coisas novas. Nesta aventura, o roteiro de David Fisher explora ainda o nível de confiança e afetividade entre os dois, colocando-os em perigo em momentos e lugares diferentes, com destaque para o ponto a partir do terceiro episódio onde aparece informações sobre o Hyperspace, para onde Romana é levada por Cessair e para onde o Doutor consegue se transportar a fim de encontrar sua companion e resolver a história de mais um segmento da Chave do Tempo. Diferente do que acontece no arco seguinte, The Androids of Tara, só sabemos de fato o que é este terceiro segmento em uma das últimas cenas do arco.

A violência e forma macabra como os eventos do primeiro episódio aconteceram causou certo impacto nos espectadores da época, posto que Doctor Who era um show familiar e o fato de ter o Doutor ameaçado e em visível sofrimento ao fim do capítulo era mesmo perturbador para os pequenos. Para um adulto, porém, o cliffhanger da primeira parte é perfeito. Há uma boa aplicação dos elementos mitológicos e históricos reservados para essa aventura (moldados de uma forma a servir ao objetivo do roteiro) e o clima de terror junto à aparição de Cailleach dão um pequeno olhar para o passado, para a era do produtor Philip Hinchcliffe, assustando tanto pelo denso contexto da trama quanto pelo modo como é representada.

Curioso é que as referências à era Hinchcliffe voltam também na base de Cessair of Diplos localizada no hiperespaço. Ali encontramos um Wirrn (The Ark in Space) e um androide Kraal (The Android Invasion) mortos, aparições que nos dão a sensação da existência de um laço em torno da mitologia da série, agora cada vez mais forte, e isso se intensifica pelo desenho exterior e interior da base de Cessair of Diplos, muito semelhante a outras ocorrências de bases e naves especiais que tivemos na era do e agora do 4º Doutor.

Primeira e única aventura terráquea da saga Key to Time, The Stones of Blood é um terror B com elementos históricos que não negam as raízes de Doctor Who. A história é divertida e em parte aterradora, compreendendo sequências de ficção científica misturadas ao terror, acompanhadas por uma excelente trilha sonora e isolamento de cenários (na Terra e no hiperespaço) que cumprem muito bem o seu papel de tornar tudo ainda mais ameaçador. Os pequenos momentos bizarros, como as horrendas rochas ambulantes, os Ogri, e a estranha atuação da atriz Susan Engel (Vivian) na segunda parte da história acabam tendo pouco peso negativo diante da quantidade de coisas boas que temos a considerar aqui. No final, prevalece o charme clássico da série.

The Stones of Blood (Arco #100) — 16ª Temporada
Direção: Darrol Blake
Roteiro: David Fisher
Elenco: Tom Baker, Mary Tamm, Beatrix Lehmann, Susan Engel, John Leeson

Audiência média: 8,03 milhões

4 episódios (exibidos entre 28 de outubro e 18 de novembro de 1978)

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