Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Doctor Who: The Road to the Thirteenth Doctor #1: The Ghost Ship

Crítica | Doctor Who: The Road to the Thirteenth Doctor #1: The Ghost Ship

por Luiz Santiago
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Para os fãs de Doctor Who que não são acostumados a ler quadrinhos, é muitíssimo importante ter em mente o que significa o termo “The Road to…” na Nona Arte. Toda vez que um grande evento está para acontecer, grandes editoras criam histórias que cercam, mais ou menos à distância, o esperado evento. É extremamente raro que fatos decisivos desse momento vindouro apareçam nas HQs intituladas “The Road to…“, que são, na verdade, prólogos marqueteiros — alguns, porém, muitíssimo bem concebidos — e convenientes, cuja finalidade é dar pistas, sugerir ameaças e introduzir alguns problemas que serão melhor explorados no futuro.

Assim, seguindo à risca uma concepção de roteiro sob a tag The Road to…“, a minissérie em três edições Doctor Who: The Road to the Thirteenth Doctor não deve mostrar muito (ou não deverá mostrar nada) da 13ª Doutora, a nossa menina Jodie. E não, isso não é um erro de roteiro. Ou covardia da Titan Comics. Ou falsa propaganda, como já andam gritando algumas vozes pedantes da fanbase whovian brasileira. É assim que funciona esse tipo de abordagem nos quadrinhos. E é exatamente isso que temos em The Ghost Ship, a edição de estreia da minissérie, estrelando o 10º Doutor ao lado de suas companheiras Gabriella Gonzalez e Cindy Wu. A organização da edição — e tudo indica que isto será a base para as duas seguintes, com o 11º e 12º Doutores — é marcada por uma história auto-contida do Time Lord (nesse caso, o interpretado por David Tennant) + uma mini-história com a equipe criativa que assumirá as revistas da 13ª Doutora, o verdadeiro olhar para o futuro. E ao que tudo indica, não há nenhuma ligação entre essas duas tramas.

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A Nave Fantasma é onde o Doutor, Gabby e Cindy aparecem, bem no meio de uma ação trágica, no começo do século 31. O roteiro de James Peaty não é cifrado e nem força o leitor novato a procurar inúmeras referências anteriores para entender a sua narrativa — sem contar que a Titan dá a maior colher de chá, fazendo um “Anteriormente…” bem no começo, situando o leitor nos principais eventos vividos pelos protagonistas até a presente edição. O tom familiar e um tantinho desesperado típicos do 10º Doutor nesse momento de sua vida (essa trama se passa entre The Next Doctor e Planet of the Dead), são bem colocados na história, assim como a criação rápida de um problema, que nos remete muito mais ao tipo de aventura “cheguei na nave tudo estava um caos” da era do 4º Doutor do que qualquer outra coisa. Mas não coloco isso de maneira negativa. Essa problemática tem um bom uso ao longo de toda a história e nem mesmo o tom imediatista do roteiro ou o final notadamente anticlimático diminuem os bons momentos da primeira parte.

Com o Doutor fazendo piada com Star Wars e utilizando de maneira não apelativa a chave de fenda sônica e o papel psíquico, é possível dizer que, ao menos no sentido de representação simpática dos personagens, essa primeira história funciona muito bem. O roteirista poderia muito bem dar uma maior utilidade e espaço de ação para as companions, mas diante do perigo em cena, o tratamento passivo não é assim tão gritante.

A explicação para a ação vilanesca, apesar de isoladamente aceitável, macabra e típica das grandes Corporações que não se importam nada com vidas humanas, não tem um estabelecimento muito sólido. Por conta do ritmo do texto, bastante corrido do meio para o final da revista, encontramos uma maior dificuldade de conexão com o real problema da nave e, por tabela, com os que estão envolvidos nele. É por isso que o encerramento se torna anticlimático. Entendemos o lado bom da coisa, mas ele não tem, para nós, a grande importância que o roteirista tentou dar. [Nota: a fala do Doutor no último quadro é a exceção: uma relação entre roteiro e arte que não combinam em nada, algo de fato muito solto].

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Já as páginas finais, com roteiro de Jody Houser e arte de Rachael Stott (acho bem melhor o Doutor na arte dela. Iolanda Zanfardino, na primeira saga, desenha o Doutor muito molecão para o meu gosto), é a típica exposição de historinhas “The Road to…“. Estabelece-se o lugar e os personagens, mas a partir daí há mais enigma do que explicação. E é bom que seja assim, afinal, a editora está pavimentando um caminho para a futura série em quadrinhos da 13ª Doutora e, claro, esperando a estreia dela nas telinhas para trabalhar melhor com sua personalidade. O fato é que a largada foi dada e os primeiros raios de Sol de uma Nova Era em Doctor Who começam a aparecer. Nossa Doutora está chegando…

Doctor Who: The Road To The Thirteenth Doctor #1: The Tenth Doctor Special: Ghost Ship
Publicação original: Titan Comics (EUA, Reino Unido, 18 de julho de 2018)
Roteiro: 
James Peaty, Jody Houser
Arte: Iolanda Zanfardino, Rachael Stott
Cores: Enrica Eren Angiolini, Dijjo Lima
Capas: Robert Hack, Christopher Jones
Letras: Jimmy Betancourt
Editoria: Andrew James, Jessica Burton
32 páginas

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