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Crítica | Doctor Who: Uma Mãozinha Para o Doutor, de Eoin Colfer

por Luiz Santiago
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Equipe: 1º Doutor e Susan
Espaço: Londres
Tempo: 1900
Linha do Tempo do Doutor: Uma Mãozinha Para o Doutor acontece antes de An Unearthly Child (TV). No universo expandido da série, a história se passa entre o áudio Seven to One e o conto Indian Summer.

Em comemoração ao 50º aniversário de Doctor Who, a editora Puffin e a BBC organizaram uma série de 11 e-books escritos por famosos autores britânicos que abordarão aventuras inéditas com cada um dos 11 Doutores existentes até o momento. [O projeto foi estendido para mais um livro após o anúncio de Peter Capaldi como 12º Doutor. Em 2014, a editora Rocco lançou todos os contos no Brasil na coletânea 12 Doutores, 12 histórias].

O escritor escolhido para iniciar a série foi Eoin Colfer, conhecido pelo sucesso de sua série Artemis Fowl, além de outras obras como Half Moon InvestigationsThe Supernaturalist e Airman. Neste ano de 2013, o autor irá lançar The Reluctant Assassin (W.A.R.P.), também pela editora Puffin.

Colfer segue o seu estilo de escrita mais leve e cômico na abordagem de uma aventura com o 1º Doutor, causando com isso uma primeira impressão bem diferente da postura sisuda e ranzinza com a qual ficamos acostumados nos arcos da série ou episódios da Big Finish. Mesmo assim, é possível identificar nuances do mau humor característico desse Time Lord e entender um pouco sobre o seu passado ao lado da neta, Susan, antes dos acontecimentos de An Unearthly Child.

A escolha do ano 1900 para a aventura foi bastante inteligente e certamente deu maior liberdade para o autor trabalhar com eventos nesse período, porque, fora uma indicação da série clássica no arco The Daleks’ Master Plan, o 1º Doutor não teve um grande número de ações importantes neste ano, com isso, Colfer pode evitar atropelos e cruzamentos perigosos que seriam difíceis explicar explorar um um conto curto.

 

No início de Uma Mãozinha Para o Doutor, o Time Lord está em um consultório (ou, uma espécie de megastore alienígena disfarçada na Londres Vitoriana e com centenas de funções internar, desde venda de objetos até sala de operações) de um cirurgião/comerciante chamado Aldridge, com quem conversa amigavelmente – pelo menos a maior parte do tempo. O Doutor perdeu uma mão na última batalha contra os Piratas de Almas, e a consulta a Aldridge mixa conversas sobre amenidades e a possibilidade de o cirurgião conseguir um bom resultado na reposição da mão do Doutor, especialmente fazendo uma com 5 dedos.

Se pensarmos no 10º Doutor, lembraremos de que o seu corpo reagiria de outro modo à perda de uma mão, graças à sorte de ainda estar nas primeiras 15 horas após regenerar-se (Especial de Natal The Christmas Invasion, 2005).

***

Após um interessante início, o conto de Eoin Colfer caminha para uma terrível sequência entre o Doutor e os Piratas de Almas, uma série de ventos que envolve o sequestro de Susan e de outras crianças, além de um soldado. O que é realmente bom nesse desenvolvimento (e isso é macabro de se dizer, mas refiro-me ao evento como sendo literalmente bom) é o matadouro humano localizado no navio/nave espacial dos Piratas de Almas. Colfer não explora tão detalhadamente o local, apenas o necessário, mas desse pouco que nos descreve daquilo que os piratas faziam com os corpos das pessoas que sequestravam é tenebroso. Nesse quesito, o conto ganha ares de uma narrativa de terror.

O Epílogo da história traz a leveza das páginas iniciais (embora eu ainda mantenha a minha colocação de que essa postura mais solta do 1º Doutor não condiz muito com o que tínhamos à época em que ocorre o seu encontro com Ian e Barbara, 63 anos depois) e uma inventiva referência a James Matthew Barrie, que ao ver o Doutor, Susan e as crianças no céu, pensa ser esta uma grande inspiração para uma história, e escreve, a partir dessa imagem, aquela que seria a sua obra-prima (coisa que Colfer deixa nas entrelinhas): Peter Pan.

Apesar de ser bastante irregular em seu desenvolvimento e alterar um pouco a personalidade do 1º Doutor, ao menos na leveza de ação, não necessariamente nos diálogos, onde o Time Lorde sempre parece resmungar, Uma Mãozinha Para o Doutor é uma leitura divertida e que certamente trará muitas coisas para qualquer whovian pensar e discutir, mas infelizmente, a maior parte delas, não muito geniais.

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Eoin Colfer fala sobre o projeto

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