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Crítica | Cães Selvagens

por Guilherme Coral
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estrelas 1,5

  • Crítica publicada originalmente no dia 10/10/16, como parte da cobertura do Festival do Rio 2016.

Paul Schrader tem uma ilustre carreira como roteirista, sendo responsável pelo roteiro de filmes como Touro Indomável e Taxi Driver. Como diretor, o cineasta também nos trouxe algumas obras de renome, como Temporada de Caça. Dog Eat Dog, contudo, não consegue acrescentar muito de positivo à sua carreira. Temos aqui um filme com os moldes de um game da franquia Grand Theft Auto, que, inclusive herda muito do mais recente, GTA V, em virtude de seus três personagens principais, sendo um deles um maluco completo. Apesar de nos divertir em alguns momentos, o longa-metragem se configura como uma verdadeira bagunça, que pouco consegue nos engajar, seja pelos seus personagens ou pela sua trama.

A história gira em torno de Troy (Nicolas Cage), Mad Dog (Willem Dafoe) e Diesel (Christopher Matthew Cook), três ex-condenados que acabaram de sair da prisão. Sem muita alternativa de se sustentarem, eles recorrem a Grecco (Paul Schrader), um mafioso de Cleveland, a fim de conseguirem algo para viver. Oferecidos uma ousada missão, envolvendo o sequestro de um bebê, eles te a única opção de saírem vitoriosos ou morrerem. O problema é que Mad Dog, como já é evidenciado pelo seu próprio nome, não é uma pessoa muito estável, o que pode leva-los a um desastre completo.

Com um início focado unicamente no personagem interpretado por Willem Dafoe, já temos uma ideia do grau de loucura que iremos presenciar ao longo da projeção. Uma mistura de drogas e violência é o que vemos nesse prólogo, já demonstrando a imprevisibilidade da trama. Não que a linha principal não seja bastante óbvia, o que foge de nossas expectativas é justamente a forma como as coisas dão erradas. Essas surpresas oferecem uma boa dose de humor negro ao longa-metragem, o que, de fato, se categoriza como um dos principais atrativos do filme.

A atuação de Dafoe, como de costume, não deixa a desejar e nos traz um retrato perturbador da loucura, que ora nos assusta, ora nos traz boas risadas em virtude de sua bipolaridade – em um momento ele está rindo, no outro chorando e logo em cima em uma demonstração de raiva descontrolada. Com seu sorriso sempre desconcertante, Dafoe nos entrega algo muito parecido ao Trevor de Grand Theft Auto V. Nicolas Cage também, surpreendentemente, não decepciona com uma atuação mais contida que foge de seus ridículos espasmos aos quais estamos acostumados.

Nossa imersão, todavia, logo se perde na segunda metade do longa, que abusa de um ritmo mais lento com personagens que, de fato, não foram construídos em nenhum momento. Sabemos de seus passados, mas nada além disso – tudo é muito superficial. Além disso, o desfecho é exageradamente prolongado, nos fazendo torcer pelos créditos finais – inúmeras cenas são completamente desnecessárias, não nos oferecem nada de construtivo e apenas estendem o que já soa grande, apesar do filme só contar com 93 minutos. A obra logo se configura como uma experiência enfadonha que nada nos traz apenas violência gratuita.

Dog Eat Dog é o típico filme que gostaria de ser algo maior do que conseguiu ser. Com um elenco que não decepciona, temos aqui um roteiro repleto de situações desnecessárias e um ritmo que desanda completamente na segunda metade da projeção. Com personagens mal desenvolvidos, trata-se de um longa-metragem que não consegue nos imergir em sua narrativa, sendo completamente dispensável.

Dog Eat Dog — EUA, 2016
Direção:
 Paul Schrader
Roteiro: Matthew Wilder (baseado no livro de Edward Bunker)
Elenco: Nicolas Cage, Willem Dafoe, Christopher Matthew Cook, Omar J. Dorsey, Paul Schrader, Louisa Krause
Duração: 93 min.

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