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Crítica| Doutor Estranho: O Mago Supremo

por Pedro Cunha
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O Doutor Estranho não é um dos personagens mais famosos da Marvel, mesmo que ele tenha o título de um dos heróis mais poderosos de toda a editora, Steven nunca foi tratado como uma prioridade. Talvez seja por isso que em 2007 a casa das ideias decidiu lançar uma animação que conta a história de origem do rei da magia.

Como a intenção da animação era de revitalizar o herói, sua trama principal é um tanto quanto previsível. Acompanhamos durante os 76 minutos a soberba de Strange, seu acidente e a falência de suas mãos. Vemos o médico desesperado por uma cura, gastando toda a sua fortuna para voltar a ser quem era.

Nota-se algumas diferenças na história da animação e dos quadrinhos. Aqui vemos que o doutor já tinha tido um pequeno contato com eventos sobrenaturais antes de vestir o manto do mago. Porém, o diferente termina aí, toda a origem do personagem é muito bem adaptada durante toda a animação. Somos apresentados ao Mago Supremo, Dormammu, Mordo e até o leal Wong.

A trama do longa é um pouco infantilizado. Hoje em dia, não se pode mais usar a palavra infantil quando estamos falando de animação. Vemos títulos como Zootopia, Divertida Mente e muitos outros filmes do gênero ultrapassando esse rótulo e entregando tramas reflexivas e profundas. Porém o filme em questão é de 2007, o que hoje é regra, na época ainda era exceção.

Usar o ano de lançamento do filme como escudo não é uma defesa muito boa para a falta de profundidade do roteiro. Doutor Estranho sempre foi um personagem que exigiu grande dilemas, entregar algo do personagem que não mergulha em seu universo é o mesmo que realizar uma produção fria.

Um filme frio, esse talvez seja o significado para essa animação, somos apresentados aos personagens, porém o mundo da magia não é muito bem inserido durante o longa. Vemos os magos conjurando muitos feitiços de criar espadas e poucos de qualquer outras coisas. Até o olho de Agamotto, peça fundamental para o personagem, é muito porcamente apresentado.

Os diretores do filme se preocuparam mais em manter os estímulos visuais do que em desenvolver partes como, o treinamento, elementos e lugares (tanto dimensões como físicos). Acompanhamos o Barão Mordo conjurar muitas armas, mas não somos apresentados de uma forma decente para seu conflito pessoal, tornando a “queda para o lado negro” do personagem muito rasa.

Mas nem só do ruim vive a animação, a trilha sonora do filme tenta transmitir toda a profundidade que o roteiro não mostra. Por muitas vezes as notas conseguem cumprir essa missão, ouvimos sons de violinos chorando a tragédia do protagonista, e até nota-se algumas semelhanças da trilha com o que foi criado por John Williams para Harry Potter.

Se a trilha é motivo de destaque, a animação não é. Steve Ditko carimbou o estilo visual do mago desde sua primeira fase. Nos traços do gênio vimos uma arte maluca e maravilhosa, junto com Stan Lee, o desenhista foi responsável por construir todo o universo mágico, não só do herói, mas de toda a Marvel. Criar para o Estranho dá uma falsa liberdade criativa, deve-se viajar a fim de representar toda a loucura das dimensões. Porém não é cabido entregar uma “piração” fora dos padrões do Doutor, pode criar, mas não fuja muito das cores e do estilo feito por Ditko.

No longa vemos o pior dos casos quando o assunto é arte, não somos apresentados a algo novo e não revistamos o antigo. Lidar com uma animação já é iniciar com uma vantagem visual, o desenho permite que o time de criação exploda na arte, com cores e traços que um filme live-action não pode usar. Todavia, o time de animadores não empolga em nenhum momento do filme, o longa não tem as características já citadas que uma arte do personagem deve ter, vemos uma ou duas criaturas diferentes, mas nada digno de se dar nota.

A animação de Doutor Estranho é muito ciclotímica, ao mesmo tempo que vemos uma ótima adaptação da origem do personagem, somos apresentados à algo falho, que poderia ser muito mais profundo. Steven é um personagem que possui muitas camadas, suas histórias são lotadas de conflitos que fazem o leitor sentir o peso do “sim” ou do “não” do Doutor. No final do longa, o espectador entende a história do protagonista, porém não sabe o que o herói é e muito menos o que ele representa. Não se pode ter preguiça em contar suas aventuras, afinal, não é à toa que o mago tem o título de supremo.

Doutor Estranho: O Mago Supremo ( Doctor Strange: The Sorcerer Supreme) – EUA, 2007
Direção: Patrick Archibald, Jay Oliva, Richard Sebast
Roteiro: Greg Johnson
Música: Guy Michelmore
Elenco: Bryce Johnson, Paul Nakauchi, Michael Yama, Kevin Michael Richardson, Jonathan Adams, Fred Tatasciore, Susan Spano, Tara Strong
Duração: 76 min.

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