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Crítica | Drácula (1931) – Versão de George Melford

por Luiz Santiago
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Esta versão de Drácula (1931), dirigida por George Melford e falada em espanhol, foi parte de uma iniciativa da Universal para atender ao público latino que, desde o advento do som no cinema, reclamava das legendas (ah, o velho problema das legendas!) e tinham o “inconveniente” de as dublagens à época serem raras (coisa que infelizmente mudou bastante com o passar do tempo).

O filme foi a “versão espanhola” do clássico homônimo dirigido por Tod Browning e com Bela Lugosi no elenco, uma verdadeira aposta da Universal para o ano de 1931 que se revelou um marco no gênero terror e ajudou a fixar a imagem de “especialista em filmes de terror” que o estúdio cultivaria intensamente dali para frente.

Em essência, a versão de George Melford é uma refilmagem da obra de Tod Browning, com a diferença de que o elenco aqui é latino, algumas mudanças foram feitas no roteiro e a cenografia e fotografia são muitíssimo melhores. O mais interessante nesse ponto é que a equipe latina filmou exatamente nos mesmo cenários e com o mesmo equipamento que a equipe americana, o que nos dá uma visão clara de como a mudança de diretor pode alterar o resultado final de obras feitas com o mesmo material e sob as mesmas condições.

Todavia, ter uma equipe técnica melhor e resultados estéticos notáveis não fez do Drácula de George Melford um filme melhor que o de Tod Browning. O motivo? O simples fato de o elenco ser tremenda e absurdamente ruim e o fato de a montagem não saber orquestrar em momento algum o silêncio, os diálogos e os sons do ambiente, tornando a edição e mixagem sonoras dois grandes obstáculos bizarros da fita. Ao lado dos movimentos suspensos, trejeitos toscos e maneirismos dos atores, esses elementos fazem dessa versão de Drácula um misto de comédia inapropriada e extrema chatice.

Como já foi dito antes, a direção de arte e a fotografia são dois excelentes acertos da obra, gerando planos e sequências realmente impressionantes, tanto pelos esforços para gerar “efeitos”, quanto pela sua beleza. Mas o mesmo diretor que conseguiu orquestrar esses bons momentos não acertou a mão com os atores e nem com a montagem, o que colocou a perder os melhores momentos da produção.

Se o filme ainda tivesse a mesma duração que o de Browning, talvez fosse possível aturá-lo, já que os enormes tropeços do elenco e o texto falho (quando presente) estariam no filme em menor quantidade. Mas a adaptação adicionou muitos minutos a mais, o que significa que o espectador é obrigado a ver um suposto desenvolvimento de uma história de terror onde o verdadeiro medo que se tem é que o filme fique ainda pior. Ao menos na versão de Browning, a presença de Lugosi no elenco e o excelente papel de Dwight Frye coroavam a obra e, mesmo que não assustassem, criavam uma atmosfera macabra, algo que não acontece efetivamente aqui.

Talvez para um espectador que não tenha visto a “versão americana“, esse Drácula seja um filme válido. Concordo que há sim um bom número de acertos na obra, mas a parte que deveria completar sua essência não funciona, o que gera, ao final, um resultado bonito, mas mal atuado, mal escrito e mal dirigido. Definitivamente não fará falta na lista de filmes assistidos de nenhum cinéfilo.

Drácula (Dracula) – EUA, 1931
Direção: George Melford, Enrique Tovar Ávalos (não creditado)
Roteiro: Baltasar Fernández Cué, Garrett Fort, Dudley Murphy, John L. Balderston, Hamilton Deane (adaptação do livro de Bram Stoker).
Elenco: Carlos Villarías, Lupita Tovar, Barry Norton, Pablo Álvarez Rubio, Eduardo Arozamena, José Soriano Viosca, Carmen Guerrero, Amelia Senisterra, Manuel Arbó
Duração: 104 min.

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